Mundo
Maduro e oposição venezuelana assinam acordo; em resposta, EUA relaxa sanções
Após acordo de Maduro, Estados Unidos responderam imediatamente flexibilizando suas restrições petroleiras contra Venezuela
O governo de Nicolás Maduro e a oposição da Venezuela assinaram um acordo neste sábado (26) no México para liberar fundos bloqueados por sanções, ao que os Estados Unidos responderam imediatamente flexibilizando suas restrições petroleiras contra o país sul-americano.
Após o tratado, que marcou a reativação das negociações após 15 meses de suspensão, o governo do presidente americano, Joe Biden, autorizou a gigante energética Chevron a retomar parcialmente suas atividades de extração de petróleo na Venezuela.
Delegados de Maduro e da oposição concordaram em “fazer todas as gestões com as autoridades e instituições, nacionais e estrangeiras, públicas e privadas, correspondentes para obter recursos legítimos da República que estão congelados no sistema financeiro internacional”, para utilizá-los em projetos sociais.
Pedem apoio à ONU, “incluindo a concepção, estabelecimento e implementação de um único fundo fiduciário” para o qual esses recursos iriam “progressivamente”, de acordo com o documento, lido por Dag Nylander, representante da Noruega, que atua como país facilitador dos diálogos.
“Identificamos um conjunto de recursos pertencentes ao Estado venezuelano, congelados no sistema financeiro internacional, aos quais é possível acessar”, continua o texto. “Tais recursos (se forem desbloqueados) serão progressivamente incorporados como contribuições ao fundo.”
Não foi informado o valor desses recursos, que segundo o texto serão destinados a investimentos nos sistemas de saúde e educação, na recuperação de serviços básicos como energia elétrica e no atendimento à crise gerada pelas chuvas, que causaram inundações e deslizamentos de terra.
“Direção certa”
Ainda estão pendentes na mesa questões centrais como as próximas eleições presidenciais, marcadas para 2024, já que a principal exigência da oposição tem sido definir a data e as condições para essas eleições, depois de acusar Maduro de fraudar a votação em 2018.
De qualquer forma, uma autoridade do alto escalão do governo dos EUA elogiou o acordo, declarando que ele marca “passos importantes na direção certa”.
De acordo com o Departamento do Tesouro, a Chevron pode retomar parcialmente as atividades da empresa da qual é co-proprietária com a estatal Petróleos de Venezuela (PdVSA), desde que garanta que “a PdVSA não receberá nenhuma receita com as vendas de petróleo feitas pela Chevron”.
Essa suspensão parcial das disposições punitivas “reflete a política de longo prazo dos EUA que visa um levantamento das sanções sujeito a progressos concretos” que diminuirão o sofrimento do povo venezuelano e permitirão “apoiar o retorno da democracia” à Venezuela, comentou o Tesouro.
O Departamento de Estado, por sua vez, informou que as demais sanções continuam em vigor e que os Estados Unidos continuarão a aplicá-las “vigorosamente”.
A Venezuela está sob sanções dos Estados Unidos e da Europa, adotadas para promover a saída de Maduro do poder, mas sem os resultados desejados. Enquanto isso, cerca de sete milhões de pessoas já emigraram do país sul-americano devido à sua crise política e econômica, segundo a ONU.
Maduro e Washington tiveram contatos diretos após a invasão russa da Ucrânia e seu impacto nos preços do petróleo.
O governo americano já admitiu publicamente que o petróleo venezuelano pode ser útil num mercado internacional com preços elevados e contexto de forte inflação nos Estados Unidos devido, em grande medida, ao aumento dos preços dos combustíveis.
“Vitória da política”
O chanceler mexicano, Marcelo Ebrad, celebrou o acordo como uma “vitória da política” e “uma esperança” para a América Latina.
O governo venezuelano e a oposição começaram as negociações no México em agosto de 2021, após iniciativas fracassadas em 2018 na República Dominicana e em 2019 em Barbados. Porém, Maduro as congelou dois meses depois pela extradição para os EUA do empresário Alex Saab, processado por lavagem de dinheiro.
O chavismo incluiu agora em sua equipe de negociação Camila Fabri, esposa de Saab, cuja incorporação à mesa é exigida pelo presidente.
O tempo serviu para Maduro se oxigenar, enquanto o líder da oposição Juan Guaidó se deteriorou desde que, invocando sua condição de líder do Parlamento, se autoproclamou “presidente interino” da Venezuela em 2019 com o apoio de 50 países, incluindo os EUA, que não reconheceram a reeleição do socialista.
O poder de Guaidó para convocar protestos caiu e, internacionalmente, países como os vizinhos Colômbia e Brasil se voltaram para a esquerda.
Mundo
Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas
Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”
Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.
A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.
A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.
Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.
Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.
A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.
Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.
No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.
O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.
“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.
“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.
Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.
Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.
Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
versão original
Mundo
Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano
Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra
Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.
Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.
Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.
Mundo
Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder
País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando
Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.
A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.
Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.
Como funcionam as eleições?
O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.
Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.
Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.
O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.
Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.
O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.
A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.
O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.
Quem é Keir Starmer?
O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.
Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.
Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.
O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.
Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.
Quando saíram os resultados?
Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.
Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.
Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.
Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.
De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.
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