Brasil
Governo de SP muda regras da quarentena, mas mantém comércio aberto
A decisão de deixar mais rígida a quarentena ocorre uma semana depois das festas de fim de ano. Especialistas em saúde alertaram a explosão de casos
O governo de São Paulo decidiu, nesta sexta-feira, 8, alterar algumas regras da quarentena no estado para deixar a mudança para fases mais difícil. Com isso, colocou 13 regiões na fase 3 amarela, e outras quatro regiões na fase 2 laranja. A escala vai de 1 vermelha – a mais restrita – até a 5 azul. A quarentena entra em vigor na segunda-feira, 11, e tem validade até dia 5 de fevereiro.
Isso significa que 90% da população do estado está na fase 3 amarela da quarentena, e 10% ficaram na fase 2 laranja. Na fase 3 amarela, o comércio pode abrir com 40% da capacidade, com algumas especificações de horário, sendo mais restrito no período noturno (veja abaixo).
A Grande São Paulo está nesta fase 3 amarela desde o começo de dezembro, e só teve alteração no horário máximo de abertura do comércio e de shoppings, que passou de 12 horas para 10 horas por dia.
Apesar de ter reduzido o horário de funcionamento na fase 3 amarela, na fase 2 laranja a abertura foi no sentido oposto e ficou mais flexível. Setores, como os bares e salões de beleza, que antes estavam proibidos de funcionar, agora podem abrir. A capacidade do comércio aumentou, de 20% para 40% (veja abaixo).
Ficaram na fase 2 laranja as regiões de Presidente Prudente, Marília, Sorocaba e Registro, estas três últimas ficaram com atividades mais restritas em relação à última classificação.
Além das mudanças no funcionamento do comércio, o comitê de saúde alterou critérios de classificação. Entre as novidades está na taxa de ocupação de leitos de UTI. Uma região vai para a fase 2 laranja, por exemplo, assim que atingir 70% de taxa de ocupação de leitos de UTI, antes era 75%.
A quarentena estava prevista para ser alterada no estado na quinta-feira, 7, mas o governador João Doria (PSDB) decidiu adiar a atualização por conta do anúncio de eficácia de 78% da vacina do Butantan/Sinovac em casos leves da doença nos testes realizados no Brasil.
A decisão de deixar mais rígida a quarentena, especialmente no período noturno, ocorre uma semana depois das festas de fim de ano, período em que diversos especialistas de saúde alertaram sobre aglomerações e que o resultado seria uma explosão de casos. O tempo de manifestação dos sintomas de covid-19 logo após o contato com o vírus se dá em até 14 dias, por isso, os números devem subir ainda mais nos próximos dias.
O estado São Paulo tem um total de 1.528.952 casos confirmados e 48.029 mortes causadas pela covid-19, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde. A média diária de novos casos está em 7.552 e se mantém neste patamar desde o começo de dezembro. Somente nos últimos três dias, os casos confirmados ficaram acima de 12.000, número comparado ao pico da doença no estado, no meio de 2020.
A taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 63% no estado e em 65% na Grande São Paulo. Todo o estado tem um total de 5.000 pessoas internadas em leitos de UTI.
Antes do Natal, o Centro de Contingência da Covid-19 do estado de São Paulo chegou a emitir uma carta se mostrando preocupado com as aglomerações das festas de fim de ano.
No período de festas, o governo de São Paulo decidiu deixar por poucos dias a quarentena mais restrita em todas as regiões. O objetivo do governo estadual foi frear o avanço da covid-19, que registou um aumento de 68% nos casos da doença no mês de dezembro. Mas os números apontam que a estratégia não se mostrou eficaz.
A Grande São Paulo está com uma taxa de ocupação de leitos de UTI de 65%. A média diária de internações (somando enfermaria e UTI) está em 758 uma das mais altas desde o começo de novembro. A média de casos está em 2.889, quase o dobro do registrado há dois meses.
Em algumas regiões do interior os dados são mais preocupantes. Em Sorocaba, a ocupação de leitos de UTI está com 74%, e a média diária de novas internações é de 56, valor que se mantém há um mês e é similar ao registrado no pico, em julho. Somente na quinta-feira, 7, foram registradas 70 internações, um dos mais altos números desde o início da pandemia.
Regras da quarentena válida nas regiões que estão na fase 3 amarela
- Capacidade de atendimento de comércio de rua, shoppings, bares, restaurantes e salões de beleza é de 40%, por no máximo 10 horas por dia, até as 22 horas. Antes os shoppings e comércio podiam abrir por 12 horas.
- Bares podem funcionar até as 20 horas.
- Restaurantes podem funcionar até as 22 horas, mas o serviço de bebida alcoólica precisa ser encerrado até 20 horas.
- Eventos com público em pé estão proibidos. Só são permitidos eventos com pessoas sentadas e capacidade de 40%. É necessária a venda antecipada de ingressos.
- Nas academias a capacidade máxima é de 40%.
- Os parques continuam abertos.
Regras da quarentena válida nas regiões que estão na fase 2 laranja
- Capacidade de atendimento de comércio de rua, shoppings, restaurantes é de 40%, por no máximo 8 horas por dia, até as 20 horas. Antes era capacidade de 20%, por 4 horas por dia.
- Salões de beleza podem abrir, com 40% da capacidade. Antes eles precisavam fechar.
- Bares só podem fazer atendimento no sistema delivery. Antes precisavam ficar fechados.
- Nas academias a capacidade máxima é de 40%. Antes precisavam ficar fechadas.
- Os parques continuam abertos.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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