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Democratas abrem convenção tentando mostrar uma frente unida anti-Trump

Joe Biden fez uma aparição rápida, mas o tom geral da 1ª noite da convenção democrata foi mostrar os riscos de outros quatro anos de Trump na Casa Branca

Joe Biden: início da convenção democrata serviu para dar um gás em sua candidatura (Morry Gash/AP Photo/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

Na noite de estreia da convenção menos convencional da história americana, realizada com depoimentos em vídeo e sem a pompa tradicional, a única certeza era a enxurrada de críticas contra Donald Trump.

Joe Biden, que será formalmente indicado como candidato do Partido Democrata na quinta-feira, foi lembrado e fez uma aparição surpresa. Mas o tom geral da primeira noite – e provavelmente das três próximas – foi mostrar os riscos de outros quatro anos de Trump na Casa Branca.

As menções diretas ao presidente foram poucas, mas ao ponto. Mesmo assim, o espectro de Trump esteve no ar durante todas as duas horas da transmissão pela TV: da divisão que ele semeou durante a convulsão racial de dois meses atrás aos tropeços no combate à pandemia do coronavírus.

A estrela da noite foi Michelle Obama, a última a discursar. Em depoimento gravado, a ex-primeira-dama levantou dúvidas sobre o caráter e a competência de Trump.

“O trabalho [do presidente] é difícil. Exige clareza para julgar, lidar com opiniões conflitantes e capacidade de ouvir. E a crença de que cada uma das 328 milhões de vidas deste país têm significado e valor”, disse Michelle Obama. “Não tem como enganar. [A presidência] revela quem você é.”

Michelle Obama mencionou a aparente falta de empatia de Trump, lembrando dos pais separados por filhos na fronteira com o México e a repressão violenta aos protestos na frente da Casa Branca. “Se você acha que as coisas não podem piorar, é o que vai acontecer se não elegermos Joe Biden.”

Outro discurso muito aguardado foi o do senador Bernie Sanders, líder da ala esquerdista democrata e maior rival de Biden na disputa pela candidatura.

Há quatro anos, Sanders levou sua campanha das primárias até o último momento possível, mesmo sabendo que não tinha chances de derrotar Hillary Clinton. Na convenção, seus apoiadores vaiaram a ex-primeira-dama – e essa divisão interna, na opinião de Hillary, ajudou a eleger Trump.

Desta vez, Sanders está inteiramente dedicado à chapa Biden-Harris – por causa de Donald Trump. Um autodeclarado socialista democrático, o senador anunciou há meses que será presença constante na campanha e conclamou seus apoiadores a fazer o mesmo.

“Vou falar para os milhões que me apoiaram. Obrigado pelo apoio. Movemos o país num direção nova e corajosa. Nossa campanha terminou há meses, mas nosso movimento continua. Mas sejamos claros: se Trump for reeleito, todo esse avanço estará em risco.”

A eleição de 3 de novembro será “a mais importante da história moderna” dos Estados Unidos, afirmou Sanders. Ele notou as diferenças entre seu programa de governo e o de Biden, mas na sua opinião o que está em jogo é algo maior: a própria democracia.

Sanders lembrou um tuíte recente de Trump aventando um adiamento da eleição por causa do coronavírus. Ontem, horas antes do início da convenção, Trump voltou a afirmar que a única explicação para uma derrota nas urnas seria uma eleição “fraudada”. “Nero tocou violino enquanto Roma pegava fogo. Trump joga golfe”, disse Sanders.

As críticas mais diretas à atuação do governo federal diante da pandemia do coronavírus – que deve ser o tema central da eleição – ficaram por conta de dois governadores.

Gretchen Whitmer, a quem Trump se referiu durante a pandemia como “aquela mulher de Michigan”, disse que o presidente “luta contra os americanos, em vez de lutar contra o vírus que está no matando e à economia”.

Andrew Cuomo, governador de Nova York e uma das lideranças regionais a ganhar projeção nacional no início da pandemia, disse que a Covid-19 é um sintoma de uma doença maior. “O vírus ataca quando o corpo está fraco”, afirmou Cuomo.

“Trump não criou a divisão inicial. A divisão criou Trump; ele só a agravou. Nossa força coletiva se exercita no governo e ela de fato é nosso sistema imunológico. O governo atual é disfuncional e incompetente e não teria como combater o vírus. Hoje, seis meses depois, continuamos despreparados”, disse o governador.

Discurso de Michelle Obama: coronavírus obrigou a convenção democrata a ser virtual pela primeira vez (Daniel Acker/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

Republicanos anti-Trump

Republicanos de destaque também apareceram no vídeo para declarar apoio ao candidato democrata: Christine Whitman, ex-governadora de Nova Jersey, Meg Whitman, ex-presidente do eBay e da HP, e John Kasich, ex-governador de Ohio e pré-candidato republicano na eleição de quatro anos atrás.

“Sou republicano minha vida toda, mas essa associação fica em segundo lugar diante da minha responsabilidade perante meu país. Foi por isso que decidi aparecer nesta convenção”, afirmou Kasich. “Em tempos normais, algo assim provavelmente nunca aconteceria. Mas estes não são tempos normais.”

Horas antes do início da programação oficial, Miles Taylor, que foi chefe de gabinete do ministério da Segurança Nacional (Homeland Security), tornou-se o mais alto ex-integrante do governo Trump a apoiar Biden.

Num vídeo publicado pelo grupo Eleitores Republicanos Contra Trump, Taylor se disse “aterrorizado” com a incapacidade do presidente. Trump “queria explorar o ministério para seus objetivos políticos pessoais, para levar adiante sua agenda”.

Um formato inusitado

O evento foi apresentado de um estúdio em Los Angeles pela atriz Eva Longoria, famosa por sua participação na série “Desperate Housewives”.

Depois de uma introdução com montagens de crianças cantando o hino nacional e uma prece liderada por um pastor latino da Flórida, Longoria disse que “a esperança é que estivéssemos todos juntos” em Milwaukee, mas não seria possível fazê-lo com segurança. Longoria então entrevistou via videoconferência quadro cidadãos de diferentes partes do país falando de suas experiências com a pandemia.

A primeira hora da transmissão (que não foi exibida na TV aberta) teve menos nomes de peso. Sem a animação e os milhares de pessoas lotando um ginásio, os produtores tiveram de encontrar maneiras de preencher o tempo sem enfileirar um discurso depois do outro.

Philonise Floyd, irmão de George Floyd, cujo assassinato pela polícia de Minneapolis desencadeou uma onda de protestos raciais em junho, lembrou o irmão e outros negros vítimas de violência policial e pediu um minuto de silêncio – durante o qual a TV mostrou pessoas comuns de olhos fechados em suas casas.

Na sequência, o próprio Biden apareceu entrevistando, também via vídeo, ativistas negros e Gwen Carr, mãe de Eric Garner, também assassinado por policiais que o sufocaram em Nova York, em 2014. A aparição do candidato logo no começo dos trabalhos foi uma surpresa – normalmente eles só aparecem no momento de discursar.

Um dos ataques mais ferinos contra Trump foi o de Kristin Urquiza. Seu pai morreu aos 65 anos por complicações de Covid-19, e ela culpou diretamente Trump pela tragédia familiar. Urquiza afirmou que seu pai acreditou nas palavras do presidente quando ele disse que era hora de reabrir a economia. Em meados de maio, ele foi a um bar com amigos no Arizona (um dos primeiros estados a reabrir), onde contraiu o coronavírus.

“Basta. Trump pode não ter causado o coronavírus, mas sua desonestidade e suas ações irresponsáveis pioraram muito as coisas.” Momentos depois, uma montagem mostrou fotos de algumas das mais de 170 000 vítimas de Covid-19 nos Estados Unidos até aqui.

Para um formato completamente novo, a primeira impressão foi positiva. Em alguns momentos, a programação parecia mais um longo comercial de político, como observou um comentarista do New York Times. Mas, num ano como 2020, o simples fato de a transmissão ter corrido sem maiores problemas técnicos pode ser considerado uma vitória.

Na noite de hoje, aparecem diante das câmeras a deputada de Nova York e estrela ascendente da esquerda americana Alexandria Ocasio-Cortez, o ex-presidente Bill Clinton e a mulher de Joe Biden, Jill Biden.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

Por

Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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