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‘Hacker aqui’: BRICS dá lições ao Brasil para combater espionagem dos EUA

Os novos e sofisticados sistemas de espionagem internacional colocam o mundo em perigo. Apesar de o Brasil ter adotado medidas de proteção, em especial após as revelações de Edward Snowden, especialista explica como o BRICS poderia servir de exemplo para o país evitar novos ataques das agências de espionagem dos EUA.

© Depositphotos / Shmeljov

A compra de programas de espionagem se tornou via de regra no governo do presidente Jair Bolsonaro, levantando suspeitas e críticas de opositores sobre supostas intenções de perseguir adversários. Mas é também notório que o mundo, após as delações de Edward Snowden, em 2013, ligou o sinal de alerta contra a espionagem internacional, sobretudo diante dos interesses cada vez mais escusos do governo norte-americano.
A delicadeza do tema contrasta com as intenções pouco republicanas de alguns governos no mundo. Por um lado, enquanto levantam-se suspeitas sobre a aquisição do conhecido Pegasus, software israelense que funciona como um “espião de bolso”, podendo escutar ligações e ler mensagens e e-mails sem o consentimento do usuário, “permite-se” que gigantes da tecnologia utilizem dados pessoais de modo pouco transparente.
O uso de agências de inteligência para espionar chefes de Estado é uma prática comum do governo norte-americano, e para Luca Belli, coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS) da Fundação Getulio Vargas (FGV) e do projeto CyberBRICS, foi o BRICS que compreendeu a dimensão dos perigos do alcance dessa prática dos EUA. Em entrevista à Sputnik Brasil, ele relatou que “houve transformações importantes após o caso” de Snowden, quando a inteligência norte-americana grampeou diversas autoridades estrangeiras, incluindo a então presidente Dilma Rousseff.
“As revelações feitas por Edward Snowden serviram como um catalisador de debates públicos e da composição de regulações e estratégias para o ambiente digital. Destacam-se o Marco Civil da Internet, uma carta de direitos para o uso da Internet no Brasil e a Lei Geral de Proteção de Dados [LGPD]. A privacidade, a proteção de dados e a segurança da informação figuram nas duas leis e vêm compondo as preocupações do debate público desde então”, disse.
É comum nas reuniões entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul os líderes desses países anunciarem compromissos de compartilhamento de informações e o intercâmbio de melhores práticas, em capacitação e no combate aos crimes cibernéticos. O BRICS tem entre suas prioridades a proteção de dados dos consumidores, em especial China, Rússia e Índia, que têm consciência do valor de seus grandes mercados, também geradores de dados.
Questionado sobre se o Brasil está preparado, no mesmo patamar desses países, para lidar com a espionagem estrangeira, Luca Belli explicou que “considerando a perspectiva da segurança cibernética, o país tem uma estrutura institucional ativa que vem crescendo nos últimos anos”. Ele citou medidas importantes que foram levadas ao Congresso nos últimos anos, em especial a resolução nº 4.658 do Bacen (Banco Central do Brasil), que estabelece a política de segurança cibernética para instituições financeiras.
Além disso, relata ele, houve a criação da Política Nacional de Segurança de Infraestruturas Críticas e da Política Nacional de Segurança da Informação (PNSI), a publicação da Estratégia Nacional de Segurança Cibernética (E-Ciber) e a instalação da Rede Federal de Gestão de Incidentes Cibernéticos. Apesar desse arcabouço institucional, o especialista avalia que há brechas no âmbito da segurança da informação brasileira: “A criação de uma cultura de segurança e a implementação de controles essenciais ainda se encontram aquém do necessário”, comentou.

Soberania nacional sob risco

Uma das revelações de Edward Snowden foi a de que a linha pessoal da ex-presidente do Brasil era hackeada pela Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), dos Estados Unidos. Membros do governo estavam suscetíveis a espionagem e foram alvos cotidianamente de vigilância maciça. Para além dessa grave delação, o Brasil está inserido em um contexto latino-americano, no qual as ingerências norte-americanas são conhecidas, documentadas e comuns.
Luca Belli define a prática da espionagem por meio da tecnologia como uma “afronta à soberania nacional”, que determina danos tanto políticos quanto econômicos. Ele explica que a vigilância de massa, orquestrada internacionalmente pelos Estados Unidos por meio de uma ampla série de programas revelados por Snowden, “fere diretamente a soberania alheia, prejudicando direitos fundamentais à privacidade e proteção de dados de populações inteiras, bem como a confidencialidade de empresas, a confiança na tecnologia e a capacidade de operar corretamente de autoridades públicas”.
O especialista explica que há esforços da sociedade civil e da academia de se adotar uma visão sistêmica da cibersegurança, estabelecendo pontes entre os atores do sistema, promovendo o compartilhamento de conhecimentos e práticas e identificando vulnerabilidades e caminhos para mitigá-las.

“Análises recentes atestam a fragmentação da agenda de cibersegurança no país, um desafio que precisa ser transposto para que o Brasil avance no tema. Abrir espaços de interlocução com diversos grupos e aproximar os debates travados no setor público e no setor privado são ações que podem enriquecer a estrutura institucional já em curso.”Falando sobre o BRICS e as medidas que o grupo busca adotar para combater a espionagem internacional, ele apontou que há três áreas em que é muito evidente a convergência dos países: segurança de dados, regulação de conteúdo e cibercrime. Esses três assuntos foram analisados e regulamentados por quase todos os Estados do grupo nos últimos anos.

“A Rússia impõe, desde 2017, uma lei de proteção de localização de dados, o que significa que os dados devem ser armazenados em servidores no território nacional. Essas são obrigações que a China tem e a Índia está pensando em implementar na nova lei de proteção de dados”, comentou.

De acordo com as entidades, apesar de ser uma tecnologia distinta da Pegasus, a plataforma comercializada pela Harpia Tech também é “problemática”. A lista das empresas “polêmicas” ganhou a presença, em junho, da DarkMatter.
Integrantes do governo federal e representantes do Grupo Edge, empresa estatal dos Emirados Árabes Unidos envolvida em um escândalo internacional de espionagem, tiveram reuniões para tratar da aquisição de uma ferramenta. O Grupo Edge é apontado como dono de sistemas de espionagem como BeamTrail e Digital14, capazes de invadir redes e sistemas. A tecnologia de espionagem DarkMatter, desenvolvida por ex-agentes da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês), dos EUA, é utilizada para monitorar opositores.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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