Economia
Grupos contra privatização de elétricas têm PSL e até filho de Bolsonaro
Três diferentes frentes em defesa de empresas públicas de energia estabelecidas neste ano já receberam a adesão de um total de 16 deputados federais do PSL,
São Paulo — Frentes parlamentares criadas recentemente no Congresso Nacional para lutar contra a privatização de empresas de energia elétrica, incluindo a estatal federal Eletrobras e a estadual Cemig , já atraíram centenas de políticos de diversos partidos.
Mas a composição dos grupos, liderados por deputados de oposição, chama a atenção pela presença de parlamentares do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, cujo governo tem preparado planos que podem levar à desestatização da Eletrobras, maior empresa de eletricidade da América Latina.
Três diferentes frentes em defesa de empresas públicas de energia estabelecidas neste ano já receberam a adesão de um total de 16 deputados federais do PSL, o que representa cerca de 35% dos 45 assentos ocupados pelo partido na Câmara, segundo documentos de criação dos grupos vistos pela Reuters.
Entre os políticos do PSL que apoiaram as frentes com suas assinaturas aparecem um dos filhos de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), e outras figuras notórias do partido, como o ator Alexandre Frota (PSL-SP) e o herdeiro da família real brasileira Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP).
Proposta pelo deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), a Frente Parlamentar pela Preservação da Soberania Energética Nacional Mantendo e Fortalecendo as Concessionárias Públicas de Energia Elétrica contou com 272 assinaturas para sua criação, no final de maio, incluindo as de Eduardo Bolsonaro e do herdeiro real.
No documento que propõe o estabelecimento do grupo, Mattos defende o “papel estratégico das empresas públicas de energia elétrica” e a “importância de mantê-las sob controle do Estado brasileiro”. O texto cita empresas do grupo Eletrobras e ainda as estaduais Cemig, Copel, CEEE, CEB e Celesc.
A movimentação dos parlamentares acontece no momento em que o Ministério de Minas e Energia prepara uma proposta para a capitalização da Eletrobras que deve envolver a redução da fatia da União na empresa a uma posição minoritária.
Ao mesmo tempo, governos estaduais também têm proposto a venda de elétricas– a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou nesta semana proposta para privatização da CEEE, enquanto o governo de Brasília aprovou estudos para venda do controle da unidade de distribuição da CEB. O governo de Minas Gerais também já disse que pretende desestatizar a Cemig.
Procurados, os deputados Eduardo Bolsonaro, Alexandre Frota e Luiz Philippe de Orléans e Bragança não responderam de imediato a pedidos de comentário enviados pela Reuters por meio de suas assessorias de imprensa.
Frentes
A Frente Parlamentar Mista em Defesa do Setor Elétrico Brasileiro, proposta pela deputada Erika Kokay (PT) no fim de abril, com Alexandre Frota e outros nove membros do PSL entre os signatários, defende “fortalecer o setor elétrico público combatendo a privatização”.
Já a Frente Parlamentar em Defesa da Eletrobras e do Setor Elétrico, lançada na quarta-feira, conta com seis deputados do PSL entre seus 216 apoiadores, mesmo tendo sido criada pelo deputado de oposição Henrique Fontana (PT-RS).
O Ministério de Minas e Energia vinha prometendo divulgar ainda em junho um modelo para uma capitalização da Eletrobras, uma operação que deve reduzir a fatia da União na companhia, ao permitir a emissão de novas ações. A proposta, no entanto, ainda não foi apresentada até o momento.
A estatal federal controla um terço da capacidade de geração do Brasil e metade das linhas de transmissão.
Durante a campanha eleitoral, o então candidato Jair Bolsonaro chegou a dizer que era contrário à privatização completa da Eletrobras.
“Para mim, energia elétrica, a gente não vai mexer”, afirmou o então candidato em outubro passado, pouco antes do segundo turno das eleições.
Bolsonaristas contra
A luta contra privatizações no setor elétrico é um tema que une tanto sindicalistas filiados a partidos de oposição, como PT e PSOL, como trabalhadores que apoiaram Bolsonaro dentro das empresas Eletrobras, disse à Reuters o engenheiro Adão Sergio Gomes, de Furnas, subsidiária da estatal.
“Eu acredito que esse negócio de privatizar não vai acontecer… pode ser que venda alguns ativos… tem vários vídeos do Bolsonaro falando sobre isso (privatização da Eletrobras e subsidiárias). Eu acredito plenamente que o presidente vai fazer o que prometeu”, afirmou ele.
O funcionário de Furnas disse que fez forte campanha dentro da empresa a favor do então candidato do PSL durante as eleições. Na época, ele chegou a aparecer em um vídeo em que candidatos a deputado estadual e federal pelo PSL defendiam que Furnas não fosse privatizada e diziam que essa ideia tinha apoio de Bolsonaro e de seu filho Flávio Bolsonaro, hoje senador.
Procurado por meio da assessoria de imprensa, Flávio Bolsonaro não quis comentar.
Um dos candidatos que aparecem no vídeo, o hoje deputado estadual pelo Rio de Janeiro Rodrigo Amorim (PSL-RJ), confirmou à Reuters o conteúdo do material.
“É claro que hoje estamos tendo acesso a informações que, antes de Bolsonaro assumir, nós simplesmente não tínhamos. Estamos conhecendo um país que precisa cada vez mais diminuir o tamanho do Estado. Sou, por princípio, favorável às privatizações. Só que entendo que, no caso de Furnas e de outras estatais estratégicas, é preciso ainda mais transparência, cautela e avaliação de riscos e impactos”, defendeu ele, em nota.
Economia
Carteira de dividendos: veja os papéis mais recomendados para julho
A Petrobras foi a empresa mais indicada pelas instituições financeiras consultadas pela CNN para compor a carteira de melhores pagadoras de dividendos em julho.
O levantamento considerou as avaliações de Santander, Empiricus, XP, Guide, Ativa e BTG Pactual.
Os papéis mais recomendados foram:
- 5 recomendações: Petrobras;
- 4 recomendações: Banco do Brasil, CPFL e Vale;
- 3 recomendações: BB Seguridade, Eletrobras e Itaú.
Após um impasse sobre o pagamento ou não de dividendos extraordinários, o conselho de administração da Petrobras aprovou em abril o repasse de 50% do valor total, referente ao exercício de 2023.
Com a distribuição, a equipe de analistas do Santander avalia manter o peso dos papéis da estatal em sua carteira. Já o BTG, optou por ampliar sua exposição à estatal.
“Embora a companhia esteja sinalizando maiores investimentos, a verdadeira questão para nós é se esse aumento em potencial poderia sacrificar a capacidade da empresa de distribuir dividendos substanciais, e acreditamos que não”, aponta a equipe do BTG em relatório.
Momento de incertezas
O Ibovespa encerrou o pregão de sexta-feira (28), o último de junho, em queda de 0,32% no dia. Apesar de ter acumulado alta de 1,47% no mês, o índice caiu 7,66% no primeiro semestre deste ano.
O que se avalia é que as incertezas se mantém e o mercado seguirá se pautando por elas.
“O cenário local segue girando em torno da dificuldade do governo em convencer o mercado quanto ao seu comprometimento fiscal”, aponta a Ativa Investimentos em relatório.
O governo trabalha com a meta de zerar o déficit neste ano e no próximo — após alterar a meta de 2025, o que não foi favorável para a imagem de responsabilidade fiscal.
Apesar de o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assegurar que o arcabouço será cumprido, o mercado vê o déficit primário em 0,7% do Produto Interno Bruto neste ano.
Lula se reuniu nesta quarta-feira (3) com ministros da área econômica do governo. Após o encontro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que o presidente mantém seu compromisso com as contas públicas.
“A primeira coisa que o presidente determinou é ‘cumpra-se o arcabouço fiscal’. Não há discussão sobre esse respeito. Em 2024, 2025, 2026, o compromisso nosso é de cumprimento das leis complementares de finanças públicas”, comentou Haddad.
Segundo o chefe da equipe econômica, o governo realiza desde março um estudo entre os ministérios buscando despesas que podem ser cortadas. De acordo com Haddad, foram identificados R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias, cujo corte, segundo o ministro, já foi autorizado pelo presidente.
O economista-chefe da XP Inc., Caio Megale, apontou em entrevista ao WW de terça-feira (2) que além da questão fiscal, outro imbróglio do cenário doméstico também segue na mira do mercado: a questão monetária.
“Essa transição para o próximo presidente [do BC] é uma espada, de fato, na cabeça. A gente não sabe exatamente quem vai ser a próxima ou o próximo presidente, qual vai ser a visão de política monetária que essa pessoa vai ter na hora de conduzir a taxa de juros, de tomar as decisões”, pontuou Megale.
“Acho que dar uma clareza e maior transparência de como vai ser a gestão da política monetária depois da transição do Roberto Campos e medidas efetivas no sentido de controlar as despesas do lado fiscal, eu acho que é o que vai trazer uma tranquilidade [para o mercado].”
Economia
Venda de veículos eletrificados cresce 146% no primeiro semestre de 2024
Entre janeiro e junho, comercialização de automóveis registrou cerca de 79 mil vendas, de acordo com relatório da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE)
O comércio de automóveis movidos a eletricidade segue em crescimento no Brasil. No primeiro semestre de 2024, a venda de veículos leves eletrificados alcançou um total de 79.304 unidades em todo o país. Somente no último mês de junho, foram registrados 14.396 novos emplacamentos, o que representa a terceira melhor marca para um mês de toda a série histórica.
O número maior de vendas na metade inicial do ano indica um crescimento de 146% em relação ao primeiro semestre de 2023, e de 288% na comparação com o mesmo período de 2022. Além dos automóveis totalmente elétricos, também são incluídos na estatística os veículos parcialmente eletrificados – ou híbridos. Os dados foram levantados pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e divulgados nesta quarta-feira (3/7).
Com o avanço do número de vendas, a ABVE estima que o Brasil já atingiu a marca de 300 mil veículos comercializados desde o início da série histórica do levantamento, em 2012. Além disso, a previsão da associação para 2023 é que mais de 150 mil automóveis desta categoria sejam vendidos até o fim do ano em todo o território nacional, o que indica um crescimento de cerca de 60%.
No Brasil, ainda predominam os veículos elétricos plug-in, que se consolidaram no mercado nacional e representaram 69% de todas as vendas no primeiro semestre. Dentro desta categoria, estão incluídos os tipos BEV (totalmente elétricos) e PHEV (elétricos híbridos). Na sequência, os HEV convencionais (elétricos não plug-in a gasolina ou diesel) ficaram com 9,3% da parcela total de eletrificados vendidos.
Preocupação para o setor
Mesmo diante de um aumento das vendas, o setor de veículos elétricos está preocupado com o reajuste da tributação dos produtos. Desde a última segunda-feira (1º/7), passou a vigorar uma resolução que aumenta a alíquota para a importação de elétricos importados, de 10% para 18%. Em julho de 2025, sobe para 25%, até atingir 35% no ano seguinte.
“Temos ouvido notícias preocupantes sobre a antecipação da alíquota de 35% do Imposto de Importação de veículos elétricos, que estava prevista pelo Governo Federal somente para julho de 2026. Entendemos que, a se confirmar, essa antecipação configuraria uma lamentável quebra das regras estabelecidas há apenas seis meses pelo próprio governo”, avalia o presidente da ABVE, Ricardo Bastos.
Além disso, a associação teme a inclusão dos veículos elétricos no Imposto Seletivo, que é chamado popularmente de “imposto do pecado”. A lei foi estabelecida pela emenda constitucional da reforma tributária, aprovada no ano passado, com o objetivo de sobretaxar bens considerados danosos à saúde e ao meio ambiente.
Na avaliação da ABVE, a inclusão dos veículos eletrificados no IS “não faria sentido”, visto que esse tipo de automóvel emite menos gases de efeito estufa e reduz o nível de ruído nas cidades do país. “Eles são fatores decisivos para melhorar a qualidade de vida e diminuir as mortes associadas à poluição nas grandes cidades”. “Não nos parece cabível que esses veículos venham a ser taxados como se fossem produtos que fazem mal à saúde ou ao meio ambiente, o que absolutamente não é o caso”, conclui o presidente da associação.
Economia
Produção industrial cai 0,9% em maio, diz IBGE
No acumulado do ano, houve avanço de 2,5%
A produção industrial brasileira caiu 0,9% em maio em relação a abril. É o segundo recuo consecutivo, apontando retração de 1,7% no período. Com o resultado, o setor perdeu o ganho acumulado entre fevereiro e março deste ano (1,1%).
No acumulado nos últimos 12 meses, houve crescimento de 1,3%, o que acabou por reduzir a intensidade no ritmo de evolução se comparado ao resultado do mês anterior. Os dados foram anunciados nesta quarta-feira (3), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Os números fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quarta-feira (3) pelo órgão, que mostrou ainda avanço de 2,5% no acumulado dos cinco primeiros meses de 2024, se comparado ao mesmo período do ano anterior.
Influências
Nessa comparação, entre as atividades, as principais influências positivas na totalidade da indústria foram anotadas por produtos alimentícios (5,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,1%), indústrias extrativas (2,3%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (4,8%).
O gerente da pesquisa, André Macedo, disse que, em maio de 2024, a indústria apresentou “predominância de resultados negativos de forma geral”, com recuo na margem e na comparação com maio de 2023.
Houve, ainda, interrupção da trajetória ascendente no índice de média móvel trimestral e perda de intensidade no ritmo de expansão no acumulado do ano e dos 12 meses anteriores.
Nesse mês, a indústria intensificou a queda que já tinha sido registrada no mês anterior, e entre os fatores que explicam esse resultado, estão as chuvas no Rio Grande do Sul, que tiveram um impacto local maior, mas também influenciaram o resultado negativo na indústria do país, informou o texto publicado pelo IBGE.
Conforme a pesquisa, 16 das 25 atividades investigadas tiveram recuo em maio de 2024. Veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,7%) e produtos alimentícios (-4,0%) foram as duas maiores influências negativas para o resultado geral da indústria em maio.
O gerente afirmou, também, que esses dois setores foram prejudicados pelas enchentes do Rio Grande do Sul. No setor de veículos automotores, a paralisação das plantas industriais locais provocou impactos diretos e indiretos. Por causa do mau tempo, tanto as montadoras de veículos, quanto as fábricas de autopeças pararam com as produções e isso afetou também o abastecimento para a produção de bens finais no restante do país.
“Houve, por exemplo, a concessão de férias coletivas em uma planta industrial em São Paulo como forma de mitigar os efeitos das paralisações ocorridas em unidades produtoras de peças no Rio Grande do Sul”, completou.
Greve
Macedo acrescentou que a paralisação decorrente de greve em outra montadora e a base de comparação elevada também contribuíram para a queda de dois dígitos na atividade. Em abril, o setor de veículos registrou crescimento de 13,8%.
A atividade de produtos alimentícios, que responde por cerca de 15% da produção industrial do país, teve em maio o segundo mês seguido de queda. A perda acumulada no período é de 4,7%.
“A retração no processamento da cana-de-açúcar, por conta da condição climática menos favorável na segunda quinzena de maio, provocou uma queda pontual na produção do açúcar. Já entre os impactos negativos que podem ter a ver com as chuvas no Rio Grande do Sul estão as carnes de aves, de bovinos e de suínos e os derivados da soja, que são produtos que têm grande peso no setor”, explicou.
Outros setores que recuaram e influenciaram o resultado negativo do mês foram os de produtos químicos (-2,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%), produtos do fumo (-28,2%), metalurgia (-2,8%), máquinas e equipamentos (-3,5%), impressão e reprodução de gravações (-15,0%) e produtos diversos (-8,5%).
Os principais impactos positivos no resultado geral da indústria foram as indústrias extrativas (2,6%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,9%). De acordo com Macedo, esses segmentos têm grande peso e evitaram uma queda maior no resultado da indústria.
“O crescimento do setor extrativo veio após uma queda no mês anterior, ou seja, tem o efeito de uma base de comparação mais negativa. Também houve aumento na extração dos dois principais produtos, o petróleo e o minério de ferro”, afirmou.
As atividades de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (3,7%), produtos têxteis (2,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (1,5%), produtos de borracha e de material plástico (0,5%), outros equipamentos de transporte (0,2%), móveis (0,2%) e celulose, papel e produtos de papel (0,1%) também tiveram desempenho favorável.
“Ainda na comparação com abril, as quatro grandes categorias econômicas recuaram: bens de consumo duráveis (-5,7%), bens de capital (-2,7%), bens intermediários (-0,8%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,1%)”, pontuou o IBGE.
O recuo de 1,0% na comparação de maio de 2024 com maio do ano anterior teve influência dos resultados negativos de duas das quatro grandes categorias econômicas, 14 dos 25 ramos, 43 dos 80 grupos e 50,4% dos 789 produtos pesquisados, finalizou o IBGE.
Agência Brasil
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