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EUA usam dólar como arma de terrorismo econômico e Brasil deve se proteger, diz analista

A assinatura de acordo entre Brasil e China para reduzir uso do dólar poderá diminuir o custo de transações e acelerar o comércio. Mas o Palácio do Planalto deve estar preparado para retaliação dos EUA na forma de sabotagem econômica, alerta economista.

© AP Photo / Mark Lennihan

Nesta quarta-feira (29), Brasil e China firmaram acordo que permite a realização de transações comerciais sem o uso do dólar. O tratado permitirá que exportadores brasileiros façam conversões diretas entre o real e o yuan, a moeda chinesa.
O uso do novo sistema promovido pela China é opcional. Logo, empresas brasileiras poderão, pela primeira vez, escolher entre dois sistemas diferentes para realizar operações comerciais.
De acordo com a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, o acordo tem o intuito de reduzir os custos das transações entre os países. Mas, para o mestre em economista pela Universidade Federal Fluminense e assessor parlamentar David Deccache, o acordo garante sobretudo ganhos geopolíticos para o Brasil.
“O maior ganho do acordo é a diversificação do risco geopolítico. Agora temos dois sistemas opcionais para realizar operações, e não apenas um. Portanto não estamos mais totalmente subordinados à hegemonia do dólar”, disse Deccache à Sputnik Brasil.
O acordo também representa um ganho tecnológico, uma vez que o sistema [de pagamentos internacionais] ocidental Swift “ainda é muito lento”.
O presidente chinês Xi Jinping faz um discurso na cerimônia de encerramento do Congresso Nacional Popular da China em Pequim, 13 de março de 2023. - Sputnik Brasil, 1920, 31.03.2023
O presidente chinês Xi Jinping faz um discurso na cerimônia de encerramento do Congresso Nacional Popular da China em Pequim, 13 de março de 2023.
“A China avançou muito em sistemas atrelados a moeda digital do seu Banco Central, baseada em tecnologia blockchain”, relatou Deccache. “Isso dá mais segurança e agilidade ao processo.”
A secretária do Ministério da Fazenda também notou que o novo sistema garante que Brasil e China se protejam de flutuações cambiais, garantindo maior previsibilidade das taxas de câmbio, conforme reportou o jornal Estado de São Paulo.
“Com a diversificação das transações cambiais ficamos menos reféns das volatilidades em dólar”, concordou o economista Deccache.
O vice-presidente da China, Wang Qishan, dá os cumprimentos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a posse. Brasília, Brasil, 1º de janeiro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 31.03.2023
O vice-presidente da China, Wang Qishan, dá os cumprimentos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a posse. Brasília, Brasil, 1º de janeiro de 2023
Pequim é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em 2022, 26,8% das exportações brasileiras foram destinadas à China, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (SECEX-MDIC). Já as importações brasileiras de produtos chineses respondem por 22,3% do total e apresentam tendência de alta.
“O jogo geopolítico começou a virar. Estamos em uma trajetória de queda das transações em dólar, do uso do sistema Swift e do acúmulo de reservas internacionais em dólares”, relatou o economista.

Reação dos EUA?

A promoção de acordos que diminuem o uso do dólar deve gerar reações por parte de Washington, já que o uso da sua moeda lhes garante privilégios econômicos significativos em relação ao resto do mundo.
“O uso internacional do dólar é um privilégio exorbitante dos EUA […] e último pilar do imperialismo norte-americano”, declarou Deccache.
Nesse sentido, acordos para diminuir o uso do dólar podem representar um risco para Washington. A China promove acordos desse tipo com diversos países, como Arábia Saudita, Chile, Argentina e Rússia, como política de longo prazo para diminuir sua vulnerabilidade em relação ao dólar em meio a tensões geopolíticas entre grandes potências.
Presidente Joe Biden caminha no gramado sul da Casa Branca antes de embarcar no Marine One na sexta-feira, 28 de janeiro de 2022, em Washington. Biden está a caminho de Pittsburgh. - Sputnik Brasil, 1920, 31.03.2023
Presidente Joe Biden caminha no gramado sul da Casa Branca antes de embarcar no Marine One na sexta-feira, 28 de janeiro de 2022, em Washington. Biden está a caminho de Pittsburgh.
Para Deccache, o Brasil deve se preparar para período turbulento de transição de poder internacional e se resguardar do risco imposto pela dependência do dólar.
“A hegemonia do dólar é uma arma de terrorismo econômico utilizada pelos EUA”, declarou o economista. “Estratégias de sabotagem econômica, como ataques a nossa moeda, podem voltar a acontecer e o governo precisa se preparar pra isso.”
O especialista aponta, no entanto, que o governo Lula mantém posição dúbia ao, por um lado, adotar uma política econômica alinhada às normas do Ocidente e, por outro, uma política externa de questionamento.
Fernando Haddad, Lula e Celso Amorim participam do lançamento do livro de fotos 'O Brasil no mundo- 8 anos de governo Lula' com fotos de Ricardo Stuckert, 22 de agosto de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 31.03.2023
Fernando Haddad, Lula e Celso Amorim participam do lançamento do livro de fotos ‘O Brasil no mundo- 8 anos de governo Lula’ com fotos de Ricardo Stuckert, 22 de agosto de 2022
“Eles se subordinam às diretrizes econômicas da ortodoxia ocidental, discutindo regras fiscais com base em padrões dos EUA, ao mesmo tempo em que discutem relações internacionais em outro padrão”, apontou Deccache. “Então temos um choque.”
O acordo com a China poderá ser um primeiro passo rumo à adoção de uma política de longo prazo para que o Brasil navegue “essa fase histórica muito interessante de transição de poder”.
“Em determinados momentos temos duas opções: ou adiar o conflito, ser pego despreparado para ele, e, logo, acabar sendo destruído; ou encarar que o conflito existe e se preparar para ele”, concluiu o economista.
No dia 29 de março, Brasil e China firmaram acordo para realização de transações em moedas locais, durante o Fórum de Negócios Brasil-China, realizado em Pequim. O acordo prevê o uso do Banco Industrial e Comercial da China como câmara de compensação e tem o intuito de reduzir os custos de transações entre os países, conforme declarou o Ministério da Fazenda brasileiro.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

 

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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