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ELEIÇÕES 2020: candidatos sem voto em 2016 tentam nova chance nas urnas

Mulheres concentram a maioria das candidaturas sem votos, resultado da cota de 30% de campanhas femininas. Há indícios também de candidaturas de “laranjas”

Mulheres nas urnas: desde 2018, 30% do dinheiro público deve ser direcionado para o conjunto de candidaturas femininas (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Candidatos que não obtiveram votos em 2016 estão tentando novamente se eleger ao cargo de prefeito, vice-prefeito ou vereador em 2020. São 913 pessoas que nas eleições passadas seus rostos foram exibidos nas urnas mas não tiveram nem o próprio voto para vereador.

Quatro anos depois eles chegam às eleições deste ano tendo recebido 157.808 reais em dinheiro público investido pelos partidos em suas candidaturas, utilizando dados mais recentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As mulheres são maioria nesse grupo, 86%. Ou seja, 723 estão tentando de novo apesar de não terem votado sequer em si mesmas nas eleições anteriores.

O volume de dinheiro direcionado a essas candidaturas é insignificante perto do total disponibilizado este ano pelo TSE, por meio do Fundo Eleitoral: 2 bilhões de reais. Mas a distribuição dos recursos chama a atenção. Do grupo de 913 candidatos zerados em 2016, somente 5% receberam boa parte dos 150.000 de verba pública em 2020. Todas as outras candidaturas ainda não receberam um único centavo de seus partidos até agora.

As eleições de 2016 foram atípicas do ponto de vista de financiamento. O fim das doações empresariais já estava aprovado e o Fundo Eleitoral só passaria a existir a partir do ano seguinte, logo a eleição ficou no limbo. Candidatos com capacidade de financiar uma campanha com recursos próprios ou reunir em torno de si o maior número de doadores pessoas físicas (como empresários) tiveram vantagem.

Naquele ano, em meio ao turbilhão do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, 7% do total de candidaturas terminariam a contagem sem voto algum – ou seja, 32.375 ficaram sem votos nominais válidos. Desses que ficaram sem nenhum confirma na urna, 53% eram mulheres.

Desde 1997, está em vigor a regra de 30% de cota de candidaturas de mulheres para os partidos em eleições proporcionais (ou seja, para os cargos de vereadores e de deputados estaduais e federais) para incentivar o aumento da participação feminina nas eleições.

Como não havia o compromisso de direcionar recursos para essas campanhas, muitas serviram apenas para cumprir a cota e, portanto, recebiam número baixíssimo de votos. Houve casos de mulheres que nem sabiam que tinham sido inscritas nas eleições pelos partidos. Em resposta a esta distorção, nas eleições de 2018, o TSE entendeu que 30% do dinheiro público deve ser direcionado especificamente para o conjunto de candidaturas femininas.

Para o professor de Ciência Política da FGV, George Avelino, há fortes indícios de que candidaturas que recebem poucos votos são de “laranjas”, com recursos sendo redirecionados para campanhas mais competitivas. “É um fenômeno típico de candidaturas femininas, e agora poderá ocorrer o mesmo com a de negros também.”

Avelino se refere ao fato de que o TSE aprovou a imposição aos partidos de que recursos do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral sejam destinados de forma proporcional às campanhas de candidatas e candidatos negros. A regra passaria a valer em 2022, no entanto, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, em medida cautelar, determinou que a cota financeira para candidaturas de negros seja aplicada já nas eleições deste ano.

Thais Regina Beilstrein, a Thais Bells, é um exemplo de quem tenta de novo. Em 2016, ela concorreu à vaga de vereadora na cidade de Mauá, na região metropolitana de São Paulo, e não recebeu nenhum voto na ocasião – na época, recebeu uma verba de 340 reais, da qual gastou somente 40 reais em uma gráfica. Já em 2020, a empresária entra na disputa em vantagem. Dessa vez, dentre todos os candidatos zerados de quatro anos atrás, foi ela quem recebeu o maior investimento do Fundo Eleitoral: 15.000 reais da direção nacional do Solidariedade, seu novo partido.

Bells já gastou 40% desse valor, de acordo com o último relatório do andamento de sua campanha, o que indica que dessa vez está disputando para valer. A candidata mantém assessoria e página da campanha no Facebook. Até o fechamento dessa reportagem, Bells não respondeu porque teve uma votação zerada em 2016 nem por que se candidatou novamente este ano.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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