Brasil
FGTS Digital: oportunidade ou obrigação?
Data de implantação do novo sistema será divulgada ainda este ano, e as empresas terão alguns meses para ajustar seus processos internos
A digitalização das atividades do RH é uma tendência inevitável e muito bem-vinda, pois aumenta a eficiência e a produtividade dos profissionais e aprimora a gestão de negócios de todos os portes. A mais recente iniciativa nesse sentido é o FGTS Digital, que mudará toda a gestão da arrecadação dos recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
A data de implantação do novo sistema será divulgada ainda este ano, e as empresas terão alguns meses para ajustar seus processos internos – o governo montará inclusive um ambiente de testes, para que as empresas possam visualizar os dados reais e simular a emissão de guias pelo sistema.
Usando os dados declarados no eSocial, com o FGTS Digital as empresas poderão emitir suas guias de recolhimento com mais agilidade. Um dos recursos do novo sistema é a possibilidade de recolher várias competências em um mesmo documento, agilizando o trabalho do profissional do RH. Outra novidade é que processos como estorno, restituição, compensação e parcelamento de valores serão 100% digitais.
Esse é mais um passo importante para quebrar vários estereótipos que normalmente estão atrelados à imagem do RH e dos profissionais da área. A visão tradicional é daquele Departamento de Pessoal antigo, que depende de inúmeras planilhas para compartilhar as informações com o contador e tem dificuldade em fazer, por exemplo, a gestão de férias dos colaboradores ou a admissão de novos funcionários. Esse cenário, porém, mudou muito nos últimos anos.
A digitalização da sociedade e o avanço da tecnologia impulsionam o RH. Nesse sentido, iniciativas como o FGTS Digital mostram que o governo também está atento a essa oportunidade e enxerga possibilidades de melhoria em seus próprios controles. Para as empresas, esse também é um momento muito positivo.
Com a retomada dos negócios no pós-pandemia, já estamos vendo novos modelos de contratação, em regime híbrido ou remoto, e uma forte tendência de aumento da autonomia dos colaboradores. Soluções como a autogestão dos benefícios ou processos rápidos de onboarding a partir do aprendizado flexível e lifelong learning dão mais liberdade para que os colaboradores decidam como farão sua jornada na empresa – ao mesmo tempo em que atendem à necessidade dos negócios de capacitar rapidamente os times para novas demandas e processos.
Esse aumento da flexibilidade dos negócios e da autonomia das equipes se choca frontalmente com aquela imagem tradicional do RH como uma área engessada, cheia de processos manuais que são incompreensíveis para quem é de fora. O uso de tecnologia facilita a gestão da área, aproxima a realidade das obrigações trabalhistas da realidade do negócio e cria maneiras mais eficientes de fazer a gestão das empresas.
Um bom exemplo disso acontece com o próprio FGTS Digital. Utilizando as informações do eSocial como base de dados, o sistema evita duplicidade de informação e evita retrabalhos. Dessa forma, as empresas inserem os dados dos colaboradores em um único sistema do governo, que cuida de replicar essas informações para onde for necessário. Essa forma de trabalho também simplifica o cálculo de impostos e guias, já que parte de informações que a própria empresa informou anteriormente.
Além disso, como a nova plataforma vai substituir o processo via GFIP/Conectividade Social, também diminui a complexidade de lidar com as questões trabalhistas em razão de possíveis erros – já que o relacionamento da empresa com o FGTS passa a ser feito em um único lugar e com mais agilidade.
Hora da virada para o RH
A área de Recursos Humanos sempre foi essencial para o funcionamento de qualquer negócio. Seja pelas questões ligadas à motivação, engajamento e benefícios, seja pelo relacionamento com o governo e a emissão de guias e atendimento aos processos de controle criados pelas autoridades. Mas, normalmente, o RH é visto mais como um mal necessário do que como uma oportunidade estratégica.
O FGTS Digital pode ser um bom gatilho para acelerar uma mudança na visão tradicional sobre o RH. Afinal de contas, a possibilidade de dar mais produtividade e eficiência para as tarefas do setor abre espaço para que os profissionais usem seu tempo de maneira mais estratégica. Nos tempos 100% analógicos (felizmente já no passado), era inviável discutir qualquer coisa com o então Departamento de Pessoal no início de cada mês, porque todo o time estava concentrado em gerar a folha de pagamento e, a partir daí, cumprir todas as obrigações com o governo, emitindo diversos relatórios com informações parecidas para diversos órgãos estatais.
Nos últimos anos, esse processo vem sendo cada vez mais simplificado – inclusive com a ajuda de soluções de mercado que automatizam o fluxo de emissão de documentos. Com a LGPD, manter o controle, a segurança e a privacidade das informações se tornou ainda mais importante – e os profissionais de RH passaram a ser ainda mais relevantes como usuários desses dados e guardiões de informações estratégicas para o negócio.
Com o FGTS Digital trazendo um novo grau de automatização às relações com o governo, profissionais de RH que estiverem equipados com plataformas de gestão podem ampliar ainda mais os benefícios do uso de tecnologia. Com isso, podem dedicar mais tempo a propor melhorias na gestão, nos programas de benefícios e nas atividades do negócio, em vez de concentrar sua atenção em atender a demandas burocráticas, que são necessárias mas não agregam tanto valor para a empresa.
Este momento pode ser uma grande oportunidade para o RH aumentar sua importância estratégica no dia a dia dos negócios. Ou pode ser apenas mais uma adaptação às exigências de controle por parte do governo federal. Quem escolhe é você.
*Marcelo Furtado é administrador de empresas e cofundador e CEO da Convenia
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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