Brasil
Governo de SP determina que hospitais não desmontem leitos de Covid-19 e que não agendem novas cirurgias eletivas
Decisão foi tomada após aumento de casos e internações em hospitais públicos e privados do estado. Após críticas por congelamento da classificação do plano de quarentena, governo decidiu voltar a realizar a análise a cada 14 dias e não mais a cada mês.
Após o aumento do número de internações e casos de coronavírus no estado, o governo de São Paulo anunciou nesta quinta-feira (19) que assinará um decreto determinando que os hospitais não desmobilizem os leitos que foram criados para atender exclusivamente pacientes da Covid-19.
Além disso, também serão suspensos os novos agendamentos de cirurgias eletivas de outras doenças, aquelas de casos que não são considerados emergenciais. Os atendimentos haviam sido retomados nos meses anteriores, quando houve queda dos indicadores da Covid-19.
“Essa elevação da curva [de internações] promove a necessidade de medidas estratégicas. Dessa maneira, o governo assina hoje um decreto que determina a todos os hospitais públicos, filantrópicos e privados a não desmobilização de qualquer leito, seja ele de UTI ou de enfermaria, voltados para o atendimento do Covid-19. Assim como a não realização de novos agendamentos de cirurgias eletivas, para que dessa forma possamos garantir leitos para todos os pacientes com Covid”, disse o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn.
Em coletiva realizada mais cedo nesta quinta, a Prefeitura de São Paulo negou que a cidade enfrente uma nova onda de Covid-19, mas afirmou que abriu 200 novos leitos para tratar casos leves da doença.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) admitiu aumento de ocupação de UTI, mas disse não ser necessária a adoção de medidas mais restritivas como o “lockdown”.
Restrições da quarentena
Após críticas por congelamento da classificação do Plano São Paulo, que define regras mais duras ou brandas da quarentena, o governo também decidiu nesta quinta voltar a realizar a análise a cada 14 dias, e não mais a cada mês.
“O período de um mês era adequado na curva descendente, como agora tivemos duas semanas consecutivas com aumento de internações nós estamos agora mudando para acompanhar a classificação a cada 14 dias. Se esta tendência se mantiver, os indicadores vão demonstrar e teremos sim que tomar medidas mais restritivas”, afirmou a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen.
Atualmente, os 39 municípios da Grande São Paulo estão oficialmente na fase verde do Plano São Paulo. Mas, nesta semana, a região já apresenta indicadores da epidemia de Covid-19 compatíveis com a fase amarela mais restritiva, graças à piora da doença na capital, nos municípios do Grande ABC, que compõe a sub-região Grande SP Leste, e na sub-região Grande SP Norte.
Segundo Patrícia Ellen, se a reclassificação tivesse acontecido no dia 16, oito regiões do estado estariam na fase verde.
“O agravamento dos indicadores [de internações] juntamente com a instabilidade de dados do governo federal que não nos permitiu ter uma visibilidade clara da variação dos casos e óbitos, foram as duas razões que nos fizeram tomar a decisão de postergar a reclassificação. Foi uma medida de prudência. Se nós tivéssemos realizada a classificação dia 16 de novembro, com os dados da data, nós levaríamos 8 regiões para a fase verde. A medida foi tomada exatamente porque observamos os primeiros sinais de recrudescimento.”
Aumento de internações
Na segunda-feira (16), a gestão estadual admitiu um aumento de 18% nas internações de casos suspeitos e confirmados da doença na última semana epidemiológica, que foi do dia 8 ao dia 14 de novembro, em relação à semana anterior: a média diária das novas internações subiu de 859 para 1.009.
Antes, mesmo com o alerta de médicos de hospitais particulares da capital e com dados oficiais que já apontavam para aumento na Grande São Paulo, o governo negava que a doença estava aumentando no estado.
Nesta quinta-feira (19), Gorinchteyn afirmou que o governo estadual ainda enfrenta dificuldades para interpretar os dados de internações. Ele citou a instabilidade no sistema Sivep-Gripe do Ministério da Saúde, que impediu a divulgação de dados entre os dias 6 e 10 e novembro e também o feriado 12 de outubro, quando funcionários trabalham em esquema de plantão e há redução na inserção de informações no sistema.
“A nossa dificuldade de interpretação dos dados é porque nós tivemos a semana do feriado e entre a 45ª e a 46ª semana nós somos então surpreendidos por um problema técnico, que se estendeu até há dois dias, quando os dados começaram de forma gradual a serem instituídos. Nós não conseguimos entender se eram os dados que eram represados e, por isso, aumentaram ou se realmente aumentaram e o quanto aumentaram, já que esses dados também estão sendo inseridos de forma paulatina, de forma gradual”, disse Gorinchteyn.
Segundo o secretário da Saúde, nesta quinta é observado aumento de 8% nas internações na semana epidemiológica. Os dados, no entanto, ainda não estão fechados, já que a semana epidemiológica que vai do dia 15 ao dia 21 de novembro.
Aumento da ocupação na capital
A taxa de ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) nos hospitais municipais da cidade de São Paulo por pacientes com Covid-19 chegou a 48% nesta quarta (18). O número é o maior registrado desde o dia 10 de agosto, quando a ocupação nos hospitais da Prefeitura era de 50%.
Essa taxa de ocupação cresceu 15% nos últimos sete dias, se comparada aos sete dias anteriores. Entre os dias 5 e 11 de novembro, a média da taxa de ocupação de UTI foi de 34%. Já entre os dias 12 e 18 de novembro, a média subiu para 39%. Os cálculos foram feitos pela GloboNews com base nos dados divulgados diariamente pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Nos hospitais contratualizados pela Prefeitura de SP — que são os hospitais particulares que têm leitos alugados pela gestão municipal desde maio—, o aumento foi ainda maior: 45%. Nos últimos sete dias, a média da ocupação foi de 48%. Nos sete dias anteriores, tinha sido de 33%.
UTIs lotadas em hospitais privados
Conforme o G1 publicou nesta quarta-feira (18), pacientes da capital paulista estão enfrentando dificuldades para conseguir vaga em leitos de UTI de hospitais da rede particular de São Paulo. Segundo relatos ouvidos pela reportagem, o aumento no número de internações por coronavírus seria o responsável pela lotação na rede privada na cidade.
Familiares de pacientes ouvidos pela reportagem afirmam que não conseguiram leitos nesta quarta-feira (18) em ao menos três grandes hospitais da cidade: Albert Einstein, Sírio-Libanês e São Luiz.
O problema afeta tanto pacientes com suspeita ou diagnóstico de Covid-19 quanto de outras doenças.
Em nota, o Hospital Israelita Albert Einstein não confirmou a falta de vagas, mas disse que no momento “há 91 leitos ocupados por pacientes com diagnóstico confirmado para a Covid-19” e que “da última semana de setembro ao dia 12 de novembro, a média de internações oscilou entre 50 e 55 pacientes com o novo coronavírus”.
Médicos que atuam na rede particular e municipal de SP também confirmam ao G1 a saturação do sistema particular. Um dos profissionais ouvidos pela reportagem revelou que nesta terça-feira (17), em seis horas de plantão em um hospital particular na Zona Oeste, atendeu ao menos 25 pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19.
Além da escassez de vagas, os funcionários dos hospitais privados estão sendo orientados a redobrar os critérios para liberação dos poucos leitos que ainda restam, principalmente de UTI.
De acordo com a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), a procura por exames para detecção da Covid-19 aumentou 30% nos últimos 15 dias. Já o percentual de resultados positivos aumentou 25% no mesmo período.
Médicos assustados
Em carta divulgada nesta quarta-feira (18) para parentes e amigos, um grupo de infectologistas de vários hospitais da capital se disseram “exaustos e surpresos” com o avanço dos casos de Covid-19 na cidade.
“Acreditamos que vocês estejam cansados de tudo isso, mas lembre-se que nós estamos muito mais”, afirmam. “Cada um tem que fazer sua parte porque nós, apesar de exaustos, não vamos deixar de fazer a nossa”, dizem os médicos.
A infectologista Marcela Capucho, uma das signatárias da carta, conta que o grupo se surpreendeu com a lotação das UTIs e enfermarias em São Paulo com casos de infecção por coronavírus.
“O que aconteceu foi que de duas semanas pra cá, os casos começaram a aumentar exponencialmente. A gente percebeu o aumento do número de casos, principalmente, no Pronto Socorro. As enfermarias começaram a ficar cheias novamente e as UTIs também”, conta Capucho em entrevista à TV Globo.
“A gente ficou um pouco assustado porque não esperava. Não deixa de ser um reflexo do que tem acontecido na sociedade como um todo. Que o pessoal basicamente perdeu o medo e começou a sair mais na rua, começou a se expor, começou a fazer festa… A gente vê o pessoal fazendo até festa de casamento. Isso, invariavelmente, ia levar a um aumento do número de casos”, afirma a médica.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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