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Inteligência artificial e 1.300 horas de imagens: veja, passo a passo, como a PF identificou golpistas do 8 de janeiro

Golpistas à vontade em invasão ao Planalto no 8 de janeiro — Foto: Reprodução

Profissionais do Instituto Nacional de Criminalística (INC) criaram e aperfeiçoaram ferramentas para otimizar a análise das gravações das câmeras de segurança

Nos últimos oito meses, profissionais do Serviço de Perícias em Audiovisual e Eletrônicos (Sepael) da Polícia Federal se debruçaram na criação e no aperfeiçoamento de ferramentas de inteligência artificial para otimizar o maior trabalho de identificação já feito pela corporação para apurar ataques golpistas dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Até agora, os peritos já analisaram mais de 1.300 horas de gravação em câmeras de segurança das sedes dos três Poderes para concluir os laudos com a dinâmica dos golpistas.

Inicialmente, os profissionais do Instituto Nacional de Criminalística (INC) da corporação, em Brasília, incluíram nos computadores as imagens filmadas entre meio-dia e 19h daquele dia por mais de 200 equipamentos instalados nos prédios do Supremo Tribunal Federal (STF), Palácio do Planalto e Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal). Vídeos feitos por celulares e recebidos pelo canal de denúncia criado pelo Ministério da Justiça também foram juntados ao material.

— Em casos como esse, não nos atemos somente ao foco principal do evento considerado de interesse. É preciso examinar eventos que ocorreram antes, para saber, por exemplo, que horas uma pessoa chegou ao prédio ou que horas o último invasor deixou esse local. Então, apesar das invasões terem ocorrido no meio da tarde, as análises vão bem além disso — explica o perito criminal federal Rafael Oliveira Ribeiro.

Profissionais do Instituto Nacional de Criminalística (INC) criaram e aperfeiçoaram ferramentas para otimizar a análise das mais de 1.300 horas de gravação em câmeras de segurança — Foto: Reprodução

Com os arquivos já nas máquinas, parte da equipe de 27 profissionais focou na comparação facial para chegar ao nome e a conduta de cada um dos invasores flagrados pelas câmeras. Outro grupo mirou a análise de todo o conteúdo gravado, descrevendo as cenas ocorridas nos ambientes das salas dos três edifícios públicos naquela ocasião.

A partir das ferramentas, foram processadas 2,5 milhões de imagens faciais extraídas de todos os quadros de vídeos examinados. Os especialistas ressaltam que esse volume pode parecer inflado por conter redundâncias de sobreposições em faces das mesmas pessoas, mas ainda assim auxiliam a restituir informações individuais, levando a identificação com reconhecimento mais preciso.

Profissionais do Instituto Nacional de Criminalística (INC) criaram e aperfeiçoaram ferramentas para otimizar a análise das mais de 1.300 horas de gravação em câmeras de segurança — Foto: Reprodução

Para agilizar e uniformizar o trabalho, os profissionais utilizaram o Peritus, um software desenvolvido dentro do Sepael para integrar funcionalidades antes buscadas em diversas plataformas, como ajuste de detalhes para melhor visualização de imagens e ainda extração de informações como data e hora dos vídeos. O sistema também oferece a sincronização das mídias, compondo uma narrativa sequencial e linear.

De acordo com Ribeiro, o sistema ainda possibilita a documentação e o registro de todos os procedimentos realizados pelos peritos, a fim de manter a preservação da chamada cadeia de custódia, definida pelo Código de Processo Penal como a história cronológica dos vestígios coletados em locais de crimes, de seu reconhecimento até o descarte:

— Além de trazer velocidade para a análise, diminui a chance de erros manuais e facilita todo a revisão pelo perito. Mas é importante destacar que, mesmo com a utilização de dessa e de outras ferramentas de inteligência artificial no processamento dessas imagens, todo o trabalho no fim das contas passa pelo crivo humano, de especialistas.

Profissionais do Instituto Nacional de Criminalística (INC) criaram e aperfeiçoaram ferramentas para otimizar a análise das mais de 1.300 horas de gravação em câmeras de segurança — Foto: Reprodução

Após a captação das filmagens, 40 peritos criminais foram até o Centro de Detenção Provisória II, no Complexo da Papuda, e a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia, para onde foram levados os 1.398 presos pelos ataques terroristas. Nas cadeias, eles fotografaram 904 homens e 494 mulheres em seis ângulos diferentes, justamente para comparar com as posições em que supostamente tiveram seus rostos capturados pelas câmeras.

Além do retrato clássico frontal, foram feitas fotos de perfil e também de cima, onde justamente os equipamentos estão instalados nas salas, gabinetes e corredores invadidos e depredados. Nos vídeos já divulgados, é possível perceber que muitos dos vândalos vestiam máscaras de proteção e alguns utilizavam objetos como bonés, óculos e até panos que tamparam parte de seus rostos.

Para a comparação das imagens dos vídeos com as das fotos, os profissionais lançaram mão de outra ferramenta de inteligência artificial recém-criada no INC a partir da adaptação de softwares já disponíveis. Diante da seleção de trechos captados pelos equipamentos audiovisuais, os profissionais conseguem consultar a lista dos possíveis presos envolvidos naquelas cenas e então revisar os resultados apresentados pelo sistema.

A confirmação dessas identificações depende da avaliação de características morfológicas da face de cada pessoa, realizadas também com a utilização de técnicas padronizadas pelos especialistas.

— Sem dúvida nenhuma, a Polícia Federal já teve outras apurações de grande porte, não desse para área de imagem, que trabalhamos apenas manualmente e nos prolongamos por muito mais tempo porque não tínhamos à disposição esse tipo de tecnologia e de ferramenta de inteligência artificial. Mas elas deve ser usadas sempre como um suporte ao trabalho humano — pondera o perito criminal federal Frank Wilson Favero.

Passo a passo da análise dos peritos

  • Mais de 200 câmeras: Peritos da Polícia Federal incluíram nos computadores as imagens filmadas entre meio-dia e 19h por mais de 200 câmeras de prédios públicos. Vídeos feitos por celulares e recebidos pelo canal de denúncia criado pelo Ministério da Justiça também foram juntados ao material.
  • Comparação facial: Parte da equipe de 27 profissionais focou na comparação facial, para chegar ao nome e à conduta de cada um dos invasores flagrados pelas câmeras. Outro grupo fez a análise de todo o conteúdo gravado, descrevendo as cenas ocorridas dentro de Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal.
  • Quadro sequencial: Foram processadas 2,5 milhões de imagens faciais extraídas de todos os quadros de vídeos examinados. O número é bem maior do que o de envolvidos porque um indivíduo gera mais de uma imagem. Um software sincronizou os arquivos, compondo um quadro sequencial e linear.
  • Fotos dos presos: Peritos foram às penitenciárias e fotografaram 904 homens e 494 mulheres em seis ângulos diferentes, para comparar com as posições em que tiveram seus rostos filmados. Para a comparação das imagens dos vídeos com as das fotos, os profissionais usaram outra ferramenta de inteligência artificial.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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