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Irmã Dulce: menina que acolhia doentes aos 13 anos vira santa no domingo

Irmã Dulce será canonizada no domingo e se tornará a 37ª santa brasileira

Irmã Dulce: futura santa se encontrou com o papa João Paulo II e com Madre Teresa de Calcutá (Alfonso Lafita/ Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Em 7 de julho de 1980, quando o papa João Paulo II (1920-2005) visitava o Brasil pela primeira vez, ele celebrava uma missa campal em Salvador e chamou Irmã Dulce para o altar. Abençoou-a, deu a ela um terço e disse: “continue, Irmã Dulce, continue”. Então com 66 anos, a freira baiana já apresentava a saúde debilitada.

Suas obras continuaram. Persistente – para muitos, teimosa -, hábil em aproveitar as oportunidades e obstinada, a freira soube manter boas relações com políticos e empresários para que seus trabalhos assistenciais fossem mantidos e só ampliassem.

Em outubro de 1991, durante nova visita ao Brasil, João Paulo II foi visitar a freira no Convento Santo Antônio, onde ela já estava acamada – morreria em 13 de março de 1992, aos 77 anos.

Vinte e sete anos depois de sua morte, neste domingo, 13, ela se torna oficialmente santa, em missa celebrada por papa Francisco no Vaticano. Na história contemporânea da Igreja, pelos trâmites de canonização vigentes, é o terceiro caso mais rápido de canonização – o próprio João Paulo II tornou-se santo nove anos após a morte; Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), 19 anos depois.

“Houve um trabalho sempre contínuo, garantindo o belo resultado em pouco tempo”, avalia ao jornal O Estado de S. Paulo o padre Roberto Lopes, delegado Arquiepiscopal da Causa dos Santos do Rio de Janeiro e atualmente trabalhando em Roma.

Lopes comenta que “um processo contemporâneo é sempre mais fácil”. “A possibilidade de encontrar as testemunhas, montar o memorial, a documentação abundante bem organizada, tudo facilita”, pontua. “O testemunho de Irmã Dulce e seu legado é visível. O número de pessoas carentes atendidas no ambulatório (criado por ela) é plausível, admirado por todos.”

“Lembrando que o hoje santo João Paulo II, reconhecendo sua santidade, esteve com ela duas vezes. Outra santa recente, Madre Teresa de Calcutá, também esteve com ela”, cita padre Lopes. O trabalho de canonização, contudo, um rigoroso processo conduzido pelo Vaticano, depende de um fator importante: divulgação bem-feita. “A associação fundada pela Irmã Dulce fez um belo trabalho de divulgação, atendendo e enviando material”, acrescenta ele.

Padre José Ferreira Filho, da Arquidiocese de São Paulo, lembra que, pelas regras da Congregação para a Causas dos Santos, um processo de canonização só pode ser aberto cinco anos após a morte do candidato.

“No caso dela, já fazia oito anos, quando o processo começou, em 2000”, afirma. “Intrinsecamente à pessoa de Irmã Dulce, ela demonstrava uma santidade transbordante, fosse no falar, fosse no agir.”

“Sua história de vida conquistou minha devoção pessoal”, declara ao Estado o historiador e teólogo italiano Paolo Vilotta, postulador da causa da religiosa brasileira junto ao Vaticano.

Biografia

Nascida em 26 de maio de 1914 em Salvador, a religiosa foi batizada Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes. Era filha de um dentista e professor da Universidade Federal da Bahia, Augusto, e uma dona de casa, Dulce.

Perdeu a mãe aos 7 anos e, por isso, decidiu homenageá-la, adotando seu nome na vida religiosa, aos 19 anos – quando ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus.

Sua vocação para ajudar os mais necessitados se tornou pública na adolescência. Aos 13 anos, ela começou a acolher doentes e moradores de rua em sua casa. O centro de atendimento informal acabou conhecido como “a portaria de São Francisco”.

Logo depois de assumir o hábito, tornou-se professora de uma escola mantida por sua congregação. Por formação, Dulce era normalista, oficial de farmácia e auxiliar de serviço social. Deu aulas principalmente de geografia e história.

Criou um movimento operário cristão e, um pouco mais tarde, fundou a organização que existe até hoje, com destaque para o atendimento a doentes.

Irmã Dulce também gostava de artes, principalmente música. Em 1948 fundou o Cine Teatro Roma, palco de shows de grandes nomes da MPB, como Roberto Carlos e Raul Seixas. A religiosa ainda criaria dois cinemas em Salvador.

Ainda em vida, recebeu o apelido de “o anjo bom da Bahia”. “Miséria é a falta de amor entre os homens”, dizia a freira. Em 1988, ela foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz. “O amor supera todos os obstáculos, todos os sacrifícios. Por mais que fizermos tudo é pouco diante do que Deus faz por nós”, é outra de suas frases famosas.

Seus últimos 30 anos de vida foram especialmente difíceis por conta de um enfisema pulmonar, que reduziu sua capacidade respiratória em 70%. Irmã Dulce chegou a pesar apenas 38 quilos.

Canonização

O processo de canonização de Irmã Dulce foi iniciado em janeiro de 2000. Na ocasião, seus restos mortais que estavam na Igreja da Conceição da Praia, em Salvador, foram transferidos para a Capela do Convento Santo Antônio, na sede das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), na mesma cidade.

Em abril de 2009, o papa Bento XVI reconheceu suas virtudes heroicas. Irmã Dulce passou a ser considerada então venerável. Em outubro de 2010, a Congregação para a Causas dos Santos atestou a autenticidade do primeiro milagre atribuído à religiosa – orações para ela, em 2001, teriam interrompido hemorragia de 18 horas de uma parturiente, em Sergipe.

Em 22 de maio de 2011, Irmã Dulce foi beatificada em missa presidida pelo cardeal dom Geraldo Majella Agnelo, em Salvador.

Neste ano de 2019, veio o reconhecimento do segundo milagre: a cura de uma cegueira causada por glaucoma, em 2014. Em 14 de maio, papa Francisco anunciou que Irmã Dulce seria canonizada: Santa Dulce dos Pobres será oficializada, então, a 37ª santa brasileira.

Desde então, o número de visitantes do memorial dedicado a ela, em Salvador, quintuplicou. São 15 mil pessoas por mês que vão até lá. “A partir da sua canonização será mais fácil explicar a todos que a santidade não é um privilégio de poucos ou de pessoas especiais, mas está ao alcance de todos – e que é obrigação de todos buscar a santidade”, afirma ao Estado o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil dom Murilo Krieger.

Mas o maior milagre de Irmã Dulce tem muito mais de árduo trabalho humano do que de forças divinas. Em 1959, a freira fundou uma instituição filantrópica em Salvador. A Osid é hoje um complexo composto de 17 núcleos, com uma gama de serviços gratuitos que vão de escola de ensino integral a hospital com tratamento de câncer.

O centro médico atende a 2 mil pessoas por dia. Anualmente, são realizados ali 2 milhões de procedimentos, com 12 mil cirurgias e 18 mil internações. Tudo de graça. O complexo realiza 3,5 milhões de atendimentos por ano.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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