Brasília
Divisões internas no PSDB, no DEM e no MDB beneficiam Bolsonaro
Rachas em partidos sabotam os planos de uma frente de oposição para encarar o presidente nas eleições de 2022. Com o caminho aparentemente aberto, chefe do Executivo deve reeditar a estratégia de 2018 e polarizar com o PT
As divisões internas no PSDB, no DEM e no MDB, acompanhadas de um processo de distanciamento entre esses partidos, são os reflexos mais imediatos da interferência do governo nas eleições para os comandos da Câmara e do Senado. O cenário que se desenhou após a vitória dos candidatos apoiados pelo Planalto sinaliza que as três siglas de centro-direita deverão disputar separadas a corrida presidencial do ano que vem, sem a sonhada união da oposição para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro. Essa conformação permitiria ao chefe do Executivo lançar mão de sua estratégia preferida, a de fazer um embate polarizado com a esquerda, sobretudo com o PT, reeditando o clima da campanha de 2018.
As ações do Planalto para atrair apoio a seus candidatos nas eleições do Congresso incluíram a negociação de verbas e cargos federais e provocaram uma série de traições em diferentes partidos. Na Câmara, dissidentes do DEM, do PSDB e do MDB decidiram votar no postulante de Bolsonaro, Arthur Lira (PP-AL), abandonando a frente de legendas de centro e de esquerda que havia sido criada para sustentar a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP). No Senado, o MDB pulou fora da campanha de Simone Tebet (MS), que representava a sigla, para apoiar Rodrigo Pacheco (DEM-MG). A bancada preferiu um acordo com o então presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que atuou em coordenação com o governo.
Essas dissidências jogaram por terra o projeto dos partidos de centro de, a partir das eleições no Congresso, impulsionar um bloco de oposição para enfrentar Bolsonaro em 2022. Principal mentor dessa ideia, Rodrigo Maia (DEM-RJ) deixou a presidência da Câmara enfraquecido e rompido com a cúpula da sua legenda, que, na véspera da eleição, decidiu adotar a neutralidade, abandonando a frente de apoio a Rossi.
A implosão dessas alianças levou à antecipação de projetos políticos próprios, agravando, ainda mais, as divisões internas. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), passou a amargar um isolamento no ninho tucano depois de lançar uma ofensiva para assumir o controle da sigla, em maio, e se lançar pré-candidato ao Planalto.
A manobra de Doria foi rechaçada por vários parlamentares do partido, que a consideraram precipitada e desleal. Eles defenderam a prorrogação dos mandatos da Executiva Nacional e conseguiram articular a pré-candidatura do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, à Presidência da República pelo PSDB. Na sexta-feira, a Executiva oficializou a prorrogação do mandato de Bruno Araújo no comando da legenda até maio de 2022, impondo uma grande derrota a Doria.
Adversários
Bolsonaro obteve vários dividendos políticos após se envolver pessoalmente nas eleições no Congresso, sendo um dos ganhos mais importantes o enfraquecimento de Doria e Maia, seus principais adversários. O presidente também reforçou sua blindagem contra os mais de 60 pedidos de impeachment apresentados contra ele na Câmara, a maioria apontando crimes de responsabilidade durante a pandemia da covid-19. Além disso, com a vitória de Lira e Pacheco, o ambiente no Legislativo é mais propício à tramitação das chamadas pautas de costumes, fundamentais para a mobilização das bases bolsonaristas.
O chefe do Executivo está próximo de anunciar o partido pelo qual vai se candidatar à reeleição, tendo iniciado, na sexta-feira, negociações com o Patriota. Enquanto o capitão reformado vai preparando o seu front, os adversários seguem mergulhados em uma série de indefinições, não só na centro-direita como também na esquerda, cujos partidos parecem estar longe de alcançar uma aliança visando as eleições do ano que vem. O ex-ministro Ciro Gomes (PDT); o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB); e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) são, até o momento, os virtuais candidatos desse espectro político.
Para a eleição do ano que vem, com o enfraquecimento de seus principais adversários de centro, Bolsonaro deve reforçar o discurso contra o PT e a esquerda em geral, o mesmo que surtiu efeito na disputa de 2018. Naquela ocasião, no segundo turno, foi decisivo para a vitória de Bolsonaro sobre Haddad um forte sentimento antipetista entre os eleitores, motivado pelos vários inquéritos e processos em que dirigentes do PT eram acusados de corrupção e outros crimes pela Operação Lava-Jato.
O cientista político André Pereira César, da Hold Assessoria Legislativa, afirma que o antipetismo se mantém forte entre os eleitores e, muito mais do que um sentimento, se transformou em um “partido” político, devendo ter um peso importante, também, no ano que vem.
“Em 2018, a cúpula do PT, os formuladores do PT não entendiam o antipetismo ainda. Talvez, agora, em 2021, eles entendam que o antipetismo é um ‘partido’ forte, que tem peso e capilaridade junto à sociedade. Então, tendo Bolsonaro um eleitorado com esse perfil antipetista, fica mais fácil para ele trabalhar nesse diapasão”, diz o analista. “O PT tem de virar esse jogo, porque o Bolsonaro trabalha o antipetismo muito bem. Por isso que ele bateu forte na centro-direita nas eleições do Congresso.”
A pedido de Lula
O PT alimenta esperança de que o Supremo Tribunal Federal (STF) restabeleça os direitos políticos de Lula no julgamento que analisará a suspeição do ex-juiz Sergio Moro para iniciar a campanha do ex-presidente ao Planalto. Mas, o partido teme que essa decisão leve muito tempo. Por isso, Lula decidiu que a legenda não pode ficar à mercê da Corte e que é preciso se movimentar logo para ter chance nas eleições do ano que vem. Assim, em 30 de janeiro, pediu a Fernando Haddad que percorra o país como pré-candidato da legenda.
Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio
Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:
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A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.
A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.
Brasília
Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS
Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória
A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.
A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.
No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.
>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:
– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)
– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)
– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)
– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)
– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)
– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)
– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)
– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).
De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.
No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.
Por Agência Brasil
Brasília
Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.
Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.
O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.
Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.
Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.
O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.
Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.
Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.
A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.
O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.
SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR
O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.
O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.
A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.
O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.
A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.
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