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Brasil

Créditos de carbono param na fila de votação da Câmara

Arthur Lira não põe o projeto em pauta e sua eventual análise vai depender do clima e da pressão externa para entrar na fila de votação no ano que vem

Mercado de carbono é uma das principais armas para estimular a adoção de modelos de negócio verdes em todo o mundo (Thinckstock/Thinkstock)

Por Bússola

A Câmara aprovou, em 4 de novembro, a urgência para a votação do projeto que cria o mercado de compra e venda de créditos de carbono no Brasil. Apresentado pelo deputado Marcelo Ramos (PL-AM) e relatado pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP), o texto institui o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE) e tem o objetivo de desburocratizar os processos de manejo florestal das áreas de reservas e atrair cada vez mais projetos sustentáveis para a região amazônica.

O regime de urgência, contudo, parou diante da resistência do Ministério do Meio Ambiente e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, à proposta. Presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL), não coloca o projeto em pauta e sua eventual análise vai depender do clima e da pressão externa para entrar na fila de votação no ano que vem, antes do início oficial da campanha eleitoral.

Autor do texto e um de seus maiores defensores, o deputado Marcelo Ramos, vice-presidente da Câmara, soma argumentos a favor da proposta. “A floresta sequestra carbono da atmosfera que pode ser monetizado. Um percentual desse valor arrecadado será revertido para a população ribeirinha e indígena, tradicionais ocupantes dessa área”, afirma. “É isso que pretendemos com o projeto que hoje tem o apoio de todos os líderes partidários, das indústrias de todos os setores, das organizações ambientais e ambientalistas”.

O Ministério do Meio Ambiente e o presidente do Banco Central alegam, contra o projeto, que apenas as grandes indústrias têm hoje capacidade de investir para se tornar menos poluentes e, com isso, gerar mais créditos de carbono. E as pequenas, por não terem recursos, vão perder mercado por não terem como aplicar em métodos mais modernos. Com isso, as pequenas serão obrigadas a comprar créditos, sem ter dinheiro para isso. Campos Neto alega que “com a carga do imposto recaindo majoritariamente em quem produz, os produtores podem ficar desestimulados”.

“É uma visão equivocada”, rebate o deputado Ramos. “Pequenas indústrias são as que menos emitem carbono na atmosfera e terão direito a créditos. E as grandes vão acabar sendo penalizadas justamente porque investiram”. O mercado de carbono, salienta o parlamentar, é a riqueza do futuro para o Brasil. De acordo com cálculos de dois estudos que chegaram ao conhecimento do parlamentar, o potencial líquido de recursos com crédito de carbono do país é de US$ 70 bilhões anuais depois de o Brasil compensar todas as emissões. “São recursos consideráveis que não podem ser ignorados. Estamos deixando de arrecadar.”

O mercado de carbono é uma das principais armas para estimular a adoção de modelos de negócio verdes em todo o mundo. A proposta é estabelecer um preço a ser cobrado de empresas emissoras de carbono e oferecer bônus para as que adotam a economia verde. Os títulos, chamados créditos de carbono, poderão ser negociados tanto no mercado primário (diretamente entre empresas) quanto na Bolsa de Valores. Na Europa, apenas em 2019 esse mercado movimentou cerca de US$ 45 bilhões.

A perda de recursos brasileiros pela política ambiental do governo Bolsonaro e o avanço do desmatamento na Amazônia, comprovado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), são um entrave para que o Brasil ganhe não apenas com créditos de carbono, mas também com financiamentos para projetos ambientais, como bem ressalta o deputado.

Ao participar da COP 26, em Glasgow, Ramos aproveitou para fazer contatos e tentar destravar os R$ 2,9 bilhões suspensos pela Noruega e Alemanha para o Fundo Amazônia. Não conseguiu. “O mundo não confia no Brasil, eles exigem gestos concretos de mudança de nossa política ambiental para liberar os recursos. Mudamos nosso discurso um pouco na Escócia, mas isso não basta. Tem de vir acompanhado de medidas administrativas que recomponham as estruturas dos órgãos de fiscalização ambiental e devolvam a eles sua autonomia, de medidas de natureza legislativa, como a aprovação do projeto de créditos de carbono, de ações de natureza policial e de segurança ambiental. E não temos nada disso ainda”.

 

Brasil

Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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