Brasil
Em SP, temporal causa 2 mortes, derruba 62 árvores e trava o trânsito
A cidade tinha lixo nas ruas e muitos semáforos não estavam funcionando
O temporal que atingiu a capital paulista nesta terça-feira, 20, primeiro dia do outono, causou a morte de uma idosa e um bebê e deixou pelo menos seis feridos. Durante a forte chuva, houve desabamentos, queda de 62 árvores e a interdição de ruas e avenidas. Toda a cidade de São Paulo entrou em atenção para alagamentos e pelo menos 26 vias ficaram intransitáveis, entre elas a Marginal do Tietê, a Rebouças e a Avenida 23 de Maio. Na manhã desta quarta-feira, 21, reflexos da chuva ainda prejudicavam a vida de paulistanos. A cidade tinha lixo nas ruas e muitos semáforos não estavam funcionando.
A chuva começou à tarde e se estendeu até a noite em alguns bairros. O desabamento de barracos na favela Água Branca, na zona oeste, a região mais atingida, causou a morte de uma menina de 1 ano e 8 meses. Outras três pessoas ficaram feridas. “Foi uma cena horrível”, relatou uma moradora, que não quis se identificar. “Parecia dilúvio. A água veio de cima para baixo arrastando tudo.”
Segundo moradores, o desastre começou após uma ponte de madeira, construída pela comunidade, arrebentar e ser levada pela força das águas. “A ponte saiu arrastando os barracos que ficam no córrego. Isso tudo era tomado por barraco”, disse a moradora, apontando para uma parte da margem onde não se vê mais nenhuma casa em pé.
Segundo policiais, a menina Sofia estava com a avó na hora do desabamento. As duas foram socorridas, mas Sofia não resistiu. Outra criança ficou ferida, segundo a Polícia Militar.
No Limão, zona norte, Vitoriana Leão, de 85 anos, morreu após a casa desabar com a enxurrada. Outras duas pessoas ficaram levemente feridas. Desesperada para se salvar da correnteza, a aposentada Maria Dolores, de 67 anos, correu ao perceber que os móveis da casa estavam sendo arrastados. Era por volta de 15h30
“Veio geladeira, mesa, veio tudo.” Entre os escombros, encontrou a mãe, cadeirante, já morta. “Tentei me salvar, mas não consegui salvar minha mãe. Foi muito rápido. Se tentasse fazer algo, morríamos as duas.” A família, que vivia na casa desde 1959, dependia da ajuda de vizinhos à noite. “Perdemos tudo.”
Já em Alto de Pinheiros, zona oeste, um homem ficou gravemente ferido após ser atingido por uma árvore, que caiu na Rua Sílvia Celeste de Campos, e foi levado ao Hospital das Clínicas.
Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências, órgão municipal, a média de precipitação na capital foi de 35,1 milímetros ontem, 20% do previsto para março (175,5 mm). As regiões mais afetadas foram oeste (65,1 mm) e centro (55,3 mm). Em nota, a Prefeitura lamentou as mortes e disse que a precipitação foi “muito acima da média”.
Transtornos
Até às 23h desta terça, os Bombeiros registravam pelo menos 62 árvores caídas e 25 ocorrências relacionadas a pessoas ilhadas ou desabamentos.
A forte chuva travou o trânsito. Carros eram vistos boiando em vários pontos e moradores circulavam com água até a altura do peito.
Vias importantes como a Avenida 23 de Maio e a e 9 de Julho ficaram interditadas, no sentido do Aeroporto de Congonhas. O Túnel do Anhangabaú, no centro, ficou fechado por pelo menos meia hora. A Rebouças, zona oeste, e a Marginal do Tietê, na zona norte, também ficaram alagadas.
Às 20 horas, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) apontava lentidão em 9,7% das vias monitoradas na cidade – valor acima da média superior para o horário, de 6,2%.
A aposentada Rumely de Francischi, de 68 anos, lamentava o congestionamento no início da noite. “Fiquei uma hora e meia parada a 500 metros da minha casa”, contou ela, moradora da Pompeia, na zona oeste.
Na Barra Funda, mesma região, motoristas levavam mais de uma hora para percorrer um quilômetro e passageiros dos ônibus preferiam descer e caminhar. Houve ainda lentidão na circulação de trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e do Metrô.
Interior
Duas pessoas ficaram feridas por causa das chuvas no interior paulista. Em São Roque, um raio caiu perto de um jovem que se abrigava do temporal em um ponto de ônibus. O rapaz desmaiou e foi levado ao hospital.
Na Rodovia Castelo Branco, um carro deslizou na pista molhada e tombou em Itu. Pelo menos uma pessoa ficou ferida. São Carlos ficou debaixo d’água. A chuva forte, com mais de uma hora, transformou ruas em córregos e encobriu praças e jardins. Carros foram arrastados.
Em Sorocaba, parte do muro do aeroporto estadual caiu e a cobertura do estacionamento do prédio da Câmara desabou, atingindo pelo menos três carros. Não houve feridos. Em São José dos Campos, houve chuva de granizo.
Previsão
O temporal desta terça-feira, diz a Climatempo, foi causado por uma frente fria. A previsão para esta quarta é de pancadas e máxima de 28ºC.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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