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Inflação galopante e possível recessão nos EUA: quais são os riscos para o Brasil?

Cresce o temor de que uma recessão atinja a economia dos Estados Unidos, que tenta mitigar uma inflação recorde com aumento de juros e outras medidas. A Sputnik Brasil ouviu um economista para explicar as principais causas dessa situação e os possíveis efeitos globais do revés econômico no maior PIB nominal do planeta.

© Sputnik / STRINGER / Abrir o banco de imagens

Um recente levantamento do jornal Financial Times mostrou que 70% de um grupo de economistas consultados apontam riscos de que haja recessão nos EUA em 2023. A economia do país ainda se recupera do impacto da pandemia da COVID-19 e encolheu 1,5% no primeiro trimestre de 2022.
Em meio ao aumento das tensões internacionais, a população norte-americana convive com a alta de preços, notadamente dos combustíveis, e uma inflação recorde de 8,6% em maio — o maior patamar em 40 anos.
o maior patamar em 40 anos.
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, durante uma audiência, no dia 30 de setembro de 2021, no Capitólio, em Washington - Sputnik Brasil, 1920, 22.06.2022
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, durante uma audiência, no dia 30 de setembro de 2021, no Capitólio, em Washington
As especulações sobre uma possível recessão no país cresceram ainda mais após o anúncio do aumento da taxa de juros norte-americana. Na quarta-feira (15), o Federal Reserve, o banco central dos EUA, aumentou a taxa em 0,75 ponto percentual em uma tentativa de mitigar a pressão inflacionária.
Da mesma forma, o presidente norte-americano, Joe Biden, tem anunciado medidas para conter o aumento do preço dos combustíveis. As movimentações incluem consultas a grandes produtores como a Venezuela e a Arábia Saudita, além de apelos às refinarias domésticas, tentativas de redução de impostos no setor de energia e venda de dezenas de milhões de barris de petróleo da reserva estratégica do país.
Os EUA continuam tendo o maior PIB nominal do planeta e os problemas econômicos do país podem se espalhar para outros países. A Sputnik explica as causas e possíveis consequências desse cenário.

O que causa a inflação nos EUA?

Para o economista Leonardo Paz, analista de inteligência qualitativa no Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV – NPII), há um conjunto de fatores que influenciam a situação econômica nos EUA. Entre eles está a pandemia da COVID-19, que teria criado uma pressão inflacionária em função da restrição de oferta, segundo Paz.
“A impressão que eu tenho é que o governo norte-americano, o Banco Central dos EUA mais especificamente, tinha uma aposta de que o efeito seria muito curto, de curto prazo — uma vez que a pandemia estivesse mais equacionada a oferta levantaria rapidamente, e isso não aconteceu”, afirma o professor à Sputnik Brasil.
Tanques de armazenamento da Reserva Estratégica de Petróleo dos EUA no Terminal Sunoco, perto de Nederland, Texas - Sputnik Brasil, 1920, 22.06.2022
Diante da espécie de erro de cálculo em relação aos efeitos da pandemia, explica o economista, o Federal Reserve teria demorado para agir e aumentar a taxa de juros para equilibrar a pressão inflacionária. Além disso, outras medidas orçamentárias contribuíram para o cenário.
“Por outro lado, uma das políticas norte-americanas para tentar lidar com isso [crise da pandemia] é aumentando o gasto público — imprimindo moeda e aumentando o gasto público. O famoso pacote Build Back Better do governo Biden é um grande pacote de gasto público em diversas áreas, especialmente infraestrutura. E isso, obviamente, também tende a impactar na inflação”, avalia Paz.

Conflito na Ucrânia e sanções contra a Rússia

Entre as causas da crise econômica nos EUA, o economista cita ainda o impacto da operação militar russa na Ucrânia e as sanções econômicas impostas contra a Rússia. Após o início da operação, o bloco ocidental liderado pelos EUA aplicou uma série de restrições contra Moscou, incluindo o setor de energia. Essas medidas ampliaram o efeito do conflito sobre os preços internacionais de commodities, gerando um “choque negativo de oferta no petróleo norte-americano”.

“As sanções que os EUA e a Europa Ocidental fazem à Rússia naturalmente têm impactado no aumento de preço das commodities, sejam de petróleo ou agrícolas. Isso tem obviamente diminuído a oferta e acaba gerando inflação de maneira geral, aumentando o preço desses produtos”, aponta o analista.

Pessoas protestam altos preços da gasolina em um posto de gasolina de Los Angeles, Califórnia, EUA, 4 de junho de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 22.06.2022
Pessoas protestam altos preços da gasolina em um posto de gasolina de Los Angeles, Califórnia, EUA, 4 de junho de 2022
Paz também aponta que a política de bloqueios e os planos de substituição da importação de energia russa no bloco ocidental deve reduzir a oferta de petróleo nesses países.
“As cadeias precisam se reorganizar de maneira geral. Não havia petróleo sobrando no mundo para pegar de uma hora para a outra. A Rússia é um grande produtor, um grande exportador de petróleo, então reorganizar essas cadeias está levando um tempo”, explica o professor, acrescentando que esse processo deve demorar, reduzindo as chances de queda dos preços e da inflação no curto prazo.

Quais são os efeitos para o Brasil e para o mundo?

Diante do tamanho da economia dos EUA, a expectativa é de que uma recessão no país gere impactos sobre a economia global, incluindo o Brasil. Para o economista Leonardo Paz, alguns dos efeitos previsíveis são a desvalorização do dólar e a fuga de capitais para economia dos EUA — que apesar da crise segue sendo considerada segura para investimentos. “O dinheiro tende a sair de mercados emergentes, que são mais instáveis”, afirma.
“Uma recessão nos EUA também impacta possivelmente as cadeias de valor, afinal os EUA são um país muito industrializado, que produz muitos insumos intermediários para várias cadeias globais. Então, o impacto nesse aspecto também pode ser sentido em vários outros países, na medida em que eles vão ter dificuldades de acesso a esses insumos”, explica Paz.
Presidente da República Jair Bolsonaro, durante encontro com o Presidente dos Estados Unidos da América, Senhor Joe Biden, 9 de junho de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 22.06.2022
Presidente da República Jair Bolsonaro, durante encontro com o Presidente dos Estados Unidos da América, Senhor Joe Biden, 9 de junho de 2022
O economista também ressalta que os EUA são um grande ator do investimento global e que a crise no país acarreta a falta de oferta desses recursos a outros países — incluindo o Brasil.
“Obviamente, quando você tem crise em um ator tão grande, outros atores ao redor do mundo, especialmente grandes empresas e grandes investidores, ficam mais preocupados com a volatilidade e a instabilidade do sistema e acabam retraindo um pouco seus planos, segurando seus investimentos”, avalia, apontando que isso tem efeito indireto sobre o resto do mundo.
Segundo Paz, os EUA também podem adotar medidas protecionistas, o que dificultaria a entrada de produtos brasileiros no mercado norte-americano. O economista salienta que o Brasil está ainda mais exposto a esses efeitos devido ao alto grau de comércio com Washington.
“O Brasil, certamente, tal qual o mundo, […] seria naturalmente impactado negativamente por uma recessão nos EUA”, conclui.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

Por

Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

 

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

Por

Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

Por

País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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