Economia
Empregados e desconfiados: trabalhadores veem riscos mesmo com desemprego em queda
Dados locais de pesquisa Ibre/FGV mostram o que pensam trabalhadores nas diferentes regiões do Brasil
Do começo de 2021 até o fim de 2022, o desemprego no Brasil passou de quase 15%, um recorde da série histórica, para perto de 9%, o melhor patamar desde 2015. Apesar disso, parcela relevante dos trabalhadores ainda se sente pouco confiante sobre sua estabilidade, tem medo de não obter renda suficiente para as despesas e, no grupo que trabalha por conta própria, a maioria deseja deixar essa condição.
As informações são de dados regionais da Sondagem Mensal do Mercado de Trabalho, realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre). Feita com amostra representativa da população brasileira em momentos do segundo semestre de 2022, a pesquisa busca medir questões qualitativas sobre o mercado de trabalho: se trabalhadores desejam se formalizar, o quanto veem riscos em perder sua
Parte dos dados já haviam sido divulgados pelo Ibre em dezembro, no lançamento da pesquisa, mas a instituição apresentou neste mês recortes por localidade, então inéditos. Os dados mostram forte disparidade regional em alguns quesitos: mais trabalhadores nas regiões Norte e Nordeste veem risco de perder a principal fonte de renda em um ano e entraram no trabalho por conta própria para fugir do desemprego. Já no Sudeste estão os trabalhadores mais insatisfeitos com sua atual ocupação, questionando remunerações baixas e poucos benefícios.
Em todo o país, um risco constante é a baixa taxa de poupança, com a maioria sem ter renda para mais de três meses caso percam o principal emprego. Nesse cenário, a maioria dos brasileiros também aponta um afastamento por doença ou não conseguir arcar com as despesas como os maiores riscos de longo prazo para suas famílias. Veja abaixo os principais resultados da pesquisa.
1 – Trabalhadores por conta própria desejam deixar a categoria
A maioria dos trabalhadores por conta própria deseja deixar essa categoria. Um total de 69,6% dos que trabalham por conta própria responderam que gostariam de ser empregados “em uma empresa privada ou pública”.
- O percentual é maior no Nordeste (quase 77% desejam ser empregados numa empresa);
- E é menor no Sul (60% desejam ser empregados e 40% quer continuar na condição de trabalhador por conta própria).
“Os dois principais fatores citados foram a questão de querer ter um rendimento fixo, fugir um pouco dessa incerteza de o quanto você vai receber no mês, e ter acesso a benefícios que as empresas costumam dar”, diz Rodolpho Tobler, economista do FGV/Ibre e responsável pelo estudo, em apresentação dos dados no início do mês.
Números já existentes da Pnad/IBGE mostram que o rendimento médio de um trabalhador por conta própria (R$ 2142) é na faixa de R$ 400 a menos do que os demais empregados nacionalmente. A maior diferença está no Nordeste, onde um trabalhador por conta própria não só ganha menos do que a média nacional (R$ 1.249), como recebe mais de R$ 500 a menos do que a média dos outros empregados. No Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a diferença é menor ou quase inexistente.
O contingente de trabalhadores por conta própria no Brasil é atualmente de mais de 25 milhões de pessoas, quase 26% do total de 100 milhões de ocupados, diz o IBGE.
2 – Flexibilidade e desemprego são motivos
Os motivos que levaram essa população a trabalhar por conta própria variam nas regiões, embora a maioria dos brasileiros cite razões de dificuldade na situação empregatícia anterior (desemprego, necessidade de renda extra ou dificuldade em encontrar bons salários). No Norte, mais de 50% começaram a trabalhar por conta própria para fugir do desemprego, acima da média nacional, de 32%.
Em seguida, vêm a possibilidade de independência e flexibilidade de horário. Nas regiões Sul e Sudeste, a flexibilidade foi o que motivou perto de 30% dos trabalhadores a escolher essa categoria.
Para o Ibre, as respostas distintas mostram que “existem dois lados na categoria”: o dos que trabalham por conta própria por “necessidade” e o cenário de “uma nova dinâmica do mercado de trabalho, onde eles escolhem estar ali”.
3 – Renda para só três meses
Para todos os trabalhadores que estavam ocupados, por conta própria ou não, há um cenário arriscado nas finanças pessoais. Se perdesse o principal emprego, mais de um em cada seis brasileiros (66,5%) só conseguiria sustentar a família por períodos curtos, de até três meses.
Maquininha da Stone sendo usada para pagamento por aproximação em comercio foto: Leandro Fonseca data: 19/08/2020 – pagamento digital
Comércio: reserva financeira perigosamente curta em todas as regiões do Brasil (Leandro Fonseca/Exame)
Especialistas em finanças pessoais recomendam uma chamada “reserva de emergência” de seis meses — ou até 12 meses no caso de autônomos —, mas os dados mostram que essa é ainda uma realidade distante para boa parte da população, trazendo risco adicional às famílias.
O contingente é pior no Norte e no Nordeste, com mais de 70% sem conseguir se sustentar por mais de três meses caso perca o principal empregou ou fonte de renda;
A região com menores taxas foi o Sudeste, embora ainda com a maioria tendo sustento por curto período (61% conseguiriam se sustentar por até três meses e cerca de 39% por mais tempo).
4 – Risco de perder o emprego alto em Norte e Nordeste
O risco que os trabalhadores enxergam em perder o emprego ou a principal fonte de renda é mais alto nas regiões Norte e Nordeste, mesmo com o desemprego em queda.
O Norte foi a única região onde uma maioria vê a chance de perder o emprego nos próximos 12 meses como “muito provável ou provável”. No Nordeste, houve empate, com 50% vendo a chance como provável e 50% como improvável.
A maior estabilidade percebida pelos trabalhadores ocorreu no Sul, onde só 33% acreditam que é “muito provável ou provável” que percam a fonte principal de renda ao longo do ano. Em seguida vêm Sudeste e Centro-Oeste, na casa dos 38%.
Ao longo dos anos, Nordeste e Norte têm as maiores taxas de informalidade do Brasil e maior fatia trabalhando por conta própria acima da média nacional, o que tende a explicar a maior percepção de insegurança, diz o Ibre.
Ainda assim, em todo o Brasil, a taxa de informalidade é historicamente alta, sempre na faixa dos 40%, mesmo em momentos de bonança econômica.
Comércio na 25 de março, em São Paulo: informalidade alta é uma das explicações para risco sentido pelos trabalhadores na pesquisa (Eduardo Frazão/Exame)
Atualmente, segundo o IBGE, a média nacional é de 39% dos trabalhadores na informalidade (mesmo no Sul, a região menos informal, o número fica em 30%). São quase 39 milhões de informais no Brasil, que incluem tanto trabalhadores por conta própria não-formalizados (que não abriram CNPJ) quanto empregados sem carteira assinada.
5 – Sul e Sudeste temem perder renda no futuro
Em um horizonte de longo prazo, nos próximo três anos, ficar doente ou incapacitado foi apontado como o principal risco para os trabalhadores brasileiros e suas famílias, cenário apontado por 59%. O percentual foi parecido em todas as regiões.
Fatores relativos à renda foram os próximos na lista de maiores riscos. E embora as regiões Sul e Sudeste tenham apontado a estabilidade no emprego atual como provável, essas localidades lideram nas preocupações de longo prazo sobre sua renda.
- O Sudeste liderou dentre os que apontaram “dificuldade em cobrir todas as despesas” como um dos principais riscos nos próximo três anos (mais de 50%, ante média nacional de 47%);
- O Sul liderou dentre os que apontaram “perder a principal fonte de renda” (mais de 50%, ante média nacional de 39%);
Já crime ou violência é o quarto risco mais apontado para os entrevistados e suas famílias, com o Sul liderando, com mais de 45% citando esse tema, acima da média nacional de 36%. (Os entrevistados poderiam escolher mais de uma opção na lista de riscos no horizonte.)
6 – Sudeste mais insatisfeito
Mesmo com os problemas elencados, os brasileiros, de modo geral, se mostraram satisfeitos com o próprio trabalho, diz o Ibre. Os mais satisfeitos estão no Sul (só 16,5% insatisfeitos), e as demais regiões ficaram na casa dos 20% a menos de 30% de insatisfação.
A diferença foi no Sudeste, que liderou com quase 34% de insatisfeitos.
Perguntados sobre um ou mais motivos para a insatisfação, o Sudeste foi a região onde mais pessoas (na casa dos 75%) apontaram a “remuneração baixa” como razão, à frente da média nacional (64%).
Ainda em frentes relacionadas à remuneração, os sudestinos também foram os que mais criticaram o “pouco ou nenhum benefício” em suas ocupações, mais que o restante dos brasileiros (quase 50%, ante 43% na média nacional). O Sudeste tem média salarial maior do que as demais regiões, embora o custo de vida seja igualmente elevado em muitos lugares.
- Já Norte e Nordeste se queixaram mais do que a média por insegurança ao terem um trabalho temporário: pouco mais de 30%, ante média de 24%).
- No caso específico do Nordeste, uma fatia muito maior que a média também se queixou de carga horária elevada (quase 38%, ante média nacional de 21%).
No todo, o Nordeste foi o campeão nacional em “satisfação com a vida em geral”, com nota 7,6, frente à média de 7,2 do Brasil. O menos satisfeito foi o Norte (6,8). “Sendo uma região com grande insegurança de renda e com alguma insatisfação em questões trabalhistas importantes, o resultado sugere que a percepção subjetiva de bem-estar na região é determinada por outros fatores”, diz o Ibre.
Economia
Carteira de dividendos: veja os papéis mais recomendados para julho
A Petrobras foi a empresa mais indicada pelas instituições financeiras consultadas pela CNN para compor a carteira de melhores pagadoras de dividendos em julho.
O levantamento considerou as avaliações de Santander, Empiricus, XP, Guide, Ativa e BTG Pactual.
Os papéis mais recomendados foram:
- 5 recomendações: Petrobras;
- 4 recomendações: Banco do Brasil, CPFL e Vale;
- 3 recomendações: BB Seguridade, Eletrobras e Itaú.
Após um impasse sobre o pagamento ou não de dividendos extraordinários, o conselho de administração da Petrobras aprovou em abril o repasse de 50% do valor total, referente ao exercício de 2023.
Com a distribuição, a equipe de analistas do Santander avalia manter o peso dos papéis da estatal em sua carteira. Já o BTG, optou por ampliar sua exposição à estatal.
“Embora a companhia esteja sinalizando maiores investimentos, a verdadeira questão para nós é se esse aumento em potencial poderia sacrificar a capacidade da empresa de distribuir dividendos substanciais, e acreditamos que não”, aponta a equipe do BTG em relatório.
Momento de incertezas
O Ibovespa encerrou o pregão de sexta-feira (28), o último de junho, em queda de 0,32% no dia. Apesar de ter acumulado alta de 1,47% no mês, o índice caiu 7,66% no primeiro semestre deste ano.
O que se avalia é que as incertezas se mantém e o mercado seguirá se pautando por elas.
“O cenário local segue girando em torno da dificuldade do governo em convencer o mercado quanto ao seu comprometimento fiscal”, aponta a Ativa Investimentos em relatório.
O governo trabalha com a meta de zerar o déficit neste ano e no próximo — após alterar a meta de 2025, o que não foi favorável para a imagem de responsabilidade fiscal.
Apesar de o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assegurar que o arcabouço será cumprido, o mercado vê o déficit primário em 0,7% do Produto Interno Bruto neste ano.
Lula se reuniu nesta quarta-feira (3) com ministros da área econômica do governo. Após o encontro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que o presidente mantém seu compromisso com as contas públicas.
“A primeira coisa que o presidente determinou é ‘cumpra-se o arcabouço fiscal’. Não há discussão sobre esse respeito. Em 2024, 2025, 2026, o compromisso nosso é de cumprimento das leis complementares de finanças públicas”, comentou Haddad.
Segundo o chefe da equipe econômica, o governo realiza desde março um estudo entre os ministérios buscando despesas que podem ser cortadas. De acordo com Haddad, foram identificados R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias, cujo corte, segundo o ministro, já foi autorizado pelo presidente.
O economista-chefe da XP Inc., Caio Megale, apontou em entrevista ao WW de terça-feira (2) que além da questão fiscal, outro imbróglio do cenário doméstico também segue na mira do mercado: a questão monetária.
“Essa transição para o próximo presidente [do BC] é uma espada, de fato, na cabeça. A gente não sabe exatamente quem vai ser a próxima ou o próximo presidente, qual vai ser a visão de política monetária que essa pessoa vai ter na hora de conduzir a taxa de juros, de tomar as decisões”, pontuou Megale.
“Acho que dar uma clareza e maior transparência de como vai ser a gestão da política monetária depois da transição do Roberto Campos e medidas efetivas no sentido de controlar as despesas do lado fiscal, eu acho que é o que vai trazer uma tranquilidade [para o mercado].”
Economia
Venda de veículos eletrificados cresce 146% no primeiro semestre de 2024
Entre janeiro e junho, comercialização de automóveis registrou cerca de 79 mil vendas, de acordo com relatório da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE)
O comércio de automóveis movidos a eletricidade segue em crescimento no Brasil. No primeiro semestre de 2024, a venda de veículos leves eletrificados alcançou um total de 79.304 unidades em todo o país. Somente no último mês de junho, foram registrados 14.396 novos emplacamentos, o que representa a terceira melhor marca para um mês de toda a série histórica.
O número maior de vendas na metade inicial do ano indica um crescimento de 146% em relação ao primeiro semestre de 2023, e de 288% na comparação com o mesmo período de 2022. Além dos automóveis totalmente elétricos, também são incluídos na estatística os veículos parcialmente eletrificados – ou híbridos. Os dados foram levantados pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e divulgados nesta quarta-feira (3/7).
Com o avanço do número de vendas, a ABVE estima que o Brasil já atingiu a marca de 300 mil veículos comercializados desde o início da série histórica do levantamento, em 2012. Além disso, a previsão da associação para 2023 é que mais de 150 mil automóveis desta categoria sejam vendidos até o fim do ano em todo o território nacional, o que indica um crescimento de cerca de 60%.
No Brasil, ainda predominam os veículos elétricos plug-in, que se consolidaram no mercado nacional e representaram 69% de todas as vendas no primeiro semestre. Dentro desta categoria, estão incluídos os tipos BEV (totalmente elétricos) e PHEV (elétricos híbridos). Na sequência, os HEV convencionais (elétricos não plug-in a gasolina ou diesel) ficaram com 9,3% da parcela total de eletrificados vendidos.
Preocupação para o setor
Mesmo diante de um aumento das vendas, o setor de veículos elétricos está preocupado com o reajuste da tributação dos produtos. Desde a última segunda-feira (1º/7), passou a vigorar uma resolução que aumenta a alíquota para a importação de elétricos importados, de 10% para 18%. Em julho de 2025, sobe para 25%, até atingir 35% no ano seguinte.
“Temos ouvido notícias preocupantes sobre a antecipação da alíquota de 35% do Imposto de Importação de veículos elétricos, que estava prevista pelo Governo Federal somente para julho de 2026. Entendemos que, a se confirmar, essa antecipação configuraria uma lamentável quebra das regras estabelecidas há apenas seis meses pelo próprio governo”, avalia o presidente da ABVE, Ricardo Bastos.
Além disso, a associação teme a inclusão dos veículos elétricos no Imposto Seletivo, que é chamado popularmente de “imposto do pecado”. A lei foi estabelecida pela emenda constitucional da reforma tributária, aprovada no ano passado, com o objetivo de sobretaxar bens considerados danosos à saúde e ao meio ambiente.
Na avaliação da ABVE, a inclusão dos veículos eletrificados no IS “não faria sentido”, visto que esse tipo de automóvel emite menos gases de efeito estufa e reduz o nível de ruído nas cidades do país. “Eles são fatores decisivos para melhorar a qualidade de vida e diminuir as mortes associadas à poluição nas grandes cidades”. “Não nos parece cabível que esses veículos venham a ser taxados como se fossem produtos que fazem mal à saúde ou ao meio ambiente, o que absolutamente não é o caso”, conclui o presidente da associação.
Economia
Produção industrial cai 0,9% em maio, diz IBGE
No acumulado do ano, houve avanço de 2,5%
A produção industrial brasileira caiu 0,9% em maio em relação a abril. É o segundo recuo consecutivo, apontando retração de 1,7% no período. Com o resultado, o setor perdeu o ganho acumulado entre fevereiro e março deste ano (1,1%).
No acumulado nos últimos 12 meses, houve crescimento de 1,3%, o que acabou por reduzir a intensidade no ritmo de evolução se comparado ao resultado do mês anterior. Os dados foram anunciados nesta quarta-feira (3), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Os números fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quarta-feira (3) pelo órgão, que mostrou ainda avanço de 2,5% no acumulado dos cinco primeiros meses de 2024, se comparado ao mesmo período do ano anterior.
Influências
Nessa comparação, entre as atividades, as principais influências positivas na totalidade da indústria foram anotadas por produtos alimentícios (5,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,1%), indústrias extrativas (2,3%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (4,8%).
O gerente da pesquisa, André Macedo, disse que, em maio de 2024, a indústria apresentou “predominância de resultados negativos de forma geral”, com recuo na margem e na comparação com maio de 2023.
Houve, ainda, interrupção da trajetória ascendente no índice de média móvel trimestral e perda de intensidade no ritmo de expansão no acumulado do ano e dos 12 meses anteriores.
Nesse mês, a indústria intensificou a queda que já tinha sido registrada no mês anterior, e entre os fatores que explicam esse resultado, estão as chuvas no Rio Grande do Sul, que tiveram um impacto local maior, mas também influenciaram o resultado negativo na indústria do país, informou o texto publicado pelo IBGE.
Conforme a pesquisa, 16 das 25 atividades investigadas tiveram recuo em maio de 2024. Veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,7%) e produtos alimentícios (-4,0%) foram as duas maiores influências negativas para o resultado geral da indústria em maio.
O gerente afirmou, também, que esses dois setores foram prejudicados pelas enchentes do Rio Grande do Sul. No setor de veículos automotores, a paralisação das plantas industriais locais provocou impactos diretos e indiretos. Por causa do mau tempo, tanto as montadoras de veículos, quanto as fábricas de autopeças pararam com as produções e isso afetou também o abastecimento para a produção de bens finais no restante do país.
“Houve, por exemplo, a concessão de férias coletivas em uma planta industrial em São Paulo como forma de mitigar os efeitos das paralisações ocorridas em unidades produtoras de peças no Rio Grande do Sul”, completou.
Greve
Macedo acrescentou que a paralisação decorrente de greve em outra montadora e a base de comparação elevada também contribuíram para a queda de dois dígitos na atividade. Em abril, o setor de veículos registrou crescimento de 13,8%.
A atividade de produtos alimentícios, que responde por cerca de 15% da produção industrial do país, teve em maio o segundo mês seguido de queda. A perda acumulada no período é de 4,7%.
“A retração no processamento da cana-de-açúcar, por conta da condição climática menos favorável na segunda quinzena de maio, provocou uma queda pontual na produção do açúcar. Já entre os impactos negativos que podem ter a ver com as chuvas no Rio Grande do Sul estão as carnes de aves, de bovinos e de suínos e os derivados da soja, que são produtos que têm grande peso no setor”, explicou.
Outros setores que recuaram e influenciaram o resultado negativo do mês foram os de produtos químicos (-2,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%), produtos do fumo (-28,2%), metalurgia (-2,8%), máquinas e equipamentos (-3,5%), impressão e reprodução de gravações (-15,0%) e produtos diversos (-8,5%).
Os principais impactos positivos no resultado geral da indústria foram as indústrias extrativas (2,6%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,9%). De acordo com Macedo, esses segmentos têm grande peso e evitaram uma queda maior no resultado da indústria.
“O crescimento do setor extrativo veio após uma queda no mês anterior, ou seja, tem o efeito de uma base de comparação mais negativa. Também houve aumento na extração dos dois principais produtos, o petróleo e o minério de ferro”, afirmou.
As atividades de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (3,7%), produtos têxteis (2,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (1,5%), produtos de borracha e de material plástico (0,5%), outros equipamentos de transporte (0,2%), móveis (0,2%) e celulose, papel e produtos de papel (0,1%) também tiveram desempenho favorável.
“Ainda na comparação com abril, as quatro grandes categorias econômicas recuaram: bens de consumo duráveis (-5,7%), bens de capital (-2,7%), bens intermediários (-0,8%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,1%)”, pontuou o IBGE.
O recuo de 1,0% na comparação de maio de 2024 com maio do ano anterior teve influência dos resultados negativos de duas das quatro grandes categorias econômicas, 14 dos 25 ramos, 43 dos 80 grupos e 50,4% dos 789 produtos pesquisados, finalizou o IBGE.
Agência Brasil
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