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Kiev coloca Brasil em posição delicada ao convidar para ‘Cúpula da Paz’ unilateral, diz analista

Chefe de gabinete de Zelensky diz querer Brasil em cúpula para implementar plano de paz de Kiev. Para analista ouvido pela Sputnik Brasil, Ucrânia quer reverter estigma de país belicoso perante a opinião pública e maquiar apoio do Sul Global à cúpula.

© AP Photo / Yves Herman

Nesta segunda-feira (12), o chefe de gabinete da presidência da Ucrânia, Andrei Yermak, declarou intenção de convidar o Brasil para participar da Cúpula da Paz promovida por Kiev. Segundo ele, Brasília poderá ter papel de liderança nos debates sobre questões ambientais.
“Estamos trabalhando na organização da primeira Cúpula Internacional da Paz para discutir a fórmula proposta pelo presidente [da Ucrânia, Vladimir] Zelensky”, disse Yermak, em entrevista à CNN Brasil. “Queremos ver o Brasil como um dos líderes da implementação do nosso plano de paz.”
A Cúpula proposta por Kiev terá como objetivo garantir apoio internacional ao seu plano de paz composto de dez pontos, apresentado durante a cúpula do G7, realizada no Japão no mês de maio.
De acordo com o The Wall Street Journal, líderes europeus apoiam a realização da cúpula, que poderá ser sediada pela Dinamarca. Em maio, o primeiro-ministro dinamarquês solicitou, no entanto, que países do Sul global, como China, Índia e Brasil também estejam representados, conforme reportou a Reuters.
Um mês após o pedido dinamarquês, o assessor do presidente Zelensky, Andrei Yermak, requisita a participação brasileira na conferência através da imprensa. De acordo com a CNN Brasil, o Itamaraty ainda não recebeu convite formal para o evento.
De acordo com o jornalista Lucas Leiróz, o objetivo de Kiev ao promover a cúpula é resgatar sua legitimidade internacional e afastar o estigma de parte desinteressada na paz.
“Atualmente, tem crescido a visão de que a Ucrânia, em parceria com o Ocidente, é a parte que mais impulsiona o conflito e tem interesse em continuá-lo até as últimas consequências”, disse Leiróz.
No curso de sua contraofensiva, a Ucrânia realizou diversos ataques a alvos civis, inclusive em territórios não contestados dentro da Rússia. Para o jornalista, esses ataques reforçaram a visão da opinião pública de que Kiev é uma parte “extremamente belicosa”.
Equipamento militar destruído usado pelas tropas ucranianas em seu malfadado ataque à região russa de Belgorod - Sputnik Brasil, 1920, 13.06.2023
Equipamento militar destruído usado pelas tropas ucranianas em seu malfadado ataque à região russa de Belgorod
“Com a cúpula, Kiev quer forçar a visão contrária: a de que, de alguma forma, a Ucrânia busca a paz”, considerou Leiróz.
No entanto, a ausência da Rússia na cúpula inviabiliza a possibilidade de resultado concreto rumo à paz, acredita o jornalista.
“Com a ausência de uma das partes beligerantes, nenhuma negociação de paz é possível”, disse Leiróz. “Porém, a cúpula servirá para aumentar a retórica ocidental e ucraniana de que Kiev busca também uma solução pacífica, o que sabemos não ser verdade.”
Estender o convite a países do Sul Global seria uma forma de Kiev reforçar sua posição dentre os países emergentes, ainda que de maneira “meramente simbólica”.
Presidente ucraniano, Vladimir Zelensky (à esquerda) sorri para seu homólogo norte-americano, Joe Biden, durante visita à Casa Branca. Washington, EUA, 21 de dezembro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 13.06.2023
Presidente ucraniano, Vladimir Zelensky (à esquerda) sorri para seu homólogo norte-americano, Joe Biden, durante visita à Casa Branca. Washington, EUA, 21 de dezembro de 2022
“A Ucrânia fica cada vez mais isolada dos interesses dos países emergentes e vista como um mero instrumento do imperialismo ocidental, usado contra a Rússia”, notou Leiróz. “Então o interesse ucraniano com esse convite a países do Sul Global é inseri-los no diálogo, mesmo que de forma um tanto maquiada.”

Posição do Brasil

Durante sua entrevista, o chefe de gabinete de Zelensky fez menções elogiosas ao Brasil, fazendo votos para que Kiev e Brasília reforçassem suas relações bilaterais.
“A Ucrânia quer muito uma parceria estratégica com o Brasil. E estamos prontos para fazer tudo o que depende de nós para atingir esse objetivo”, afirmou Yermak.
As declarações contrastam com a descortesia cometida por Zelensky em relação ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a reunião do G7 do Japão. Na ocasião, Zelensky solicitou uma reunião com Lula, mas posteriormente não compareceu no local e hora acordados.
Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, discursa durante encontro bilateral às margens da Cúpula do G7 com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, em Hiroshima, Japão, 20 de maio de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 13.06.2023
Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, discursa durante encontro bilateral às margens da Cúpula do G7 com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, em Hiroshima, Japão, 20 de maio de 2023
Para Leiróz, o Brasil deverá coordenar com demais parceiros do Sul global a sua decisão sobre envio de representantes à cúpula proposta por Kiev.
“Não acredito que o Brasil agiria sozinho. O Sul global deve entrar de forma mais unificada nessa cúpula, aderindo ou não às propostas”, considerou Leiróz.
O especialista nota que as principais iniciativas de paz para o conflito ucraniano são oriundas de países do Sul global, como China, Brasil, África do Sul e Egito.
“Mas essas iniciativas sempre levaram em conta os interesses de ambos os lados. Já essa cúpula ucraniana não demonstra interesse nenhum em ouvir a Rússia”, notou Leiróz. “Isso deixa o Brasil em uma posição bastante delicada.”
Ainda que o Sul global aceite participar da cúpula, dificilmente esses países “endossariam uma posição oficial unilateral e ucraniano-ocidental. O Sul global vai evitar endossar posições que não levem em conta o posicionamento russo”, concluiu Leiróz.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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