Mundo
De espião da KGB ao “11 de setembro russo”: a história de Vladimir Putin
Para parte dos russos, Putin representa o líder que estabilizou o país após a queda da URSS. Após referendo, o presidente poderá ficar no poder até 2036
O referendo de sete dias que terminou na Rússia nesta quarta-feira, 1, fez o mundo novamente olhar para o histórico do presidente russo Vladimir Putin à frente do país, de mais de 144 milhões de habitantes e herdeiro da extinta União Soviética. Os russos na casa dos 20 anos nunca conheceram outro líder no poder, e, para o futuro, há pouca ou nenhuma opção de outros candidatos promissores na oposição ou dentro do partido governista. No século 21, só Putin comandou a Rússia na prática, alternando entre cargos de presidente e primeiro-ministro.
Com os resultados do referendo, a população aprovou por mais de 70% dos votos uma reforma constitucional que permitirá a Putin ficar no poder até 2036 caso siga vencendo as eleições — por mais 12 anos após o fim de seu atual mandato, em 2024.
A mudança já havia sido aprovada pelo Parlamento em março, mas analistas apontam que o desejo do presidente foi levar a votação a referendo para demonstrar apoio popular. Em meio a tudo isso, Putin terá também de lidar com o avanço do coronavírus na Rússia, que já é o terceiro país em número de casos, atrás de Brasil e Estados Unidos — manter o referendo em meio à pandemia foi uma das críticas feitas pela oposição ao presidente.
Na reportagem abaixo, publicada originalmente em 2017, a Exame destrincha parte do histórico do presidente à frente da Rússia, seus feitos no cargo e as críticas a ele.
O homem da KGB
A Rússia está de volta ao jogo da geopolítica nos últimos anos. O país da Europa oriental tem se portado cada vez mais como herdeiro soviético e, apesar de a Guerra Fria ter acabado há mais de 20 anos, novos embates com o Ocidente se delineiam no mapa. Para resgatar seu título de superpotência, o país tem tem feito questão de provar sua influência no tabuleiro, marcando presença nos assuntos que vão da Síria aos Estados Unidos. O mestre nesse xadrez imperialista? Vladimir Putin.
No poder desde 2000, o presidente russo representa, para grande parte da população de seu país, aquele que estabilizou o país após a queda da URSS na década de 90 e que não se curva aos interesses ocidentais. “Ele não é um grande orador, não é um líder carismático, mas chega até o russo médio porque passa credibilidade. Ele representa o que muitos acreditam ser um poder necessário para resgatar a autoridade russa que foi perdida”, diz o historiador Sidney Ferreira Leite, especialista em Relações Internacionais e pró-reitor do Centro Universitário Belas-Artes.
Um homem fisicamente forte, ex-espião do serviço secreto soviético e centralizador, Putin é respeitado por seus conterrâneos, mas seu perfil discreto e ao mesmo tempo incisivo intriga o resto do mundo. Para o senador americano John McCain, Vladimir Putin é um “assassino e um agente da KGB”. Já para Donald Trump, “um líder bem melhor” do que o ex-presidente americano Barack Obama.
Filho de uma operária e de um soldado da marinha que lutou na Segunda Guerra, o homem mais poderoso da Rússia cresceu num subúrbio de São Petersburgo, segunda maior cidade do país — chamada de Leningrado até 1991, herança da Revolução Russa que instaurou o comunismo em 1917. Nascido em 1952, foi criado como filho único, uma vez que os irmãos morreram ainda crianças. “Não posso dizer que éramos uma família muito emocional. Não conversávamos muito”, contou ao documentário The World’s Most Powerful President, da rede americana Freedom TV.
Em 1975, então com 24 anos anos, entrou para o treinamento da KGB, o serviço secreto russo, logo após concluir o curso de Direito pela Universidade de Leningrado. Por seu alemão fluente, trabalhou para a KGB na Alemanha Oriental e viu de perto o início da queda do Muro de Berlim, em 1989. O presidente conta que queimou documentos da KGB, na ocasião, para que opositores não os encontrassem. Putin permaneceria no serviço secreto até 1991.
De volta a São Petersburgo, Putin se aproximou do então prefeito Mayor Sobchak. Em 1994, se tornou vice-prefeito da cidade — e seria o início de sua vida pública. Dois anos depois, já em Moscou, conheceu o alto escalão da política russa. A escalada foi rápida. Passou a integrar a FSP, agência de inteligência que substituiu a KGB após o fim da URSS, foi nomeado diretor da instituição, logo depois garantiu o cargo de secretário do Conselho de Segurança e, em 1999, foi escolhido para ser primeiro-ministro do então presidente Boris Yeltsin — o primeiro líder eleito democraticamente após o fim da URSS.
Para muitos, boa parte da rápida ascensão de Putin se deve ao apoio de Yeltsin, e a relação dos dois é vista como controversa. Circula um boato de que Putin, no comando da FSP, teria chantageado o procurador-geral russo, Yury Skuratov, para impedir que ele investigasse o envolvimento de Yeltsin em um esquema de propina. Por isso, Yeltsin é acusado de ter escolhido Putin para ser seu braço-direito apenas por acreditar que ele, no futuro, o protegeria novamente de outras investigações.
Ninguém pode dizer que Yeltsin não estava certo: talvez por herança dos treinamentos de KGB, Putin tem fama de ser extremamente leal com os amigos. Quando assumiu a presidência pela primeira vez, em 2000, perguntaram qual era seu colega mais digno de confiança. Ele citou cinco pessoas na ocasião e, 17 anos depois, todas elas ainda ocupam cargos do alto escalão do governo.
Putin, em sua primeira vez como primeiro-ministro, em 1999: escolhido por Boris Yeltsin, primeiro líder eleito após o fim da URSS (Laski Diffusion/Getty Images)
O 11 de setembro russo
Yeltsin não só nomeou Putin como primeiro-ministro como anunciou que apostava nele para ser seu sucessor — e o seu pupilo, de fato, venceu as eleições do ano seguinte. Se hoje Vladimir Putin é o nome mais forte da política russa, na época ele era apenas um ex-espião da KGB praticamente desconhecido. Como conseguiu votos suficientes para se eleger presidente? Sua popularidade cresceu logo no início do seu trabalho como premiê, graças a uma ofensiva militar que muitos estudiosos classificam como o “11 de setembro russo”.
No fim da década de 1990, quando o império soviético se desmantelava, um dos territórios em disputa era a Chechênia, que se proclamara independente em 1991. Para retomar o controle da região, Yeltsin iniciou a Primeira Guerra da Chechênia em 1994, e o embate terminou com uma derrota da Rússia. Mas uma nova ofensiva russa liderada por Putin retomou o território. E a nova investida russa, mais dura, foi justificada por um atentado a um prédio residencial no centro de Moscou, que terminou com a morte de dezenas de russos. Segundo o governo, o ataque foi articulado pelos chechenos, mas, para os oposicionistas, Putin forjou o atentado para justificar a guerra e, de quebra, fortalecer seu nome no radar da política nacional. Uma jornalista e um ex-espião russo que tentaram investigar o caso apareceram mortos anos depois.
O fato é que o caso fez mesmo a popularidade de Putin crescer. Em dezembro de 1999, Yeltsin renunciou e Putin se tornou presidente interino. Em 2000, venceu as eleições logo no primeiro turno, com 53% dos votos. Putin está em seu terceiro mandato como presidente (2000, 2004 e 2012). Como a Constituição russa não permite três mandatos seguidos, nas eleições de 2008, ele voltou a ser primeiro-ministro e apoiou Dmitry Medvedev — seu atual premiê e escolhido a dedo para substituí-lo na presidência até que ele pudesse retornar ao cargo em 2012. Na prática, é Putin quem manda no país há mais de 16 anos. E, para as eleições de 2018, seu partido Rússia Unida já aparece com 40% de favoritismo nas pesquisas de intenção de voto.
Uma ajudinha do petróleo
Sua popularidade é inegável. Uma pesquisa de agosto do Levada Center, instituto russo independente e visto como confiável pela comunidade internacional, identificou que o presidente tinha 82% de aprovação. Outra pesquisa, do também confiável Associated Press-NORC Center for Public Affairs Research, mostrava uma percepção positiva de 81% em 2014. E, na receita do sucesso, um dos ingredientes foi a crise.
Putin assumiu num período economicamente muito difícil para a Rússia: após o fim da União Soviética, os primeiros presidentes, Mikhail Gorbachev e Boris Yeltsin, implantaram um plano de transição para o capitalismo, com privatização desenfreada que beneficiou oligarquias próximas ao governo. O resultado foi desastroso. “Com Yeltsin e Gorbachev, a Rússia perdeu o status de grande potência, e a década de 1990 foi um período de exceção na história de poder do país”, diz o historiador Angelo Segrillo, professor da USP e autor do livro Rússia: Europa ou Ásia.
Enquanto bilhões de dólares da elite russa eram enviados para o exterior, a Rússia se endividava com o Fundo Monetário Internacional, e o PIB caiu 40% só em 1999. “O colapso da União Soviética foi seguido pelo fim da segurança, um descontrole. Então o Putin veio e trouxe algum tipo de estabilidade, de segurança”, diz a historiadora Marci Shore, da Universidade Yale, e autora de The Taste of Ashes: The Afterlife of Totalitarianism in Eastern Europe (“O gosto das cinzas: a vida póstuma do totalitarismo na Europa Oriental”, em tradução livre).
Quando Putin assumiu, implantou algumas reformas, como a desvalorização do rublo russo, para favorecer as exportações. E os preços das commodities voltaram a crescer a partir de 2000. O barril de petróleo, um dos principais produtos russos, passou de 10 dólares para 100, em 2008. Resultado: na era Putin, o PIB subiu cerca de 7% ao ano, a renda e o consumo aumentaram e o número de pessoas abaixo da linha da pobreza caiu de 30% em 2000 para 14% em 2008. “Putin veio logo depois do fundo do poço e recentralizou o Estado”, diz Segrillo. “Muitos gostaram porque acham que ele colocou ordem na casa”. Os líderes centralizadores costumam ser um sucesso na Rússia – uma tradição que se estendeu desde o período dos czares até a Revolução Russa.
O macho-alfa russo
Embora Putin governe a Rússia há mais de uma década, pouco se sabe sobre sua vida pessoal. Do casamento de 30 anos com Lyudmila Shkrebneva, de quem se divorciou em 2013, vieram duas filhas, cujas identidades são guardadas a sete chaves. Uma reportagem da agência de notícias Reuters apurou, embora sem conseguir confirmar a informação, que ambas são pesquisadoras e não usam o sobrenome Putin para não serem identificadas. Ora ou outra, o assunto volta à tona. “Eu nunca disse onde exatamente minhas filhas trabalham, o que elas fazem, e não pretendo fazê-lo agora por muitas razões, incluindo por uma questão de segurança”, declarou o presidente em dezembro passado.
De qualquer forma, Putin não é uma exceção entre os líderes russos, e que a discrição é quase uma característica cultural. “Nos Estados Unidos, tudo é muito público. Os candidatos fazem campanha com suas famílias, todo mundo conhece Michele Obama ou Jackie Kennedy. Mas na Rússia, eles quase nunca falam sobre isso”, diz a cientista política Valerie Sperling, professora da Universidade Clark e membro do Davis Center para Estudos da Rússia e da Eurásia.
Mas a discrição não impede que a imagem pessoal de Putin seja explorada — e trabalhe a seu favor. Principalmente nos primeiros anos de mandato, circulavam fotos do presidente cavalgando sem camisa, praticando esportes ou caçando animais selvagens. E esse é um dos fatores que o fazem reforçar a imagem de liderança e transmitir confiança aos russos. No artigo Capitalismo, autocracia e masculinidades na Rússia, a pesquisadora Tatiana Zhurzhenko estudou como Putin representa o típico homem soviético, o chamado muzhyk — independente, forte, trabalhador, patriota e leal. “O país inteiro sabe a lista de hobbies heróicos do presidente. Isso inclui lutar judô, andar a cavalo, mergulhar, pilotar uma Harley-Davidson ou um avião de caça, resgatar animais selvagens”, escreve Zhurzhenko.
Cerco fechado à oposição
No começo, embora sempre controlador, Putin tentava administrar uma oposição relativamente plural. Mas, com o crescimento dos movimentos contrários ao seu governo, ele vem se tornando cada vez mais autoritário, controlando a imprensa, divulgando estatísticas estatais imprecisas e perseguindo inimigos políticos — são mais de 100 pessoas presas por orientação ideológica na Rússia, segundo a ONG de direitos humanos russa Memorial. Nas eleições de 2012, observadores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa alegaram que faltou aos adversários de Putin “acesso genuíno” à mídia.
As investidas mais autoritárias do presidente não deixam de ser uma forma de manter o controle frente às ameaças. Para a historiadora e cientista política russa Lilia Shevtsova, pesquisadora da organização Chatham House de Londres e autora do livro A Rússia de Putin, “mais da metade da população já diz que a Rússia precisa de uma oposição. E essa oposição vai crescer, inevitavelmente. Mas é difícil dizer quando”. Com a queda nos preços do petróleo e outras commodities desde 2014 e as sanções econômicas do Ocidente, devido à anexação da Crimeia, o PIB russo caiu mais de 50% entre 2014 e 2015.
E os problemas não estão só dentro de casa. A aproximação da Ucrânia com a Europa Ocidental e com a Otan, aliança militar ocidental, preocupa Putin. E o discurso da organização de que precisa proteger os países bálticos da influência russa, ex-territórios soviéticos, também. “Putin recupera a visão de que a Rússia é o poder central da Eurásia, e que tem o direito de exercer hegemonia sobre os países da região”, diz Sidney Ferreira Leite, da Belas-Artes. Por isso foi tão importante para Putin anexar a Crimeia em 2014: o episódio serviu para mostrar ao Ocidente quem manda na região.
Para conseguir manter sua popularidade alta, é fundamental manter a postura bélica. De acordo com a pesquisadora Lilia Shevtsova, o presidente usa “um conflito político atrás do outro” para se “re-energizar” com o eleitorado. E para realçar sua principal força – a militar – para o resto do mundo. O principal território de influência da Rússia, hoje, é a Síria. Aliado de Bashar al-Assad e com atuação relevante do país, Putin conseguiu mostrar que, se o mundo quiser frear a maior crise de refugiados da história e combater o Estado Islâmico, a conversa vai precisar passar por ele. “Se envolver com a Síria foi o jeito do Putin de voltar para a mesa”, diz Valerie Sperling, da Clark University.
À distância, Putin também se tornou protagonista das eleições presidenciais americanas, se posicionando como aliado do republicano Donald Trump, após anos de sucessivos embates com o democrata Barack Obama. Mas as polêmicas não podiam ficar de lado: há suspeitas de que a Rússia teria tentado interferir no processo eleitoral e o FBI confirmou que hackers russos vazaram e-mails do Partido Democrata – não se sabe de a mando do governo ou não.
Assim que o novo presidente assumiu, ficou acertado que os dois países – historicamente inimigos – normalizariam as relações. Mas, ao lidar com um estrategista como Putin, é sempre difícil saber quais suas reais intenções. Em janeiro, um espião britânico também vazou um dossiê afirmando que a Rússia supostamente teria dados comprometedores sobre Trump – e que eles seriam usados para chantageá-lo no futuro. “Putin faz questão de deixar claro que ninguém vai tirar vantagem do seu país”, analisa Sperling. “Ele é o cara que quer fazer a Rússia great again”.
Mundo
Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas
Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”
Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.
A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.
A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.
Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.
Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.
A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.
Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.
No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.
O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.
“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.
“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.
Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.
Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.
Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
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Mundo
Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano
Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra
Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.
Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.
Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.
Mundo
Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder
País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando
Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.
A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.
Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.
Como funcionam as eleições?
O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.
Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.
Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.
O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.
Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.
O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.
A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.
O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.
Quem é Keir Starmer?
O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.
Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.
Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.
O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.
Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.
Quando saíram os resultados?
Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.
Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.
Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.
Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.
De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.
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