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Em Nova York, o comércio do metrô luta para sobreviver

Enquanto o estado de Nova York enfrenta uma nova onda de covid-19, os pequenos negócios que dependem do fluxo de pessoas sofrem

Backwoods, uma loja de roupas e acessórios femininos da estação Times Square: 77 dos 321 negócios que operam no metrô de NY fecharam permanentemente (Simbarashe Cha/The New York Times)

Um dia, mesmo quando os trens estavam praticamente vazios e o silêncio tomava conta do Vanderbilt Hall, um canto do terminal da Grand Central Station parecia ser uma cápsula do tempo: o famoso Oyster Bar da estação, que permanecera sete meses fechado por causa das restrições da pandemia, reabriu, e 80 de suas 81 vagas de reserva foram preenchidas.

Lá dentro, os bartenders preparavam coquetéis, funcionários abriam ostras e clientes se sentavam em cadeiras de couro, em uma cena familiar desde que o restaurante abriu em 1913.

Mas a atividade foi passageira. Com o passar dos dias, a enxurrada de clientes desapareceu. Então, apenas duas semanas depois de reabrir, o restaurante fechou de novo.

Há mais de um século, o metrô da cidade de Nova York é a espinha dorsal da economia da cidade, transportando as pessoas para seu local de trabalho e os visitantes para pontos turísticos famosos. Ao mesmo tempo, o sistema gerou o próprio ecossistema econômico de negócios, sustentado por milhões de usuários que passam pelas estações todos os dias.

Porém, quando a pandemia afastou os passageiros, esses estabelecimentos perderam quase todos os seus clientes, causando um golpe pelo menos tão devastador, se não pior, quanto a dor que o surto infligiu aos negócios acima do chão.

O número de empresas dependentes dos passageiros, desde bancas de jornal e vendedores de cachorro-quente até floristas e engraxates, já estava em constante declínio à medida que os jornais impressos caíam em desuso e lojas eram fechadas devido a regulamentações mais rigorosas, destinadas a limpar e organizar o sistema metroviário.

Agora, o prolongado período de quarentena piorou ainda mais a situação. Desde março, 77 das 321 lojas que ainda operam no sistema fecharam permanentemente, de acordo com a Autoridade de Transporte Metropolitano (MTA, na sigla em inglês), que administra o metrô da cidade.

“Como vamos sobreviver? Não temos turistas, as pessoas estão trabalhando em casa. Não temos nada”, disse Jairo Cardenas, de 62 anos, sapateiro que dirige uma loja de engraxate no trecho da Oitava Avenida da estação Times Square, normalmente uma das paradas mais movimentadas do sistema.

No Oyster Bar, Sandy Ingber, chef e coproprietário, estava otimista com a volta de clientes antigos. Mas, em poucos dias, as reservas pararam. Quando o número de comensais diminuiu, o mesmo aconteceu com a equipe. Os primeiros a ser dispensados foram os garçons, depois alguns cozinheiros. Ingber lutou para manter seu último responsável por abrir as ostras – é um bar de ostras, afinal –, mas logo depois até ele foi demitido. “Não é sustentável. Até termos mais tráfego a pé na Grand Central, não podemos abrir”, afirmou Ingber, de 66 anos.

Ele não sabe quando isso será viável. “As pessoas estão com medo de entrar em restaurantes fechados, ainda mais em uma estação de trem”, observou.

Em um esforço para manter as lojas remanescentes abertas, a agência adotou recentemente um plano para oferecer alívio no aluguel de longo prazo, ajustando os valores para refletir as vendas atuais até que os negócios voltem ao normal. “Queremos ter certeza de que, quando o sistema voltar, não teremos perdido todas as comodidades para nossos clientes”, disse Janno Lieber, chefe de construção e desenvolvimento da autoridade.

Ainda assim, alguns donos de lojas dizem que, com a frequência do metrô em apenas 30% dos níveis normais – e com a pouca probabilidade de que volte aos níveis pré-pandemia, porque cada vez mais as empresas mantêm seus funcionários trabalhando de casa –, o alívio do aluguel pode não ser suficiente para mantê-los funcionando.

Mesmo os negócios mais icônicos não foram poupados da queda livre financeira.

Mais à frente da Backwoods, a loja Record Mart – que vendia vinis e equipamentos de som – estava presente na estação havia meio século. Mas, nos últimos anos, seu proprietário, Lou Moskowitz, assistiu ao fechamento do banco do outro lado do mezanino e à queda em suas vendas recordes à medida que a maioria do varejo migrava para o mundo on-line. A pandemia parecia um catalisador de um fim inevitável. No início de junho, a loja fechou permanentemente. “As coisas estão tão diferentes agora que é difícil ter uma loja de discos no metrô. E eu sabia que ninguém ia usar os trens, por isso não valia a pena reabrir”, disse Moskowitz, de 53 anos, que assumiu a loja de seu pai há 14 anos.

A MTA tentou nos últimos anos renovar espaços vazios de varejo para tornar o sistema mais atraente para os passageiros e também produzir algum dinheiro para o sistema: no ano passado, os imóveis geraram cerca de US$ 60 milhões em receita – abaixo dos cerca de US$ 80 milhões do ano anterior, de acordo com autoridades de trânsito.

A agência anunciou planos para novas lojas pop-up e máquinas de venda automática de alta tecnologia, e tentou atrair desenvolvedores com ofertas de reforma de mezaninos inteiros nas principais estações.

O primeiro empreendimento foi inaugurado na estação Rua 59-Columbus Circle, onde um corredor vazio foi transformado em um minishopping conhecido como Turnstyle Underground Market, com um estande de donuts, um restaurante de paella e uma loja de sabonetes que também vende sais de banho. “Estamos num momento em que as pessoas querem entrar e sair rapidamente dos espaços públicos. Elas podem querer frequentar as lojas de conveniência de que precisam em seu trajeto”, afirmou Lieber, que está liderando a iniciativa.

A agência espera reformar os dois mezaninos na estação Times Square, onde lojas vazias estão cobertas de cartazes azuis brilhantes anunciando o espaço aos desenvolvedores.

Cardenas, o sapateiro da estação, olha para os cartazes quando abre sua loja. Mesmo antes da pandemia, as placas chamativas já o lembravam de que seu tempo na estação estava provavelmente acabando.

Hoje, a mensagem parece ainda mais exata. Antes da pandemia, cerca de 80 pessoas por dia paravam em sua loja apertada, onde o cheiro de graxa paira no ar. Ele disse, porém, que, nas últimas semanas, se considera um sujeito de sorte quando atende dez clientes. Já demitiu três de seus quatro empregados. “É terrível, o negócio está terrível. Todo dia ele morre um pouco”, queixou-se Cardenas.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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