Brasília
Juíza bloqueia mais de R$ 159 milhões de Cabral, Pezão e Picciani
A decisão acata o pedido do MP do Rio em ação cívica de improbidade administrativa e atinge também outros três réus e os partidos MDB, PSD e PDT
A juíza Roseli Nalin, da 15ª Vara de Fazenda Pública do Rio de Janeiro, determinou o bloqueio e indisponibilidade de mais de 30 milhões de reais em bens e ativos de seis políticos, entre os quais os ex-governadores Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão e o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro Jorge Picciani por suspeita de improbidade administrativa.
A decisão liminar concorda com o pedido do Ministério Público estadual em ação civil pública de improbidade administrativa e, além dos nomes citados, atinge outros três réus e os partidos MDB, PSD e PDT. No processo que determinou o bloqueio mais recente, a procuradoria acusa Cabral e Pezão de editarem decretos de incentivos fiscais milionários aos grupos empresariais JBS, BRF, Petrópolis e Odebrecht.
Em contrapartida, as empresas teriam bancado a campanha de Pezão e do vice Francisco Dornelles ao Palácio Guanabara em 2014 — assim como a do deputado federal Marco Antônio Cabral, filho de Sérgio Cabral, à Câmara dos Deputados no mesmo ano.
O Ministério Público alega ainda que houve financiamento ilícito na campanha do deputado estadual e ex-secretário de Agricultura Christino Áureo por meio de doações ao diretório nacional do PSD, partido ao qual era filiado à época. Há também registros de pagamentos indevidos ao PDT durante as eleições.
Na decisão, a juíza Roseli Nalin explicou que os réus usaram a máquina estatal para beneficiar sociedades empresariais “com incentivos fiscais e financeiros em troca de propina”, sendo que parte desses recursos ilícitos foi utilizada em campanhas eleitorais. Segundo Roseli, a edição dos decretos se deu em “descumprimento dos requisitos constitucionais e legais” e sem análise técnica prévia que demonstrasse a necessidade dos incentivos concedidos”.
A juíza, no entanto, não determinou o bloqueio de bens de Francisco Dornelles, vice de Pezão. Segundo ela, não se comprovou “participação efetiva do candidato na prática de atos ímprobos”.
O inquérito civil instaurado para apurar as irregularidades revela que a JBS e o Grupo Petrópolis, por exemplo, doaram oficialmente 21,6 milhões de reais e 11,7 milhões de reais ao Comitê Financeiro Único do MDB em 2014. Ao apurar benefícios fiscais concedidos às duas empresas, foi descoberto que ambas foram beneficiadas com incentivos fiscais na ordem de 43,7 milhões e 166,9 milhões de reais, respectivamente.
No caso da JBS, o Ministério Público destaca as negociações de uma área desapropriada pelo governo estadual em 2011 para uso da BRF. O grupo empresarial chegou a concluir uma fábrica para produção de leite no local, mas desistiu do negócio. A instalação teria sido transferida para a JBS por Cabral e Christino sem o pagamento de nenhum valor ou indenização à BRF.
“Restou constatado nas investigações que a organização do então governador Sérgio Cabral teria recebido da JBS aproximados 30 milhões de reais em forma de doação eleitoral, por meio oficial e caixa 2. Desse valor, 25 milhões de reais teriam sido destinos à campanha de Luiz Fernando Pezão/Francisco Dornelles, por meio do Comitê Financeiro Único do Partido”, detalha a juíza Roseli.
Segundo ela, Cabral “atuou de forma determinante” nas negociações da BRF/JBS, “favorecendo-os com incentivos fiscais em detrimento do erário”.
A BRF, no entanto, não teria ficado no prejuízo, pois Cabral editou o decreto nº 44.658/14, concedendo benefícios fiscais incidentes sobre a principal atividade econômica do grupo: “operações com produtos cárneos”. A medida foi estendida e ampliada na gestão de Pezão. Segundo cálculos do Ministério Público, a renúncia fiscal da BRF já teria chegado a 190 milhões de reais.
Em relação ao Grupo Petrópolis, a procuradoria aponta a doação às campanhas de Pezão, Marco Antônio Cabral e Christino Áureo, não apenas como pagamentos de contrapartida por medidas de incentivos fiscais, mas também à obtenção de financiamento no valor “histórico” de 687 milhões de reais junto ao Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social (Fundes).
Outros esquemas na mira da ação civil contra Pezão e seu grupo político incluem os esquemas de pagamento de propinas revelados na Operação Ponto Final, deflagrada em julho de 2017. As vantagens indevidas foram entregues após a edição de decretos que reduziram em 100% a base de cálculo do ICMS na prestação de serviço intermunicipal de transporte de passageiros no Rio, levando a uma renúncia fiscal de 587 milhões de reais.
A Odebrecht, através de seu braço petroquímico Braskem, também é citada como beneficiária de um esquema semelhante de benefício fiscal por meio de aprovação de emendas em projetos de lei estaduais com “participação efetiva de Jorge Picciani”, então presidente da Alerj. A prática foi revelada na Operação Cadeia Velha, deflagrada em novembro de 2017, e levou o emedebista à prisão.
Na semana passada, em outra ação, a Justiça carioca autorizou o bloqueio de 45 milhões de reais do ex-governador Pezão por suposto recebimento de propinas de 11,4 milhões da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor).
Bloqueio nas contas
Nas contas bancárias, Pezão teve bloqueados 31 milhões; Sérgio Cabral Filho, 33 milhões; Jorge Picciani , 40 milhões; Hudson Braga, 31 milhões; Christino Áureo da Silva, 12 milhões e o deputado federal Marco Antônio Cabral, 12 milhões. A Justiça determinou também o bloqueio de 37 milhões do MDB, 900 mil do PDT e 25 mil do PSD.
Defesas
A reportagem busca contato com a defesa dos citados. O espaço está aberto para as manifestações. Fonte: Portal Veja
Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio
Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:
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A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.
A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.
Brasília
Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS
Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória
A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.
A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.
No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.
>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:
– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)
– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)
– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)
– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)
– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)
– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)
– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)
– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).
De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.
No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.
Por Agência Brasil
Brasília
Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.
Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.
O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.
Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.
Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.
O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.
Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.
Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.
A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.
O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.
SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR
O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.
O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.
A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.
O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.
A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.
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