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Flexibilidade e tecnologia: o que esperar do futuro do serviço público

Estudo analisa tendências para o funcionalismo público daqui a 10 anos, com destaque para avanços tecnológicos e novas habilidades que serão exigidas

Fila na porta de uma agência da Caixa para receber o auxílio emergencial (Bruna Prado/Getty Images)

Em um cenário de avanços tecnológicos, dados oficiais cada vez mais transparentes e novos desafios mundiais, o serviço público precisará se reinventar. A tendência é uma grande mudança de foco, com novas atribuições e contratações mais inteligentes para encarar os desafios das próximas décadas.

O assunto é discutido em estudo sobre a nova geração do serviço público, elaborado em parceria entre a Fundação Brava, a Fundação Lemann, o Instituto Humanize e a Republica.org, com o apoio do Institute for the Future (IFTF). O documento traz oito prognósticos possíveis para o futuro do funcionalismo público brasileiro.

Não é uma “previsão do futuro”, mas um mapeamento de tendências, destaca a gerente de projetos da Fundação Brava, Bruna Mattos. “São apontadas mudanças que já estão colocadas desde agora, para que possamos entender como elas podem se transformar em futuros prováveis daqui a 10 anos”, explica.

O estudo mostra um novo perfil do servidor, que será incentivado a atuar mais como solucionador de problemas do que como um burocrata. Na próxima década, serão cobradas habilidades diferentes das exigidas hoje. Além de ter conhecimento técnico, o servidor do futuro deve ser “empático, conselheiro, instrutor e restaurador social”.

Conforme as necessidades da sociedade se tornam mais complexas, os governos têm mais necessidade de trabalhadores voltados para a sociedade, diz o estudo. É nesse contexto que as habilidades sociais terão grande relevância, assim como possivelmente novas formas de contratação e qualificação.

Não será o fim dos concursos públicos, mas a seleção deverá levar em conta outros aspectos, além de capacidade técnica e conhecimento sobre leis e regulamentações. De acordo com a pesquisa, as pessoas que operam o governo precisarão ter empatia, entender o cidadão e dialogar com expectativas.

O estudo não questiona a validade dos concursos, mas aponta que o método atual não será suficiente para medir todas as dimensões necessárias para o trabalho daqui a 10 anos, quando as competências socioemocionais passarão a ser ainda mais importantes. “É preciso pensar  como criar um modelo de seleção que consiga mensurar esses elementos cada vez mais fundamentais, mas que não podem ser medidos em uma prova escrita”, diz Mattos.

Tecnologia

O novo servidor também precisará lidar com mudanças tecnológicas, com mais demandas por informações públicas e com a automação de várias funções hoje desempenhadas por pessoas. “Sem dúvidas, o servidor do futuro vai ter que ser um operador da tecnologia e resolver problemas complexos”, afirma Mattos.

Chefes de departamentos precisarão ter mais experiência em tecnologia, pois precisarão comunicar protocolos de privacidade e segurança tecnológica. Administradores de dados também terão tarefas importantes: proteger a privacidade dos dados, interpretar e divulgar informações em linguagem simples, uma das funções primordiais no novo serviço público.

Funcionários, serviços e departamentos não-humanos surgirão à medida que a inteligência artificial se tornar mais capaz de interpretar dados e gerar políticas em colaboração com seres humanos. Não significa que a mão-de-obra será substituída por máquinas, mas que o perfil do servidor será reavaliado e as funções serão bem diferentes das vistas hoje em dia.

O novo serviço público deve focar em habilidades pessoais que são exclusivas dos humanos. Ou seja, em fazer o que a tecnologia não pode replicar. “Em vez de imaginar um serviço público dominado por tecnologia avançada em detrimento dos funcionários humanos, devemos considerar como o futuro pode abrir espaço para que os servidores possam propor inovações e assumir funções nunca vistas antes”, diz o estudo.

Do ponto de vista organizacional, as secretarias temáticas, muito comuns atualmente, devem dar espaço para equipes que se formarão para resolver problemas complexos e depois serem recompostas. Pandemia, desigualdade social e mudanças climáticas são alguns exemplos de temas que devem ser tratados nesse tipo de estrutura.

“A estrutura governamental excessivamente rígida, com sua falta de comunicação, ineficiência e redundância, precisará adotar um modelo multifuncional para atender às necessidades cada vez mais complexas dos cidadãos e servidores públicos”, diz o estudo. “Em vez de receberem uma função específica, os bem-sucedidos serão contratados como ‘desembaraçadores’ em vários projetos, de acordo com a demanda.”

As responsabilidades também serão outras. Funcionários públicos, especialmente em países como o Brasil, serão forçados a fazer a transição de serem “guardiões neutros da legislação e da burocracia” para se tornarem ativistas que lutam para manter a democracia, segundo a pesquisa.

Mais transparência

O serviço público também vai ter um grande desafio em relação à comunicação dos dados: como administrar a transparência. Com informações cada vez mais públicas e tendência de que elas sejam “traduzidas” para a sociedade com mais clareza, cresce a pressão sobre o governo para gerir bem esses dados.

A tendência é que tudo relacionado ao governo tenha várias janelas abertas para averiguação — desde despesas governamentais a licenças climáticas e até tarefas diárias. Governos menos transparentes, nessa situação, terão dificuldade para manter informações em segredo.

Nesse cenário, funcionários públicos e políticos contarão cada vez mais com mecanismos de vigilância para medir a popularidade de leis e políticas. Os resultados serão usados para decidir quais legislações serão aplicadas e quais serão descontinuadas. As palavras-chave nesse processo serão flexibilidade e resiliência.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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