Tecnologia
IBM alcança novo patamar na computação quântica e quer dobrar capacidade
Empresa alcançou volume quântico de 64 unidades e quer continuar aumentando capacidade até ter um computador capaz de fazer cálculos atualmente impossíveis.
Uma das leis mais famosas da computação tradicional é a Lei de Moore, que estabelece que o número de transistores em um circuito dobra a cada 2 anos. Foi esse tipo de avanço que permitiu o crescimento exponencial dos computadores e garantiu o acesso a máquinas mais robustas e cada vez menores.
Na nova fronteira da tecnologia, com computadores quânticos, as métricas são um pouco mais complexas. A quantidade física de dispositivos compete com a qualidade dos cálculos e até com as condições de funcionamento, que precisam estar em linha com a física quântica.
Mas isso não vem impedindo avanços: na última semana a IBM anunciou que alcançou o volume quântico de 64, um novo patamar na medida para a empresa, que compete com Google, Intel, Microsoft e outras gigantes na corrida pela supremacia quântica, uma capacidade de processamento que permitirá aos computadores realizar cálculos impossíveis para as nossas atuais máquinas binárias.
Diferentemente dos computadores tradicionais — que tem sua base de dados feita em cima de bits codificados em 0 e 1 — o computador quântico funciona de acordo com os princípios da física quântica. Há um princípio chamado de superposição que permite que os qubits (o bit quântico) permaneçam em uma combinação matemática entre 0 e 1. Outro princípio, do entrelaçamento, estabelece a comunicação entre diferentes qubits, fazendo com que eles se comportem de maneira semelhante e atinjam uma sinergia melhor entre si. Essas máquinas são sensíveis e precisam funcionar a temperaturas muito baixas e com pouca interferência para trazer resultados maximizados.
A nova métrica da IBM foi alcançada num computador de 27 qubits e leva em consideração não só a quantidade de qubits, mas também a conectivdade e a redução de ruído na conexão. Atualmente, há mais de 250 artigos baseados em trabalhos feitos com o IBM Quantum e 250.000 usuários cadastrados para acessar a tecnologia pela internet.
De acordo com Ulisses Mello, diretor global de perspectivas tecnológicas da IBM Research, a projeção é continuar com os avanços no volume quântico para que o volume possa dobrar novamente até o final do ano — a IBM alcançou as 32 unidades ainda no início de 2020. Para alcançar novos patamares, segundo ele, a empresa tem focado na melhora da taxa de coerência: aumentar o período de estabilidade do computador quântico, o que permite fazer operações de maior qualidade no mesmo tempo ou mais operações num tempo maior.
“Quanto mais qubits você adiciona é como se o network aumentasse. Eles estão um conectado com os outros e é preciso ter certeza que eles uma taxa de comunicação com menor taxa de erro possível, porque o número de cálculos que você pode fazer depende de quanto tempo você consegue manter o estado quântico estável”, explica Mello.
Aplicações comerciais
Por enquanto, ainda é reduzido impacto que a computação quântica tem no dia a dia dos negócios. No entanto, há empresas como bancos, petroleiras e farmacêuticas investindo na tecnologia, para quando estados mais potentes de processamento forem alcançados elas já estejam completamente capacitados a construir em cima da computação quântica.
Por causa da própria característica física de como o computador quântico realiza cálculos complexos, ele será muito útil em indústrias que se beneficiariam de simulações químicas a nível molecular ou mesmo de análises preditivas baseadas em grandes bancos de dados.
Previsões climáticas, estudos de comportamentos químicos de substâncias e a melhor compreensão de elementos biológicos, como neurônios estão na lista de pesquisas que podem se beneficiar do computador quântico. Outra possível utilização seria a decodificação das moléculas do DNA. Embora ele esteja completamente sequenciado, não se sabe a fundo todas as funções de cada pedaço biológico.
Segundo Mello, não há como fazer uma simulação fidedigna de um catalisador químico com um computador tradicional, por exemplo, por causa da quantidade de informações necessárias para isso, mas com os computador quântico será possível. Algumas empresas se colocam à frente para quando houver volume quântico adequado não terem atrasos com tempo de aprendizado da tecnologia. “Esperar muitas vezes causa uma desvantagem, porque na hora que você acordar já tem gente na frente há 3 anos”, disse.
A IBM anunciou o lançamento comercial do projeto de computação quântica em 2019, durante a Consumer Electronic Show (CES), o maior evento de tecnologia do mundo, realizado anualmente em Las Vegas, nos EUA.
Corrida pela computação quântica
Além da IBM, há outras empresas de tecnologia e universidades trabalhando na busca por um computador capaz de alcançar a supremacia quântica e realizar cálculos absolutamente complexos. Em 2019, o Google anunciou que havia alcançado esse status com o Sycamore, um computador quântico de 54 qubits que havia feito em 200 segundos um cálculo que levaria 10.000 anos no mais potente dos computadores binários.
A marca foi contestada por concorrentes e há uma disputa em torno da noção de superioridade quântica. Para especialistas, o fato de existir um número alto de qubits não é garantia de que um computador seja melhor que outro, já que há mais interferências nesse tipo de sistema.
O futuro do computador quântico é algo que preocupa autoridades: nos EUA há discussões no Congresso para investimentos massivos na tecnologia, encarada como assunto de segurança nacional. Nos próximos anos, os avanços na computação quântica devem continuar acontecendo.
Tecnologia
“Brainrot”, você tem isso? Conheça esse efeito colateral da vida digital
Termo descreve a “deterioração mental” causada por consumir grandes quantidades de conteúdo de baixo valor, como memes e vídeos sem sentido
Se você leu meu texto sobre a slopficação da internet, talvez agora você fique um pouco mais assustado. Senta que lá vem a história…
Se você é millennial, como eu, e tinha uma certa esperança que a próxima geração seria melhor e daria conta de um monte de coisas que não conseguimos, bem… nascer e crescer imerso em redes sociais parece que não está fazendo muito bem, pelo menos na construção de gosto e o que se escolhe consumir online.
Entender minimamente a GenZ (Geração Z) e a Geração Alpha tem consumido boa parte do tempo das minhas pesquisas online. Sacar os movimentos e tentar entrar na cabeça dos jovens é interessante e surpreendente, já que os valores e gostos são completamente diferentes. E olha que pra muita coisa eu sou mais Z que Y.
Mas vamos para o que interessa. Você já ouviu ou viu, em algum lugar, termos como:
- Skibidi Toilet
- Level Five Gyat
- Rizz
- Fanum Tax
- Only in Ohio
- Sigma Looksmaxxing
- Grimace Shake
Parece erro, palavras sem sentido, mas eles têm aparecido com frequência em uma série de conteúdos virais, mais especificamente memes, e que têm sido atribuídos ao tal do “brainrot”. Se você perguntar para o Google Tradutor, não vai conseguir nada. Já para o ChatGPT, ele traz uma luz. Olha só:
Acho que, com isso, você já consegue ir sacando o que é “brainrot”. Apesar desse termo ser antigo (usado desde 2004), é agora que ele está bombando em redes sociais muito usadas por jovens da GenZ, como o TikTok.
E não é pouco dizer que esses jovens internautas estão obcecados com a tal “brain rot” ou “brainrot”. Tanto que a própria viralização do termo explica muito o que estamos vivendo nos tempos atuais: “doomscrolling“, essa rolagem infinita nos nossos feeds, e também nosso estado online crônico.
Traduzido por “podridão cerebral”, “apodrecimento do cérebro” ou até “cérebro apodrecido”, o termo, ou condição, descreve a “deterioração mental” causada por consumir grandes quantidades de conteúdo de baixo valor, como memes e vídeos sem sentido, que podem afetar negativamente as habilidades cognitivas e a capacidade de pensar criticamente.
Longe de ser um termo médico ou científico, é simplesmente um efeito colateral do nosso comportamento online, principalmente em redes sociais, frequentemente motivado por um desejo compulsivo de se manter atualizado, principalmente com eventos negativos, mesmo quando isso pode ser emocionalmente desgastante ou prejudicial para a saúde mental.
Basicamente, estamos gastando mais tempo e literalmente nos entregando e absorvendo grandes quantidades de informações irrelevantes e de baixa qualidade.
Sem entrar nas questões neurodegenerativas, não precisamos de muito para entendermos que, ao consumirmos conteúdos piores, ficaremos piores. Ou seja, nossos cérebros vão trabalhar com o que recebem. Se consumimos porcarias, vamos pensar em porcarias. Simples assim.
E tem muita gente online falando que já está com “brainrot” só de ter recebido ou passado por certos conteúdos, justamente porque estão muitos expostos a eles. E assim como os “slops” causam uma certa confusão mental, os conteúdos associados ao brainrot também, desassociando imagens ou conceitos de seus contextos reais.
Um exemplo é a imagem de um soldado da Segunda Guerra Mundial com um olhar atordoado, que faz parte da pintura de Tom Lea “That 2,000 Yard Stare“, que é usado em muitos conteúdos meméticos, e que TikTokers dizem ser brainrot.
Popularização e perigos
Fazendo uma pesquisa rápida no Google Trends, percebemos que tivemos uma procura maior do termo em 2005 e 2010, mas, a partir da segunda metade de 2023 até agora, o termo explodiu. E é interessante notar que esses picos estão muito associados à cultura gamer e a jogos que contribuíram com seu uso ao longo da década de 2010.
Inclusive, “brainrot” é uma doença que os jogadores podem contrair no jogo de “2011 The Elder Scrolls V: Skyrim“. Em 2007, ano que muita gente considera o surgimento do termo, ele aparece em posts no X, nos quais os usuários descreviam reality shows de namoro, videogames e certos comportamentos, como brainrot.
Um artigo recente do NYT, Jessica Roy relata como alguns usuários do TikTok até começaram a criar paródias de pessoas que parecem “ter” essa condição, ajudando, assim, na popularização, ridicularização e adoção do termo. E, apesar de não ser um elogio falar que alguém tem brainrot, algumas pessoas demonstram um leve orgulho ao admitir a condição.
Em um quiz recente do BuzzFeed, dava até pra saber se “o seu cérebro está 1000% cozido”. Outra leva de vídeos fala que quanto mais gírias da internet uma pessoa usa, mais brainrot ela tem.
E apesar do humor que tudo isso traz, existe um lado bem ruim. Sabe quando a gente fica obcecado por algo e vê aquilo em todo lugar, ou quando gostamos tanto de um personagem ou uma celebridade e começamos a ficar parecidos com elas? Bem, consumir conteúdos de baixa qualidade pode nos deixar menos preparados a certaz situações e “menos inteligentes”, como colocam os jovens com brainrot. Muitos compartilham nas redes seu medo de ficaram “burros”.
Há muitos pesquisadores que estão se debruçando nesse tema, como o neurocientista Michel Desmurget, que tem um livro bastante controverso, assim como outros que se adentram nesse tema, “A fábrica de cretinos digitais: Os perigos das telas para nossas crianças”.
Esse medo de ficarmos piores cognitivamente é real, porque somos o que comemos e consumimos. A “Geração Touch” e as “crianças de iPad” certamente carregam consequências disso, tanto pela tela e o aumento de miopia, muita quantidade de luz azul, que traz alterações no sono, e por aí vai, até o que é visto, assistido e lido.
Em toda a história da humanidade, acompanhamos as consequências boas e ruins das mais diversas tecnologias que foram sendo introduzidas nas nossas vidas, e se tratando de internet, hoje e sempre, independente da tecnologia em si, sabemos que “gostamos” de certos conteúdos justamente pelo modo como nosso próprio cérebro funciona.
Nem vou entrar nessa discussão, porque isso daria um outro texto, mas, no caso dos memes, eles são divertidos, rola uma conexão emocional positiva com eles, e isso dá uma ajudinha na disponibilidade de dopamina no nosso cérebro. É entretenimento puro e viciante.
Por isso mesmo, existem muitos pesquisadores interessados no assunto, tanto que, nos Estados Unidos, diversas instituições de saúde já estão estudando isso como um distúrbio. No artigo no NYT, é citada a pesquisa do Hospital Infantil de Boston, que chama essa condição de “Uso Problemático de Mídia Interativa”. E ela mostra que, conforme passamos muito tempo online, mudamos nossa percepção do espaço físico para o online, e isso tem consequências.
E a GenAI nessa história?
Brainrot está na moda hoje em dia, assim como a GenAI (inteligência artificial generativa). Mas será que a IA está ajudando a nos levar a um estado de brainrot generalizado?
Se o uso preguiçoso da GenAI pode nos fazer desenvolver menos algumas habilidades ao longo do tempo, não há dúvida. É como foi com a nossa memória, tanto que hoje não guardamos o número do celular de quase ninguém. Claro que nesse cas,o é reversível, podemos treinar e melhorar, graças a neuroplasticidade cerebral.
Mas, assim como a internet está se “slopificando”, ou seja, sendo tomada por conteúdos sem valor sendo gerados sinteticamente, nós também poderemos acabar nos deparando cada vez mais com esse conteúdo, e (por que não?) aumentando o brainrot, assim como nos enganando cada vez mais por conteúdos falsos. As consequências de longo prazo não sabemos, e muito estudo ainda será feito, mas, com certeza, uma coisa pode alimentar a outra.
Deveríamos nos preocupar com o “brainrot”?
Em certo sentido, sim, embora devamos ser cautelosos ao soar o alarme sobre o que impulsiona ou leva ao “brainrot”. É muito fácil referir-se a praticamente qualquer coisa como causadora de “brainrot”, se formos pensar.
A cultura da internet sempre traz questões e termos interessantíssimos que podem nos fazer pensar e desenvolver muitas teorias e conceitos. Brainrot ainda é uma expressão que carece de rigor científico, principalmente para descrever ou quantificar a saúde mental real. Mesmo assim, não significa que devemos ignorar ou minimizar as preocupações que estão no cerne desse termo.
Tecnologia
Tik Tok planeja lançar o Whee, plataforma de fotos ‘cópia’ do Instagram
Na plataforma, será possível manter um feed de imagens, utilizar filtros nas fotos tiradas pelo próprio aplicativo, além de manter um fluxo de conexão de amigos
O TikTok está trabalhando em seu próprio Instagram, afirmou o site Android Police na terça-feira, 18. O aplicativo, chamado Whee, tem como objetivo o compartilhamento de fotos com melhores amigos – uma mistura da rede de Mark Zuckerberg com o BeReal, de fotos instantâneas e não editadas. O app, que já pode ser utilizado em alguns países, ainda não chegou ao Brasil.
De acordo com as imagens vistas pelo Android Police, o Whee é um app separado do TikTok, mas também mantido pela ByteDance. Na plataforma, é possível manter um feed de imagens, utilizar filtros nas fotos tiradas pelo próprio aplicativo, além de manter um fluxo de conexão de amigos.
Configurações básicas como curtidas e comentários também estão presentes, em um layout bastante parecido com o do Instagram.
“Capture e compartilhe fotos da vida real que somente seus amigos podem ver, permitindo que você seja mais autêntico”, afirma a descrição do Whee no Google Play, loja de apps do Android. “Whee é o melhor lugar para amigos próximos compartilharem momentos da vida”, completam.
O TikTok e a ByteDance ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o aplicativo, mas já é possível encontrar a nova rede social em alguns países em celulares com sistema operacional Android.
Tecnologia
YouTube testa recurso que introduz “notas” de contexto em vídeos
Testes começarão nos Estados Unidos e serão feitos, inicialmente, com usuários e criadores selecionados
O YouTube anunciou, nesta segunda-feira (17), que permitirá em breve que os usuários adicionem “notas” que fornecerão contexto sobre alguns de seus vídeos. Os testes fazem parte de um novo recurso que inicialmente será lançado nos Estados Unidos.
A plataforma convidará alguns usuários e criadores de conteúdo, como parte da fase inicial de teste, para escrever notas destinadas a fornecer “contexto relevante, oportuno e fácil de entender” sobre os vídeos.
As notas, por exemplo, poderão esclarecer quando uma música é uma paródia, apontar quando uma nova versão de um produto que está sendo analisado estiver disponível ou informar aos espectadores quando imagens antigas são erroneamente apresentadas como eventos atuais.
A rede social X, antigo Twitter, possui um recurso semelhante chamado Notas da Comunidade, que permite que colaboradores selecionados adicionem contexto às publicações, incluindo tags como “enganoso” e “fora de contexto”.
O recurso de notas no YouTube será, inicialmente, disponibilizado em dispositivos móveis para usuários nos Estados Unidos e em inglês. Nessa fase, avaliadores externos classificarão a utilidade das notas, o que ajudará a treinar os sistemas, antes de um possível lançamento mais amplo, disse o YouTube.
*Com reportagem de Yuvraj Malik, em Bengaluru
CNN Brasil
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