Brasil
Empresariado brasileiro quer democracia e eleições livres
Pesquisa da Fundação Tide Setúbal e Instituto Sivis mostrou também que maioria está aberta a mudar a opinião que defende
A maioria do empresariado brasileiro concorda que a democracia é a melhor forma de governo e para mantê-la é preciso garantir eleições livres. A maior parte acha aceitável haver divergência política numa sociedade e está aberta a mudar a opinião que defende se ouvir argumentos convincentes num debate com pessoas que pensam diferente. Entretanto, há uma fatia considerável insatisfeita com a atual situação da democracia no Brasil e existe uma pequena porcentagem que não se declarou contra a tortura, independentemente das circunstâncias.
Essas são algumas das conclusões de uma pesquisa da Fundação Tide Setúbal e Instituto Sivis divulgada nesta terça-feira (9), na qual foram ouvidos 417 empresários em todas as regiões do país, entre maio e julho deste ano. A pesquisa constatou também que os homens mais velhos se declaram mais interessados em política do que os mais jovens em geral e do que as mulheres. O objetivo do estudo, segundo seus coordenadores, foi revelar os aspectos da cultura política do setor empresarial, procurando caracterizar os seus principais valores, atitudes e comportamentos políticos.
Principais resultados:
GERAL
- A imensa maioria dos empresários (91%) concorda que, apesar de ter alguns problemas, a democracia é preferível a qualquer outra forma de governo;
- 74,1% dos empresários estão dispostos ou muito dispostos a mudar de opinião quando confrontados com argumentos convincentes em um debate com adversários políticos;
- A imensa maioria dos empresários (98%) avalia que é importante que haja eleições livres e justas no país para que eles e seus negócios prosperem;
- 79,6% dos entrevistados concordam totalmente ou em parte com a noção de que pessoas aprisionadas são também merecedoras de respeito e dignidade;
- 82,5% da amostra concordou (totalmente ou em parte) que “ninguém deve ser sujeito à tortura, independentemente das circunstâncias”; 83,7% consideram “aceitável” ou “muito aceitável” a existência da divergência política;
- “Em tempos difíceis, a mídia não deveria divulgar notícias que prejudiquem o governo ou os políticos que estiverem tentando melhorar a situação do país, mesmo que tais notícias sejam verdadeiras”. A maioria dos empresários (65,1%) discorda (em parte ou totalmente) de tal relativização;
- 81,5% dos empresários concordam totalmente ou em parte que eles também são responsáveis por trabalhar pela solução dos problemas sociais do país.
GÊNERO
- 89% dos empresários do sexo masculino sentem que entendem bem os assuntos políticos mais importantes do país, contra 68% das empresárias do sexo feminino;
- 68% dos empresários do sexo masculino se dizem muito interessados por política, contra 39% das empresárias do sexo feminino;
- A imensa maioria dos empresários (96%) julga que as mulheres devem possuir os mesmos direitos que os homens;
FAIXA ETÁRIA
- 63,8% dos empresários idosos se consideram interessados pela política, contra 48% dos jovens;
- 76,4% dos jovens discordam da relativização da democracia, contra 56,7% dos idosos;
- 88% dos empresários idosos acreditam que ninguém deve ser sujeito à tortura independentemente das circunstâncias, contra 72% dos jovens;
- 48% dos empresários idosos consideram que a meta de proteger a liberdade de expressão no país deveria ser prioritária nos próximos anos, ao passo que 41% dos jovens empresários acreditam que a meta prioritária deveria ser combater a inflação;
- 67% dos empresários idosos estão insatisfeitos com o funcionamento da democracia no Brasil, contra 45% dos jovens empresários;
GRAU DE ESCOLARIDADE
- 85% dos empresários com pós-graduação ou nível de escolaridade acima concordam que pessoas aprisionadas são também merecedoras de respeito e dignidade, contra 67% dos empresários com até ensino superior incompleto;
- 75% dos empresários com pós-graduação ou nível de escolaridade acima relatam que frequentemente dialogam com pessoas com opiniões políticas opostas às deles, contra 58% dos empresários com até ensino superior incompleto;
- Empresários mais escolarizados demonstram interesse substancialmente maior por política em comparação aos menos escolarizados – 72,7% com muito interesse entre os que têm pós-graduação ou nível de escolaridade acima, ante 59,8% entre os que têm até o ensino superior incompleto;
- Empresários altamente escolarizados são mais propensos a rejeitar a relativização da democracia do que aqueles com menor escolaridade – 77,3% de discordância entre os empresários com pós-graduação ou nível de escolaridade acima, ante 61% entre aqueles com até ensino superior incompleto.
REGIONAL
- 95% dos empresários da região Centro-Oeste acreditam que é importante obedecer às leis e ao governo independentemente de os políticos no poder serem aqueles nos quais votaram ou não, contra 82% dos empresários do Nordeste;
- 90% dos empresários da região Centro-Oeste discordam de que, para pessoas como eles, tanto faz ser governado por um regime democrático ou não, contra 77% dos empresários do Norte.
O estudo envolveu 417 empresários brasileiros entre os dias 20/5 e 8/7. A amostragem utilizada seguiu a proporção de três variáveis-chave para caracterização das empresas: região do País (Sudeste, Sul, Nordeste e Centro-Oeste + Norte), setor (serviço, comércio e indústria) e tamanho (pequena, média e grande). Os resultados também podem ser recortados por gênero, faixa etária e grau de escolaridade.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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