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Brasília

Crise com caminhoneiros expõe fragilidade de Temer

A resposta do governo à paralisação da categoria, que provocou desabastecimento em todo o país, foi alvo de críticas até de partidos aliados

São Paulo – A crise provocada pela paralisação dos caminhoneiros, que chegou ao oitavo dia nesta segunda-feira, expôs a fragilidade e a desarticulação do governo do presidente Michel emer e complicou ainda mais a já difícil situação de uma eventual candidatura governista na eleição presidencial de outubro, respingando também nas chamadas candidaturas de centro.

A resposta do governo à paralisação da categoria, que provocou desabastecimento em todo o país, foi alvo de críticas em reservado até mesmo de parlamentares de partidos que já foram da base aliada de Temer e gerou o que analistas ouvidos pela Reuters chamaram de tentativas de capitalizar eleitoralmente com o episódio.

“Um processo que expôs a desarticulação da base governista em continuidade ao fenômeno que a gente já observava, um governo com baixo poder de agenda e refém de temas negativos”, disse à Reuters o analista político da Tendências Consultoria Rafael Cortez.

Para o cientista político Carlos Melo, do Insper, a resposta do governo à crise “foi um desastre”, pois o Palácio do Planalto fracassou ao não se antecipar aos problemas e, quando a crise estourou, ter entrado em pânico.

“Ele não protegeu o acionista da Petrobras, ele não protegeu o cidadão comum, ele não protegeu o caminhoneiro também, que continua insatisfeito”, disse Melo, que vê no atual episódio um precedente preocupante.

“O governo se mostrou fraco e ruim de negociação e eu acho que ele abriu um flanco muito perigoso para todas as outras corporações. Não à toa os petroleiros estão falando em greve e você pode esperar outras corporações também falando em greve.”

O desempenho do governo também foi alvo de críticas duras de parlamentares que já foram alinhados ao Palácio do Planalto na gestão Temer.

Para o líder de um partido da base, que falou na condição de anonimato, trata-se de um “desgoverno”.

“O governo já estava assim (fraco). Nessa questão, entregou tudo sem garantia de que os caras vão responder”, disse esse líder. “O Congresso vai ter que fazer o que já vem fazendo, vamos tocar nossa vida, cuidar das pautas que temos. Não há necessidade de negociação com esse governo.”

Um outro líder parlamentar adotou posição similar e fez ainda avaliação de que a fragilidade do Planalto permitiu que grupos tirassem vantagem dessa vulnerabilidade.

Apesar de parlamentares criticarem a postura de Temer – que no auge da greve em evento com entrega de veículos para o Conselho Tutelar no Rio chegou a dizer que aquilo era a coisa mais importante que faria no dia -, analistas também viram falhas no papel desempenhado pelo Legislativo neste processo.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), patrocinou, contra a vontade do Planalto, a inclusão no texto da reoneração da folha de pagamento da isenção do PIS/Cofins para o diesel, cometendo um erro de cálculo no impacto que a medida teria nas contas públicas.

Já o presidente do Senado, na quinta-feira, conforme os episódios de desabastecimento se acumulavam, deixou Brasília em direção a seu Estado natal, o Ceará. No entanto, diante da exposição sofrida pela ausência, acabou retornando à capital.

Melo, do Insper, classificou como “um horror” a atitude de Eunício, enquanto Cortez, da Tendências, avaliou que a atitude de Maia pode ter sido motivada por “um certo oportunismo de tentar transformar essa crise em algum ganho eleitoral”. Maia é pré-candidato à Presidência pelo DEM.

Improbabilidade governista

O cenário de fragilidade do governo, que agrava a impopularidade de Temer e de sua administração – batuques de panelas puderam ser ouvidos durante o pronunciamento do presidente no domingo – tem ainda o efeito de tornar ainda mais improvável a empreitada de uma candidatura governista ao Planalto, atualmente encampada pelo ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB).

“A greve dos caminhoneiros derrubou o único pilar que o governo tinha para defender um projeto eleitoral em 2018, que seria a reconstrução da política econômica… Dificilmente essa ideia de continuidade vai prevalecer no comportamento eleitoral, o que significa que o eleitor vai olhar para alguém distante do governo”, disse Cortez.

“Me parece que tal cenário sinaliza a improbabilidade de um projeto presidencial do MDB e, mais do que isso, há o risco de ‘sarneyzação’ crescente do processo de 2018, quando candidatos e nomes ligados ao status quo tiveram muita dificuldade em convencer o eleitorado”, acrescentou, referindo-se à sucessão de José Sarney em 1989.

Nesse cenário, candidatos não identificados com o governo podem se beneficiar. Incluem-se neste grupo o pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro, e nomes mais à esquerda, como Ciro Gomes (PDT).

“Esse clima, essa radicalização, não chama por moderação. Ela atende aos extremos… Isso joga água no moinho do Bolsonaro. Agora, também a esquerda, por conta da radicalização, do mau momento, também é favorecida”, disse Melo.

“Eu sei é que o centro moderado e sobretudo o centro identificado com o governo é o que mais perde. O desastre foi no centro.”

(Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu, em Brasília)

Brasil

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Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio

 

Fumaça no Congresso assusta brasilienses – (crédito: Redes sociais)

 

Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:

A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.

A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.

Correio Brasiliense

 

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Brasília

Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS

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Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória

 

Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O governo federal liberou mais R$ 1,8 bilhão para ações de reconstrução no Rio Grande do Sul. A autorização do crédito extraordinário foi feita por meio da edição da Medida Provisória 1.223/2024, publicada na noite desta quinta-feira (23).

A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.

A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.

No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.

>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:

– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)

– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)

– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)

– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)

– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)

– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)

– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)

– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).

De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.

No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.

Por Agência Brasil

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Brasília

Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.

Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.

O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.

Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação –uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.

Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.

O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz –a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.

Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.

Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.

A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.

O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.

 

SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR

O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.

O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.

A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.

O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.

A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.

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