Mundo
Crise na Ucrânia: Biden faz reunião de emergência com líderes ocidentais
Biden deve discutir o acúmulo de soldados e armamentos da Russia na fronteira com a Ucrânia
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai conversar com outros líderes ocidentais nesta sexta-feira, 18, sobre a crise na Ucrânia, enquanto os esforços diplomáticos das últimas horas se intensificaram para impedir um eventual ataque russo à Ucrânia. O cenário ficou mais tenso desde a quinta-feira 17, com troca de tiros e bombardeios generalizados entre separatistas e as Forças Armadas da Ucrânia no leste do país e o contínuo acúmulo de tropas de Moscou na fronteira.
A Casa Branca vai realizar uma ligação entre Biden e o presidente francês Emmanuel Macron, o chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro-ministro britânico Boris Johnson – durante a qual o acúmulo militar de soldados e armamentos russos na fronteira com a Ucrânia vai ser discutido. Biden disse a repórteres que a ameaça de uma nova invasão permanece “muito alta” e um ataque russo pode acontecer nos “próximos dias”.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin III, repetiu nesta sexta-feira os alertas dos EUA de que mais de 150 mil soldados russos reunidos perto das fronteiras da Ucrânia estavam se preparando para lançar um grande ataque. “Embora a Rússia tenha anunciado que está transferindo suas forças de volta às guarnições, ainda temos que ver isso”, disse ele em entrevista coletiva ao lado de seu colega polonês em Varsóvia. “Na verdade, vemos mais forças se movendo para essa região de fronteira.”
A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, viajou a Munique para uma conferência de segurança e deve se reunir com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, representantes dos três Estados bálticos e o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski.
O secretário de Estado, Antony Blinken, concordou em se encontrar com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, na próxima semana, sob a condição de que Moscou se abstenha de atacar a Ucrânia.
Pretexto para invasão
A Otan e Biden disseram acreditar que os russos estão armando pretextos para invadir a Ucrânia por meio de ataques de separatistas em pontos da fronteira leste do país. Em meio ao agravamento das tensões na fronteira, a Rússia expulsou o vice-embaixador dos Estados Unidos em Moscou.
O número dois da diplomacia americana, Bart Gorman, estava na Rússia há cerca de três anos em uma viagem diplomática, disse um funcionário do Departamento de Estado que falou ao jornal The New York Times sob condição de anonimato.
O fechamento deste canal diplomático ocorreu um dia após militares ucranianos e separatistas pró-Rússia trocarem acusações de ataques – e Rússia e Otan discordarem sobre a veracidade de denúncias sobre atrocidades que teriam ocorrido.
Na Casa Branca, Biden falou a repórteres que “uma operação de bandeira falsa” estava em andamento e Moscou a usaria para justificar uma invasão. Ele disse que há todas as indicações de que eles estão preparados para entrar na Ucrânia e não havia planos para ele fazer uma ligação com o presidente russo, Vladimir Putin.
Momento perigoso
Em uma reunião cercada de expectativa e tensão, Blinken afirmou a representantes do Conselho de Segurança da ONU na quinta-feira que a Rússia pode utilizar pretextos falsos, incluindo supostos atentados terroristas ou ataques com armas químicas, para justificar uma invasão da Ucrânia.
Blinken afirmou que compartilharia informações detalhadas com o mundo, na tentativa de influenciar a Rússia a abandonar a ideia de uma escalada militar, e descreveu possíveis cenários do que autoridades americanas têm chamado de “iminente” invasão. “Primeiro, a Rússia planeja fabricar um pretexto para o ataque. Esse poderia ser um evento violento, pelo qual a Rússia culpará a Ucrânia ou uma acusação ultrajante que a Rússia vai levantar contra o governo ucraniano”, disse Blinken, acrescentando que os EUA não possuem informação exata sobre qual acusação exatamente seria utilizada por Moscou.
A subida de tom do principal diplomata americano ocorre em um momento de acirramento entre Washington e Moscou. No Conselho de Segurança, Bliken afirmou que informações americanas indicam “claramente” que tropas de solo, aviões e navios de guerra russo devem iniciar um ataque nos próximos dias, sempre sobre a justificativa de defender etnias de origem russa no território da Ucrânia.
“A Rússia pode descrever este evento (o pretexto fabricado) como uma limpeza étnica, ou um genocídio, zombando de um conceito que nós nesta Câmara tratamos com seriedade”, disse Blinken, que ainda descreveu qual poderia ser a dinâmica russa.
“O governo (russo) fará proclamações declarando que a Rússia deve responder para defender os cidadãos russos ou russos étnicos na Ucrânia. Em seguida, o ataque está planejado para começar. Mísseis e bombas russos serão lançados sobre a Ucrânia. As comunicações serão bloqueadas. Ataques cibernéticos fecharão as principais instituições ucranianas. Depois disso, tanques e soldados russos avançarão em alvos-chave que já foram identificados e mapeados em planos detalhados. Acreditamos que esses alvos incluem a capital da Ucrânia, Kiev, uma cidade de 2 8 milhões de pessoas.”
A declaração repercutiu mal na delegação russa no Conselho da ONU, que prontamente respondeu ao secretário americano. O vice-chanceler russo, Serguei Vershinin afirmou que os cenários militares criados pelos EUA são “lamentáveis” e “perigosos”, e reiterou a narrativa apresentada pelo Kremlin de que as tropas russas que cercavam a Ucrânia estão voltando para suas bases após a conclusão de exercícios militares.
Apesar da escalada de tensões, Blinken propôs mais uma tentativa de resolução pela via diplomática, convidando o chanceler russo, Serguei Lavrov, para mais uma rodada de negociações na próxima semana, em solo europeu. Os EUA também propuseram novas reuniões do Conselho Otan-Rússia e do conselho permanente da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
Mundo
Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas
Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”
Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.
A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.
A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.
Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.
Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.
A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.
Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.
No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.
O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.
“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.
“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.
Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.
Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.
Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
versão original
Mundo
Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano
Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra
Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.
Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.
Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.
Mundo
Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder
País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando
Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.
A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.
Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.
Como funcionam as eleições?
O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.
Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.
Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.
O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.
Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.
O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.
A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.
O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.
Quem é Keir Starmer?
O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.
Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.
Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.
O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.
Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.
Quando saíram os resultados?
Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.
Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.
Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.
Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.
De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.
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