Mundo
Justiça fixa fiança de US$1 mi para policial acusado de matar George Floyd
O ex-agente, de 44 anos, foi filmado no dia 25 de maio pressionando o joelho contra o pescoço de George Floyd por quase nove minutos
Uma fiança de pelo menos um milhão de dólares foi estabelecida nesta segunda-feira (8) na primeira apresentação à justiça do ex-policial americano Derek Chauvin, acusado do assassinato de George Floyd que abalou os Estados Unidos e o mundo.
O ex-agente, de 44 anos, detido em uma prisão de alta segurança do estado de Minnesota, apareceu após o meio-dia em uma roupa de prisioneiro laranja em uma tela de um tribunal em Minneapolis, norte dos Estados Unidos.
Chauvin, que foi filmado em 25 de maio pressionando o joelho contra o pescoço de Floyd por quase nove minutos, até que Floyd, algemado, parou de respirar, foi acusado na semana passada de homicídio em segundo grau, homicídio em terceiro grau e homicídio culposo.
Na breve audiência por videoconferência, a juíza do condado de Hennepin, Jeannice Reding, estabeleceu a fiança de Chauvin em US$ 1 milhão com várias condições, ou US$ 1,25 milhão sem elas, se ele quiser ser libertado antes do julgamento.
Seu advogado, Eric Nelson, não se opôs a essa quantia, que seu cliente provavelmente não poderá pagar.
O cumprimento das condições exigiria que Chauvin entregasse suas armas de fogo, não trabalhasse mais na aplicação da lei ou segurança em qualquer posição, e não tivesse contato com a família de Floyd.
O procurador do Estado, Matthew Frank, solicitou uma fiança elevada, considerando que Chauvin apresenta risco de fuga devido à seriedade das acusações e à forte reação do público ao caso.
As partes concordaram em se reunir em uma próxima audiência em 29 de junho, que abordará os méritos do caso pela primeira vez.
Três outros policiais, que presenciaram a detenção de Floyd, foram detidos e estão sendo processados por cumplicidade. Junto com Chauvin, eles foram demitidos do Departamento de Polícia no dia seguinte à morte do afro-americano.
“Lei e ordem”, insiste Trump
Em Washington, cerca de vinte parlamentares democratas liderados pela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e pelo líder da minoria do Senado, Chuck Schumer, se ajoelharam em silêncio por 8 minutos e 46 segundos, o mesmo tempo em que Chauvin imobilizou Floyd.
O tributo, realizado no Emancipation Hall, que homenageia os escravos que ajudaram a erguer o Capitólio, ocorreu antes da apresentação de um projeto de lei que visa “acabar com a brutalidade policial”.
A “Lei para as Práticas Policiais Justas” tem, no entanto, poucas chances de ser aprovada no Senado, onde os republicanos são maioria. E o presidente Donald Trump, que respondeu duramente aos protestos, também não parece favorável a aprová-la.
“LEI E ORDEM, NÃO DESFINANCIEM E ACABEM COM A POLÍCIA. Os democratas radicais de esquerda enlouqueceram!”, escreveu o presidente no Twitter.
“Há uma razão para que haja menos crimes. É porque a lei é aplicada”, disse ele mais tarde durante uma mesa redonda com policiais na Casa Branca.
“Não haverá subfinanciamento, não haverá desmantelamento da polícia”, afirmou.
Em todo o país, dezenas de milhares de pessoas, brancas e negras, unidas contra o racismo e a violência policial, encheram as ruas neste fim de semana de forma pacífica, nos maiores protestos contra o racismo desde a morte de Martin Luther King Jr., em 1968.
Nos seus cartazes, junto com o lema “Black Lives Matter”, havia vários com pedidos pelo fim do financiamento da polícia.
“Os democratas na Câmara e no Senado hoje dizem: ‘Nós vemos vocês, ouvimos vocês, estamos agindo’”, afirmou o congressista de Nova York, Steny Hoyer.
Porém, a legislação proposta pelos democratas não faz referência à interrupção do financiamento da polícia. O candidato presidencial democrata, Joe Biden, provável rival de Trump nas eleições de novembro, divulgou uma declaração rejeitando categoricamente essa ideia.
No domingo, o município de Minneapolis prometeu demolir o Departamento de Polícia para refazê-lo completamente, algo que o prefeito Jacob Frey disse à AFP não ser a favor.
Despedida em Houston
Em um mundo abalado pela pandemia, que aumentou ainda mais as desigualdades sociais, de Paris ao Reino Unido, da Austrália ao Brasil, a revolta pela morte de Floyd ultrapassou as fronteiras americanas.
Em Houston, onde Floyd cresceu e onde será enterrado na terça-feira junto de sua mãe, centenas de pessoas esperavam pacientemente sob um calor sufocante para se despedirem dele.
Na igreja Fountain of Praise, a emoção era visível, apesar das máscaras que cobriam os rostos daqueles que passavam na frente do caixão dourado com a gaveta aberta.
Alguns fizeram o sinal da cruz, outros se ajoelharam, muitos inclinaram a cabeça em sinal de recolhimento.
“Ele está nos unindo como um país”, disse Kevin Sherrod, de 41 anos. “Este é um momento especial da história, e eles se lembrarão de que fizeram parte”, acrescentou, acompanhado por sua esposa e dois filhos, de oito e nove anos.
Alguns vestiam camisetas estampadas com a frase “I can’t breathe” (Não consigo respirar), as últimas palavras ditas por Floyd. Outros erguiam o punho, um sinal de poder negro e solidariedade, diante do caixão.
Biden, que na segunda-feira teve a maior margem de vantagem sobre Trump na última pesquisa de intenções de voto realizada pela CNN (55% contra 41%), encontrou-se com familiares de Floyd em Houston.
“Ele sentiu sua dor e compartilhou da sua tristeza”, disse Benjamin Crump, advogado da família, destacando “o enorme significado” dessa compaixão.
Mundo
Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas
Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”
Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.
A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.
A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.
Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.
Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.
A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.
Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.
No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.
O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.
“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.
“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.
Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.
Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.
Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
versão original
Mundo
Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano
Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra
Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.
Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.
Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.
Mundo
Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder
País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando
Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.
A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.
Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.
Como funcionam as eleições?
O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.
Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.
Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.
O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.
Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.
O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.
A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.
O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.
Quem é Keir Starmer?
O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.
Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.
Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.
O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.
Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.
Quando saíram os resultados?
Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.
Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.
Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.
Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.
De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.
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