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Mata Atlântica terá plano próprio de combate ao desmatamento pela primeira vez

Após revisão do PPCDAm, governo prepara ações específicas para todos os biomas brasileiros, o que antes só existia para Amazônia e Cerrado

(Bússola/Divulgação)

Depois do anúncio sobre as ações de combate ao desmatamento na Amazônia, o Ministério do Meio Ambiente prepara planos específicos para atuação no Cerrado, na Mata Atlântica, Pantanal, Caatinga e Pampa. Pela primeira vez, o Brasil terá um Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento (PPDCD) para cada um dos seus biomas. O objetivo é que até agosto todos os planejamentos sejam publicados.

— Antes só existia planos de ação para a Amazônia e Cerrado. Para a Mata Atlântica será algo inédito — explicou Jair Schmitt, diretor de proteção ambiental do Ibama.

O Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia Legal (PPDCDAm) foi um programa de êxito no primeiro mandato de Lula e que conseguiu derrubar as então taxas de desmatamento na Amazônia. O plano seguiu em curso até o governo de Michel Temer, mas foi extinto durante o governo de Jair Bolsonaro, assim como o PPCerrado.

Agora, além de retomar os planos que já existiam, o governo vai lançar ações para os outros biomas. Nesta segunda (5), ao lado da ministra Marina Silva, o presidente Lula explicou parte das operações que serão realizadas na Amazônia. Como O GLOBO publicou, o novo PPCDAm prevê a contratação de 1600 fiscais, a contração de aeronaves e até o uso de Inteligência Artificial para monitoramento do desmatamento.

Desmatamento em alta no Cerrado

O próximo plano a ser anunciado deve ser o PPCerrado. Ainda não há detalhes sobre o conteúdo, mas sabe-se que os desafios serão grandes. Nesta quarta (7), foram anunciados novos dados de desmatamento captados pelo sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

No Cerrado, a área desmatada de janeiro a maio deste ano foi de 3.523 km², 35% maior que o captado no mesmo período em 2022 )2.612 km²). Os estados com maior desmatamento são Bahia, Maranhão, Piauí, Tocantins, Mato Grosso e Pará.

— No Cerrado há muita área de desmatamento autorizada pelos estados. Por isso, quase metade acaba sendo desmatamento legal, então precisamos de um olhar diferenciado e definir as políticas — disse Schmitt.

Mata Atlântica sob ataque legislativo

Nesta segunda (5), Lula também anunciou o veto de trechos da MP da Mata Atlântica, aprovada pelo Congresso, que flexibilizariam as permissões para desmatamentos no bioma, como nas hipóteses de instalação de “linhas de transmissão, sistemas de transporte de gás natural e sistemas de abastecimento público de água, localizados na faixa de domínio e servidão de ferrovias, estradas, linhas de transmissão, minerodutos e outros empreendimentos”. O texto ainda retirava diversas obrigações de medidas compensatórias.

Segundo o Atlas da Mata Atlântica, restam cerca de 12% da cobertura florestal original do bioma. No entanto, um novo sistema, desenvolvido pelo Mapbiomas e a SOS Mata Atlântica, aponta o dobro de porção remanescente: 24%. O novo número se explica porque a ferramenta permite a identificações de florestas menores que 2 hectares, ou seja, não só adultas, mas também as jovens e as em regeneração.

O último resultado do Inpe mostrou desmatamento de 20.075 hectares na Mata Atlântica, entre outubro de 2021 e outubro de 2022, equivalente a aproximadamente 20 mil campos de futebol. O número é 7% menor que o desmatamento ocorrido no ciclo anterior (21.642 hectares), mas 76% maior que o desmatamento entre 2017 e 2018 (11.399 hectares). Ou seja, o patamar continua alto.

Quase todos ministérios envolvidos

Em fevereiro, o governo lançou sua Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas no Brasil (PPCD), que será a responsável pela elaboração dos planos para os biomas. O trabalho envolve 19 ministérios, em um trabalho intersetorial. Enquanto órgãos ambientais e de segurança precisam planejar ações mais diretas de repressão, outras pastas como os da Agricultura e Pecuária e a do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar vão pensar alternativas de fomento à produção sustentável.

A presidência da comissão é do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Os ministérios envolvidos são:

O PPCD vai integrar ações de 19 ministérios e será presidido pelo ministro Ruy Costa, da Casa Civil. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima será responsável pela secretaria executiva da Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento. Também participam Agricultura e Pecuária; Ciência, Tecnologia e Inovação; Justiça e Segurança Pública; Integração e do Desenvolvimento Regional; Relações Exteriores; Defesa, Fazenda, Planejamento e Orçamento; Minas e Energia; Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; Pesca e Aquicultura; Trabalho e Emprego; Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; Transportes; Povos Indígenas; Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

Metas do PPCDAm

A nova versão do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), aposta do governo Lula para reduzir as taxas de desmatamento no bioma, foi lançada na última segunda-feira, 5. Com centenas de ações e 17 ministérios envolvidos, o plano traz metas para reforçar e ampliar a estrutura de fiscalização na região. Veja algumas das metas do plano:

  • Fiscalizar 30% da área desmatada ilegalmente identificada pelo Prodes consolidado do último ano
  • Embargar 50% da área desmatada ilegalmente identificada pelo Prodes consolidado do último ano em Unidades de Conservação federais
  • Aumentar 10% o nº de Autos de Infração Ambiental julgados em primeira instância/ano em relação a 2022
  • Instaurar 3500 processos administrativos por ano para apuração de infrações administrativas contra a flora na Amazônia
  • Ingressar com 50 ações civis públicas (ACPs) por ano, para cobrar a reparação de danos contra a flora amazônica
  • Estruturar 10 bases estratégicas para atuação multiagências no combate aos crimes e infrações ambientais na Amazônia
  • Criar 4 novas delegacias descentralizadas da Polícia Federal (Tefé – AM, Humaitá – AM, Juína – MT e Itaituba – PA) (até 2024)
  • Contratar 1600 analistas ambientais por meio de concurso público, para atuação no combate ao desmatamento até 2027
  • Criar uma base aerotática na Amazônia (2024)
  • Adquirir/locar 6 aeronaves para apoiar operações da Polícia Federal (2024)
  • Contratar 4 aeronaves de asa rotativa para auxiliar nas operações de combate ao desmatamento e incêndios
  • Aprimorar o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) por meio da inclusão de inteligência artificial (2027)
  • Suspender/cancelar 100% dos registros irregulares de CAR sobrepostos a terras públicas federais e notificar detentores de registro no CAR com desmatamento ilegal via SICAR de acordo com prioridade por área e tamanho de desmatamento

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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