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Janja deve atuar pelos direitos das mulheres no governo

Foto: Ricardo Stuckert

Socióloga feminista detesta o título de primeira-dama e já adiantou que deseja ser chamada de primeira-companheira

Semanas antes de Luiz Inácio Lula da Silva deixar a prisão em Curitiba, em novembro de 2019, a socióloga Rosângela Silva, 56 anos, já fazia planos para quando o petista recuperasse a liberdade. Na vigília montada ao lado da Superintendência da Polícia Federal, Janja, como é conhecida, brincava com as amigas militantes que a festa de casamento com o agora presidente eleito teria que acontecer no “Itaquerão”, o estádio do Corinthians, time do coração de Lula, em São Paulo.

A ideia de uma celebração grandiosa, em que ela e o marido seriam as principais estrelas, resume o gosto da futura primeira-dama do país pelo holofote. A socióloga será uma primeira-dama que detesta este título. Feminista, costuma dizer que rejeita a denominação dada à mulher do presidente da República por entender que o termo “dama” remete a “recatada e do lar”, e não a uma “mulher de luta”, como ela se define. Em um ato eleitoral no Rio, ela adiantou como quer ser chamada: primeira-companheira.

Durante a campanha, Janja deu outros sinais de que não aceita papel de coadjuvante ao assumir, por iniciativa própria, tarefas relevantes: participou das definições de estratégias com o núcleo duro petista, fez escolhas de agenda para Lula e tomou a frente de ações nas redes sociais. Ganhou até mesmo uma sala reservada no escritório político do Pacaembu, na Zona Oeste da capital paulista, e uma assessora para cuidar das suas atividades.

Durante a campanha, Janja deu outros sinais de que não aceita papel de coadjuvante ao assumir, por iniciativa própria, tarefas relevantes: participou das definições de estratégias com o núcleo duro petista, fez escolhas de agenda para Lula e tomou a frente de ações nas redes sociais. Ganhou até mesmo uma sala reservada no escritório político do Pacaembu, na Zona Oeste da capital paulista, e uma assessora para cuidar das suas atividades.

“Ela não é uma boneca”

Paranaense de União da Vitória, na divisa com Santa Catarina, Janja tem perfil oposto ao de Marisa Letícia, ex-mulher de Lula que foi primeira-dama entre 2003 e 2010 e morreu em 2017. Embora tenha participado da fundação do PT, na década de 1980, e acompanhado o marido durante toda trajetória política e sindical, Marisa tinha perfil reservado, com dedicação mais voltada à família.

Lula já adiantou que, diferentemente de outras primeiras-damas, Janja não vai assumir cargo na área da assistência social. Filiada ao PT desde os 17 anos, a socióloga deverá atuar em áreas que envolvam direitos das mulheres, segurança alimentar e proteção de animais. Independentemente da função, petistas são enfáticos ao afirmar que ela não topará ser figurativa.

— Ela não chegou agora como militante, não é uma boneca — afirmou a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ).

Questionado na campanha sobre o papel da primeira-dama no governo, Lula deu sinais de que ela vai escolher.

— Eu não perguntei para ela. Ela é uma jovem senhora que tem pensamento próprio, cabeça boa, às vezes melhor do que a minha. Ela terá a liberdade de pensar o que quer fazer para me ajudar — disse.

Ao longo da corrida eleitoral, a socióloga tentou influenciar o marido a incluir pautas feministas em seus discursos. Embora seja identificado como um político progressista, Lula tem histórico de declarações polêmicas, como quando usou o termo “grelo duro” ao se referir a mulheres do PT. Os conselhos de Janja, porém, não foram suficientes para evitar nova gafe. Durante comício em Belém no início de setembro, o ex-presidente disse que o homem deve “ir para a cozinha ajudar no serviço da mulher”, associando o trabalho doméstico a uma função feminina. Apesar dos tropeços do presidente eleito, Janja admitiu a amigas ter visto evolução. Se antes ele resistia a ouvir, agora, ao menos, tenta entender o motivo das críticas por falas machistas.

Desconforto no PT

Lu Alckmin, mulher do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), de quem Janja se aproximou durante a campanha, destaca outro aspecto da personalidade da nova primeira-dama:

— Os encontros com a Janja são sempre para cima, alegres. Sempre me recebeu muito bem.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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