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CPI da Covid vai retirar sigilo de um terço dos documentos recebidos

Ação, que já foi deliberada, virou tema de debate na sessão desta quarta-feira (16/6). Governistas queriam que os órgãos de origem fizessem a reclassificação no lugar dos assessores jurídicos do Senado e da secretaria da comissão

Senador Marcos Rogério na CPI da Covid – (crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Membros da Comissão Parlamentar de Inquérito da covid-19 pretendem levantar o sigilo de diversos documentos entregues ao colegiado até esta sexta-feira (18/6). No bolo de papéis entregues, há imprecisões sobre a classificação, com informações como “pode conter sigilo”, sem objetividade, segundo apontaram senadores, e até documentos de empresas particulares classificados com segredo.

Um dos documentos classificados como sigilosos é uma mensagem do embaixador do Brasil na Índia comemorando a compra de cloroquina, medicamento propagandeado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, como solução para a covid-19, mas que não tem eficácia comprovada contra a doença. No documento, o diplomata afirma “habemus cloroquina”, (temos cloroquina, em tradução livre).

Presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM) comentou a mensagem. “Vai explicar isso para quem perdeu um irmão, como eu, para quem perdeu amigos, para quem ficou órfão, perdeu pai e mãe, está jogado à sorte. É isso que estamos atrás. Não é crucificar e fazer prejulgamento”, criticou. O tema foi tratado após o senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) sugerir que o colegiado pedisse aos próprios órgãos que reclassificassem os documentos, o que já foi feito pela assessoria jurídica do Senado e pelos assessores da secretaria da CPI.

Omar destacou que não houve vazamento de documentos sigilosos e que alguns trechos podem ter sido comentados por senadores, mas que não haveria como controlar, nesse caso. A CPI tem 1,5 terabyte de documentos digitalizados. “Tem até documentos que estão no portal da transparência, e o governador mandou para cá como sigiloso, uma forma de tentar obstruir a investigação”.

“Estamos com 1,5 terabyte. É uma quantidade bastante expressiva. Em relação ao Ministério das Relações Exteriores, eu recebi um telefonema do presidente (do Senado) Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a qual o chanceler entrou em contato, e vamos ter os cuidados. Queremos manter a CPI não na investigação dos fatos, mas, sim, na investigação concreta. Essa questão de levantar e reclassificar, vamos reclassificar o que entendemos e não entendemos como sigiloso. Agora, mandar de volta para eles dizerem: vamos terminar a CPI sem uma resposta”, argumentou.

O senador Ciro Nogueira (PP-PI) tomou a defesa de Marcos Rogério. Ele pediu que o colega governista e o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), avaliassem juntos a classificação. “Existe uma preocupação que está bem expressa no Conselho de Ética. Não podemos revelar documentos sigilosos em poder da CPI. Não vejo disputa política na situação, mas tem que ter cuidado. Com um grupo avaliando pode chegar a um bom termo sem que no futuro seja levantado que a CPI cometeu algum crime”, afirmou.

Randolfe Rodrigues tomou a palavra e lembrou que o assunto já foi deliberado. “Essa deliberação nós já tomamos. Há duas semanas essa comissão apreciou requerimento do senador Renan Calheiros (MDB-AL). O que ocorreu a partir daí foi um trabalho exaustivo da consultoria da Casa em conjunto com a secretaria da comissão, para ver dos documentos, quais podem ser desclassificados. O que faz a classificação de sigilo é a lei. Mas vieram documentos de empresas privadas. Empresa privada fazendo classificação de sigilo, o que ofende a legislação”, afirmou.

Segundo o parlamentar, dois terços do que foi avaliado não serão desclassificados. Entre esses documentos estão inquéritos do Ministério Público Federal e MPs estaduais. Nesse momento, o presidente fez uma avaliação da discussão. Foi quando trouxe à baila a mensagem do embaixador. “O interesse é de todos em saber a verdade. Quem faz o requerimento de informação está atrás das informações. Cada um tem um motivo para fazer o requerimento, cada senador. Mas não é um linguajar muito peculiar do embaixador, ‘habemus cloroquina’”, ironizou.

“Se isso for sigiloso, eu não sei. É uma brincadeira do embaixador mandar um documento que, se um embaixador escreve isso dessa forma, não dá para levar a sério. Eu não acreditei que fosse verdade o palavreado do embaixador. Está brincando na Índia. E a Comissão de Relações Exteriores tem que tomar providência em relação a esse tipo de linguajar. Vamos chegar até o fim da semana, isso foi dito por mim, que chegaríamos a 500 mil mortos. Meio milhão”, destacou.

Nesse momento, a sessão, que começou agitada, ficou em silêncio. “Cidades inteiras se foram. Quantas cidades? Temos que chegar à realidade. Da mesma forma que morre no Amazonas, morre no Piauí do Ciro Nogueira, em Rondônia de Marcos Rogério, em Santa Catarina do Jorginho (Mello) (PP-SC)”, continuou o senador. “Há um entendimento para diminuir o número de mortes. Uma coisa que ninguém pensou em ver em vida. É coisa de cinema. Eram filmes a que assistíamos que tinham uma pandemia. Não estamos vivendo um filme. Não é ficção. É realidade. Uma capital com 500 mil habitantes se acabou com essa pandemia”, comparou.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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