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Inovações que naufragaram, e as que brilharam, em 2018

O ano foi especialmente problemático para as redes sociais, mas positivo para IAs. Confira outros exemplos do que deu certo e do que deu chabu

Fortnite: o game bocó resume, de certa forma, muito do que deu errado em 2018 com várias tecnologias que antes eram celebradas em demasia (Epic Games/Divulgação)

Turning point é um termo muito usado em dramaturgia. Ele define o momento no qual há uma reviravolta emocionante que faz a história caminhar para um clímax. O ano de 2018 representou um turning point para a indústria da tecnologia. Em especial para o ritmo de ascensão das redes sociais, antes celebradíssimas e que agora foram colocada em xeque, tanto como inovação quanto pelos interesses (cada vez mais amedrontadores) das empresas por trás desses sites e apps.

Abaixo listo algumas tecnologias que, como as mídias sociais, deram chabu em 2018 e exigem agora certo reparo para seguirem firmes e fortes nos anos vindouros. Além disso, destaco novidades que brilharam no ano que passou.

AS INOVAÇÕES QUE EXIGEM REPAROS

Redes sociais

Desde que surgiu, no que já parece o bem distante ano de 2004, o Facebook estava acostumado a receber elogios ano após ano. Ele e outras mídias sociais, a exemplo do Twitter e do Instagram, eram consagrados por terem servido de plataforma para manifestantes contra ditaduras, meio de ignição para a Primavera Árabe em 2010, auxílio para a aproximação de pessoas de distintas culturas e/ou visões de mundo. Esses sites foram e são, sim, bem-vindos. Sem dúvida colaboraram ainda para auxiliar atingidos por desastres naturais a procurar ajuda – o que ocorreu, com muita efetividade, durante o furacão Katrina (em 2005), o terremoto e tsunami que atingiu o Japão (2011) ou mesmo bem recentemente, no tsunami que impactou a Indonésia. Ao cortar por quase metade os 6 graus de separação que antes separavam quaisquer seres humanos do planeta, essas inovações revolucionaram quase todos os aspectos de nossas vidas em sociedade. Porém…

… o ano de 2018 ficará marcado como aquele em que fomos cobrados por essa conta toda. Já haviam indícios anteriores de que o cenário não estava bom. Em 2016, durante as eleições americanas à presidência, Facebook e Twitter serviram de forma de disseminação de uma variada sorte de mentiras sobre Hilary Clinton e Donald Trump, no que pode ter afetado o resultado do pleito – ainda se investiga o tamanho dessa influência virtual. Vale lembrar, por exemplo, que muita gente ignorante teve como verdade a fake news de que Hillary Clinton teria arquitetado uma rede de pedofilia a partir de uma pizzaria em Washington. Já em 2017 as redes sociais serviram de óbvia plataforma para a divulgação de crimes (como estupros e assassinatos) via lives e de mensagens de supremacistas brancos – que naquele ano resolveram tomar de assalto a cidade de Charlottesville.

Só que ocorreram situações bem mais graves no ano que passou. Parece que já faz um tempo, mas foi em 2018 em que se descobriu que o Facebook repassou dados de quase 90 milhões de usuários, sem consentimento, à consultoria Cambridge Analytica, que aí os usou para manipular eleições nos EUA e na Inglaterra (e tinha a intenção de fazer o mesmo no Brasil). Já no último pleito presidencial brasileiro, o Facebook prometeu que faria de tudo para conter a disseminação de fake news e outros males já típicos das redes. Isso em nada deu certo. O WhatsApp, de propriedade da mesma gigante da tecnologia, virou o preferido daqueles – de todos os lados ideológicos – que só queriam ver o circo pegar fogo ou então que adoraram criar e compartilhar mentiras de toda sorte. E tudo sem falar da presepada na qual se transformou o Twitter.

Mais para o fim do ano, quando se achava que o cenário iria acalmar… piorou. Revelou-se que hackers tiveram acesso a 50 milhões de perfis do Facebook. Pouco depois, soube-se que a cria de Mark Zuckerberg manobrava informações de usuários para se beneficiar nos negócios e prejudicar rivais. Não demorou para ainda se revelar que Sheryl Sandberg, a segunda em comando, havia encomendado uma investigação sigilosa na tentativa de prejudicar um dos maiores críticos do… Facebook. O alvo foi o bilionário George Soros. Quer mais? Teve também vazamento de fotos privadas de usuários, invasão de WhatsApp de jornalistas, a saída abrupta dos fundadores do Instagram do app que eles mesmos fizeram (ao que tudo indica, por discordarem de posições de Zuckerberg e cia. no comando do aplicativo), dentre outras desventuras.

Será que em 2019 as redes sociais, lideradas pelo Facebook, vão tomar jeito? Ou a coisa só vai degringolar ainda mais?

iPhones e iPads

Recorda-se de quando se faziam filas enormes para comprar um novo modelo de iPhone? Quando colegas e familiares viajavam para os Estados Unidos quase que apenas para ter acesso antecipado a uma nova versão de iPad? Quando uma apresentação da Apple – especialmente quando era capitaneada pelo genial Steve Jobs – parava o mundo? Nada mais disso ocorre.

Os aparelhos da Apple não mais trazem novidades estarrecedoras em suas novas edições anuais. Em 2018, também foi assim. Tanto que ao se entrar no site da Apple, o que se vende do último iPhone? Que sua tela é maior, que faz vídeos em 4k, que é resistente à água, e uma ou outra coisa a mais. Todas inovações que já tinham sido apresentadas em dispositivos de fabricantes concorrentes, a exemplo da Samsung.

Por efeito da falta de empolgação com a Apple, outras empresas de tecnologia, em especial a Amazon e o Google, consolidaram-se como marcas mais atraentes para os que são vidrados para valer em novidades tecnológicos – e não caem apenas na lábia do marketing. Na bolsa de valores, a Microsoft se destacou e chegou a passar em valor a sua inimiga história, a Apple. Em efeito disso tudo, o iPhone nem é o celular mais buscado no Google, no posto que antes ocupou por anos. No Brasil, consumidores se interessaram mais até por um Motorola, o modelo One.

Fortnite e outros games casuais

Está ficando para trás o tempo em que a maioria dos jovens quebravam a cabeça para vencer em jogos complexos como Zelda. Ou mesmo tinham de exercitar habilidades diversas para se superaram num Call of Duty. Por anos os games eram tidos como ótimos campos de treinamento para a mente de adolescentes. Só que aí veio Fortnite.

Surgiram lançamentos excelentes de games neste ano. Como o magnífico Red Dead Redemption 2, de faroeste. Ou o embasbacaste – e muito complexo – RPG Divinity: Original Sin II, que surgiu primeiro no fim de 2017 para PCs, mas ganhou força mesmo neste ano, nos consoles. A lista de bons jogos é enorme. No entanto, a meninada só quis saber de… Fortnite.

O game de tiro que se espalhou feito gripe e foi imitado aos montes é bocó, facílimo, nada desafiante, repetitivo e, por isso tudo, viciante paca. Crianças e adolescentes ficaram vidrados na tela, gastando energia com um jogo que realmente nada teve a acrescentar à mente. Fortnite só servirá àqueles que insistem em dizer que jogos eletrônicos em nada acrescentam às crianças, que são perda de tempo, que apenas instigam a violência etc. Tudo mentira. Mas Fortnite (fica a dica aos chatos de plantão) pode servir de exemplo para os detratores da cultura gamer. Principalmente por ter se popularizado tanto e ofuscado a onda de jogos maravilhosos que vinham ganhando repercussão ano após ano, de Baldur’s Gate e GTA a belíssimas histórias como Superbrothers: Sword & Sworcery ou Monument Valley.

AS INOVAÇÕES QUE BRILHARAM EM 2018

Os métodos de controle de tempo gasto com apps, redes sociais, smartphones

Nisso é preciso tirar o chapéu para Apple e Facebook. Ambos resolveram incorporar, em seus produtos, aplicativos nativos de controle de tempo de uso de sites, apps e afins. E funciona muito bem.

Sabe quando o nutricionista te fala que é bom se pesar todo dia na balança, ou ao menos uma vez por semana, caso queira emagrecer? A ideia é que só de ver o sobrepeso na balança o indivíduo já se controla mais e acaba por perder uns quilinhos de forma mais fácil. Essas ferramentas de controle de tempo operam de forma parecida.

Em 2017, o Google realizou o teste com alguns usuários de Android. E foi isso mesmo. Só de acompanharem o tempo gasto com o celular, passaram a recorrer menos ao mesmo celular. Comigo e com colegas que provaram tais recursos, o resultado foi similar.

Em 2018, Google (no Android), a Apple (no iPhone) e o Facebook (em seu site e no filhote Instagram) foram alguns dos que passaram a incorporar recursos de tal linha. Apenas de receber relatórios semanais de meus hábitos no iPhone, o tempo dedicado a isso caiu semana a semana, por vezes até em quase 30%. Tendência similar ocorreu em meus perfis de Instagram, Facebook e Twitter.

Não é que passei a ter ojeriza de tecnologia. Muito pelo contrário. Menos viciado nelas, nessas tecnologias, passei a controlá-las melhor – e não o contrário. O proveito e a produtividade cresceram em toada similar à diminuição de horas conectado. O stress diminuiu. Enfim, poderia listar diversas e mais diversas vantagens por aqui. Em vez disso, só sugiro: teste por você.

Em tempo: em paralelo, também merece destaque o crescimento de conteúdos pagos em muitas plataformas, como o YouTube, e dos bloqueadores legalizados de anúncios. A propaganda online estava cada vez mais caótica, muito efetiva em determinar os hábitos da clientela, mas pouco em cativá-los. Só estava irritando. O maior controle das mesmas acabou por ter até uma consequência inesperada (ao menos em teste em minha vida e no que relatam profissionais da indústria de tecnologia): agora, após os filtros, quando aparece uma publicidade na rede, ela realmente tem mais chance de saltar aos olhos.

A inteligência artificial que começou a realmente nos entender

Por anos isso foi uma promessa: a criação de uma IA capaz de se comunicar com humanos como só humanos fazem. Todavia, só haviam aparecido decepções nesse sentido.

Por exemplo, até o ano passado um robô não conseguia prever nem o que ocorreria numa situação banal do cotidiano. Caso ele visse uma mulher andando em direção ao piano, não saberia dizer se a intenção dela seria se sentar no banco para cantarolar, ou se iria dançar em cima do instrumento, ou se apenas estava com dor no pé e queria descansar, ou se (alternativa correta) fazia isso para… tocar o piano.

Neste ano o Allen Institute for Artificial Intelligence, dos EUA, apresentou uma IA que é capaz de deduzir, com nós fazemos, o que pode ocorrer em situações rotineiras justamente como a descrita no parágrafo anterior. Logo o Google também revelou uma tecnologia similar.

Não só isso. O mesmo Google deu uns passos além e lançou, com fins comerciais, o Duplex. Trata-se de um assistente virtual que finalmente faz o que assistentes virtuais sempre prometeram fazer. Ele é capaz de se comunicar com pessoas como pessoas fazem. Pode, por exemplo, ligar para um cabeleireiro, passar-se por um humano qualquer, e marcar um horário de corte de cabelo para você. Ou reservar uma mesa no restaurante; ou conduzir uma reunião online; ou… enfim, cada vez mais se parece com a voz de Scarlett Johansson no celular de Joaquin Phoenix no filme Ela.

As tecnologias inclusivas

Variadas inovações destinadas a auxiliar deficientes físicos e intelectuais ganharam versões comerciais, disponíveis a todos, em 2018. Tanto que a revista estadunidense Time dedicou uma seção apenas a essas novidades em sua tradicional lista de Melhores Invenções.

Há, por exemplo, óculos que podem ser acionados para que pessoas online auxiliam cegos a observar o que ocorre ao redor. Assim como dispositivos auditivos mais eficientes e discretos. E controles de videogame adaptados a deficientes físicos. Em outubro.

Críticas à parte, no ramo da inovação sempre se aguarda evolução, não regressão. Logo, para os próximos anos a torcida é para que se repare o que deu errado e se invista mais no que tem dado certo. Fonte: Portal Veja

 

 

Tecnologia

“Brainrot”, você tem isso? Conheça esse efeito colateral da vida digital

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Termo descreve a “deterioração mental” causada por consumir grandes quantidades de conteúdo de baixo valor, como memes e vídeos sem sentido

 

“Brainrot” pode afetar negativamente as habilidades cognitivas das pessoas
Unsplash/Taylor Deas-Melesh

 

Se você leu meu texto sobre a slopficação da internet, talvez agora você fique um pouco mais assustado. Senta que lá vem a história…

A internet está cada vez mais maluca. Na verdade, não a internet, porque ela sempre foi. Mas, a cada dia que passa, eu me surpreendo com o que as pessoas andam fazendo online, principalmente os jovens.

Se você é millennial, como eu, e tinha uma certa esperança que a próxima geração seria melhor e daria conta de um monte de coisas que não conseguimos, bem… nascer e crescer imerso em redes sociais parece que não está fazendo muito bem, pelo menos na construção de gosto e o que se escolhe consumir online.

Entender minimamente a GenZ (Geração Z) e a Geração Alpha tem consumido boa parte do tempo das minhas pesquisas online. Sacar os movimentos e tentar entrar na cabeça dos jovens é interessante e surpreendente, já que os valores e gostos são completamente diferentes. E olha que pra muita coisa eu sou mais Z que Y.

Mas vamos para o que interessa. Você já ouviu ou viu, em algum lugar, termos como:

  • Skibidi Toilet
  • Level Five Gyat
  • Rizz
  • Fanum Tax
  • Only in Ohio
  • Sigma Looksmaxxing
  • Grimace Shake

Parece erro, palavras sem sentido, mas eles têm aparecido com frequência em uma série de conteúdos virais, mais especificamente memes, e que têm sido atribuídos ao tal do “brainrot”. Se você perguntar para o Google Tradutor, não vai conseguir nada. Já para o ChatGPT, ele traz uma luz. Olha só:

ChatGPT oferece definição de termos que têm sido atribuídos ao "brainrot"

ChatGPT oferece definição de termos que têm sido atribuídos ao “brainrot” / Reprodução/ChatGPT

 

Acho que, com isso, você já consegue ir sacando o que é “brainrot”. Apesar desse termo ser antigo (usado desde 2004), é agora que ele está bombando em redes sociais muito usadas por jovens da GenZ, como o TikTok.

E não é pouco dizer que esses jovens internautas estão obcecados com a tal “brain rot” ou “brainrot”. Tanto que a própria viralização do termo explica muito o que estamos vivendo nos tempos atuais: “doomscrolling“, essa rolagem infinita nos nossos feeds, e também nosso estado online crônico.

Traduzido por “podridão cerebral”, “apodrecimento do cérebro” ou até “cérebro apodrecido”, o termo, ou condição, descreve a “deterioração mental” causada por consumir grandes quantidades de conteúdo de baixo valor, como memes e vídeos sem sentido, que podem afetar negativamente as habilidades cognitivas e a capacidade de pensar criticamente.

Longe de ser um termo médico ou científico, é simplesmente um efeito colateral do nosso comportamento online, principalmente em redes sociais, frequentemente motivado por um desejo compulsivo de se manter atualizado, principalmente com eventos negativos, mesmo quando isso pode ser emocionalmente desgastante ou prejudicial para a saúde mental.

Basicamente, estamos gastando mais tempo e literalmente nos entregando e absorvendo grandes quantidades de informações irrelevantes e de baixa qualidade.

Sem entrar nas questões neurodegenerativas, não precisamos de muito para entendermos que, ao consumirmos conteúdos piores, ficaremos piores. Ou seja, nossos cérebros vão trabalhar com o que recebem. Se consumimos porcarias, vamos pensar em porcarias. Simples assim.

E tem muita gente online falando que já está com “brainrot” só de ter recebido ou passado por certos conteúdos, justamente porque estão muitos expostos a eles. E assim como os “slops” causam uma certa confusão mental, os conteúdos associados ao brainrot também, desassociando imagens ou conceitos de seus contextos reais.

Um exemplo é a imagem de um soldado da Segunda Guerra Mundial com um olhar atordoado, que faz parte da pintura de Tom Lea “That 2,000 Yard Stare“, que é usado em muitos conteúdos meméticos, e que TikTokers dizem ser brainrot.

Popularização e perigos

Fazendo uma pesquisa rápida no Google Trends, percebemos que tivemos uma procura maior do termo em 2005 e 2010, mas, a partir da segunda metade de 2023 até agora, o termo explodiu. E é interessante notar que esses picos estão muito associados à cultura gamer e a jogos que contribuíram com seu uso ao longo da década de 2010.

Inclusive, “brainrot” é uma doença que os jogadores podem contrair no jogo de “2011 The Elder Scrolls V: Skyrim“. Em 2007, ano que muita gente considera o surgimento do termo, ele aparece em posts no X, nos quais os usuários descreviam reality shows de namoro, videogames e certos comportamentos, como brainrot.

Um artigo recente do NYT, Jessica Roy relata como alguns usuários do TikTok até começaram a criar paródias de pessoas que parecem “ter” essa condição, ajudando, assim, na popularização, ridicularização e adoção do termo. E, apesar de não ser um elogio falar que alguém tem brainrot, algumas pessoas demonstram um leve orgulho ao admitir a condição.

Em um quiz recente do BuzzFeed, dava até pra saber se “o seu cérebro está 1000% cozido”. Outra leva de vídeos fala que quanto mais gírias da internet uma pessoa usa, mais brainrot ela tem.

E apesar do humor que tudo isso traz, existe um lado bem ruim. Sabe quando a gente fica obcecado por algo e vê aquilo em todo lugar, ou quando gostamos tanto de um personagem ou uma celebridade e começamos a ficar parecidos com elas? Bem, consumir conteúdos de baixa qualidade pode nos deixar menos preparados a certaz situações e “menos inteligentes”, como colocam os jovens com brainrot. Muitos compartilham nas redes seu medo de ficaram “burros”.

Há muitos pesquisadores que estão se debruçando nesse tema, como o neurocientista Michel Desmurget, que tem um livro bastante controverso, assim como outros que se adentram nesse tema, “A fábrica de cretinos digitais: Os perigos das telas para nossas crianças”.

Esse medo de ficarmos piores cognitivamente é real, porque somos o que comemos e consumimos. A “Geração Touch” e as “crianças de iPad” certamente carregam consequências disso, tanto pela tela e o aumento de miopia, muita quantidade de luz azul, que traz alterações no sono, e por aí vai, até o que é visto, assistido e lido.

Em toda a história da humanidade, acompanhamos as consequências boas e ruins das mais diversas tecnologias que foram sendo introduzidas nas nossas vidas, e se tratando de internet, hoje e sempre, independente da tecnologia em si, sabemos que “gostamos” de certos conteúdos justamente pelo modo como nosso próprio cérebro funciona.

Nem vou entrar nessa discussão, porque isso daria um outro texto, mas, no caso dos memes, eles são divertidos, rola uma conexão emocional positiva com eles, e isso dá uma ajudinha na disponibilidade de dopamina no nosso cérebro. É entretenimento puro e viciante.

Por isso mesmo, existem muitos pesquisadores interessados no assunto, tanto que, nos Estados Unidos, diversas instituições de saúde já estão estudando isso como um distúrbio. No artigo no NYT, é citada a pesquisa do Hospital Infantil de Boston, que chama essa condição de “Uso Problemático de Mídia Interativa”. E ela mostra que, conforme passamos muito tempo online, mudamos nossa percepção do espaço físico para o online, e isso tem consequências.

E a GenAI nessa história?

Brainrot está na moda hoje em dia, assim como a GenAI (inteligência artificial generativa). Mas será que a IA está ajudando a nos levar a um estado de brainrot generalizado?

Se o uso preguiçoso da GenAI pode nos fazer desenvolver menos algumas habilidades ao longo do tempo, não há dúvida. É como foi com a nossa memória, tanto que hoje não guardamos o número do celular de quase ninguém. Claro que nesse cas,o é reversível, podemos treinar e melhorar, graças a neuroplasticidade cerebral.

Mas, assim como a internet está se “slopificando”, ou seja, sendo tomada por conteúdos sem valor sendo gerados sinteticamente, nós também poderemos acabar nos deparando cada vez mais com esse conteúdo, e (por que não?) aumentando o brainrot, assim como nos enganando cada vez mais por conteúdos falsos. As consequências de longo prazo não sabemos, e muito estudo ainda será feito, mas, com certeza, uma coisa pode alimentar a outra.

Deveríamos nos preocupar com o “brainrot”?

Em certo sentido, sim, embora devamos ser cautelosos ao soar o alarme sobre o que impulsiona ou leva ao “brainrot”. É muito fácil referir-se a praticamente qualquer coisa como causadora de “brainrot”, se formos pensar.

A cultura da internet sempre traz questões e termos interessantíssimos que podem nos fazer pensar e desenvolver muitas teorias e conceitos. Brainrot ainda é uma expressão que carece de rigor científico, principalmente para descrever ou quantificar a saúde mental real. Mesmo assim, não significa que devemos ignorar ou minimizar as preocupações que estão no cerne desse termo.

Conheça tendências que sinalizam rumos para o futuro da IA

CNN

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Tecnologia

Tik Tok planeja lançar o Whee, plataforma de fotos ‘cópia’ do Instagram

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Na plataforma, será possível manter um feed de imagens, utilizar filtros nas fotos tiradas pelo próprio aplicativo, além de manter um fluxo de conexão de amigos

 

UE abre investigação contra TikTok por possível violação das normas – (crédito: Reprodução/Freepik)

 

O TikTok está trabalhando em seu próprio Instagram, afirmou o site Android Police na terça-feira, 18. O aplicativo, chamado Whee, tem como objetivo o compartilhamento de fotos com melhores amigos – uma mistura da rede de Mark Zuckerberg com o BeReal, de fotos instantâneas e não editadas. O app, que já pode ser utilizado em alguns países, ainda não chegou ao Brasil.

De acordo com as imagens vistas pelo Android Police, o Whee é um app separado do TikTok, mas também mantido pela ByteDance. Na plataforma, é possível manter um feed de imagens, utilizar filtros nas fotos tiradas pelo próprio aplicativo, além de manter um fluxo de conexão de amigos.

Configurações básicas como curtidas e comentários também estão presentes, em um layout bastante parecido com o do Instagram.

“Capture e compartilhe fotos da vida real que somente seus amigos podem ver, permitindo que você seja mais autêntico”, afirma a descrição do Whee no Google Play, loja de apps do Android. “Whee é o melhor lugar para amigos próximos compartilharem momentos da vida”, completam.

O TikTok e a ByteDance ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o aplicativo, mas já é possível encontrar a nova rede social em alguns países em celulares com sistema operacional Android.

Agência Estado

 

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Tecnologia

YouTube testa recurso que introduz “notas” de contexto em vídeos

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Testes começarão nos Estados Unidos e serão feitos, inicialmente, com usuários e criadores selecionados

YouTube anunciou, nesta segunda-feira (17), que permitirá em breve que os usuários adicionem “notas” que fornecerão contexto sobre alguns de seus vídeos. Os testes fazem parte de um novo recurso que inicialmente será lançado nos Estados Unidos.

A plataforma convidará alguns usuários e criadores de conteúdo, como parte da fase inicial de teste, para escrever notas destinadas a fornecer “contexto relevante, oportuno e fácil de entender” sobre os vídeos.

As notas, por exemplo, poderão esclarecer quando uma música é uma paródia, apontar quando uma nova versão de um produto que está sendo analisado estiver disponível ou informar aos espectadores quando imagens antigas são erroneamente apresentadas como eventos atuais.

A rede social X, antigo Twitter, possui um recurso semelhante chamado Notas da Comunidade, que permite que colaboradores selecionados adicionem contexto às publicações, incluindo tags como “enganoso” e “fora de contexto”.

O recurso de notas no YouTube será, inicialmente, disponibilizado em dispositivos móveis para usuários nos Estados Unidos e em inglês. Nessa fase, avaliadores externos classificarão a utilidade das notas, o que ajudará a treinar os sistemas, antes de um possível lançamento mais amplo, disse o YouTube.

Fátima Bernardes lança canal no YouTube após deixar Globo

*Com reportagem de Yuvraj Malik, em Bengaluru

 

CNN Brasil

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