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Covid: como a Alemanha perdeu controle sobre pandemia de coronavírus

De acordo com o Instituto Robert Koch, a agência pública de controle e prevenção de doenças, 50.196 infecções foram confirmadas na quarta-feira (10/11), tornando a Alemanha o país europeu com o maior número de contágios diários

BBC Dos 18 pacientes no centro de terapia intensiva para Covid-19 deste hospital em Leipzig, 14 não foram vacinados –

Pela primeira vez desde o início da pandemia de Covid-19, a Alemanha registrou, recentemente, mais de 50 mil casos diários da doença.

De acordo com o Instituto Robert Koch, a agência pública de controle e prevenção de doenças, 50.196 infecções foram confirmadas na quarta-feira (10/11), tornando a Alemanha o país europeu com o maior número de contágios diários.

Com quase 250 infecções por 100 mil habitantes, a situação do país é muito pior do que na França (94) ou na Itália (73), segundo dados do Statista citados pela agência de notícias AFP.

A força com que esta quarta onda de Covid-19 atinge a Alemanha tem disparado o alerta não só dos agentes de saúde, mas também políticos e econômicos.

Olaf Scholz, o atual vice-chanceler e provável sucessor de Angela Merkel, afirmou na quinta-feira que o país precisa aplicar maiores restrições para conter o aumento dos casos e, assim, poder “passar por este inverno (boreal)”.

“Mesmo que a situação seja diferente (do inverno passado) porque muitas pessoas foram vacinadas, ainda não é boa, especialmente porque até agora bastante gente não optou por ser vacinada”, acrescentou.

A vacinação insuficiente contra Covid-19 é vista como a principal causa do aumento de casos da doença.

Relutância à vacina

Desde meados de outubro, as infecções e mortes pelo novo coronavírus vêm aumentando na Alemanha, algo que os especialistas atribuem à taxa de vacinação relativamente baixa, já que apenas 67% da população tomou as duas doses, segundo a publicação Our World in Data, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Com este percentual, o país está atrás de nações como Portugal (88%), Espanha (80%), Irlanda (75%), Bélgica (74%) e Itália (72%), entre outros.

Protesto contra vacinas em Leipzig

BBC
Grupos antivacina protestaram no último fim de semana em Leipzig contra as restrições que estão sendo impostas para deter as infecções no Estado da Saxônia

No total, cerca de 16 milhões de alemães acima de 12 anos não estão totalmente vacinados.

E isso não se deve à falta de insumos.

O governo alemão reconheceu que é improvável que muitas dessas pessoas sejam persuadidas a tomar a vacina, apesar do fato de esta quarta onda está sendo considerada, como em muitas outras partes do mundo, uma pandemia de não vacinados.

Na quarta-feira, o Estado da Saxônia registrou o maior índice de infecções do país: cerca de 459 casos por 100 mil habitantes, enquanto a taxa nacional é inferior a 250.

A Saxônia também tem a menor taxa de vacinação: apenas 57% de sua população foi imunizada.

Os efeitos da decisão de vacinar ou não se refletem nos centros de saúde.

Na unidade de terapia intensiva para Covid-19 do Hospital Universitário de Leipzig, por exemplo, havia 18 pessoas internadas, das quais apenas quatro haviam sido vacinadas, segundo a correspondente da BBC na Alemanha Jenny Hill.

“É muito difícil motivar a equipe a tratar os pacientes agora nesta quarta onda. Uma grande parte da população ainda subestima o problema”, diz o professor Sebastian Stehr, chefe da ala de Covid-19 do hospital.

As consequências em termos de vidas humanas podem ser muito altas.

De acordo com Christian Drosten, um dos virologistas mais renomados da Alemanha, cerca de 100 mil pessoas podem morrer no país se não forem tomadas medidas para impedir esta quarta onda agressiva.

“Temos que agir agora”, enfatizou Drosten, que descreveu a situação como uma verdadeira emergência.

Restrições e economia

Para tentar deter as infecções, já estão sendo esboçadas uma série de restrições.

Olaf Scholz

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O vice-chanceler, Olaf Scholz, lamentou que na Alemanha mais pessoas não tenham tomado a vacina contra Covid-19

O Partido Social-Democrata, o Partido Verde e o liberal FDP — que estão em negociação para formar uma nova coalizão de governo — apresentaram uma série de propostas no Parlamento para fazer frente à pandemia.

Entre elas, está permitir o acesso a determinados locais apenas para aqueles que foram vacinados ou que já se recuperaram da doença, endurecer as exigências de teste de Covid-19 em ambientes de trabalho e reintroduzir os testes rápidos de antígeno, que foram aplicados no verão passado.

Estas propostas serão analisadas pela Câmara dos Deputados nesta semana e, se aprovadas, podem entrar em vigor até o fim do mês.

No Estado da Saxônia, eles já começaram a aplicar algumas medidas adicionais, como a proibição da entrada de pessoas não vacinadas em bares, restaurantes, eventos públicos e instalações esportivas e recreativas.

A medida irritou os grupos antivacina que realizaram um protesto no último fim de semana em Leipzig, no qual participaram milhares de pessoas.

“Isso é discriminação e queremos expressar com veemência que não aceitamos isso em nossa sociedade”, enfatizou Leif Hansen, representante de um dos grupos antivacina de Leipzig.

“Dizem que a vacina não faz mal e que deveria dar aos meus filhos. Jamais! Tenho a sensação de que isso nunca deveria entrar no meu corpo e lutarei o máximo que puder para evitar”, disse Hansen à BBC.

Além destas restrições, muitos temem que um novo lockdown seja imposto.

Entre eles, está Nadine Herzog, coproprietária de um bar em Leipzig que a duras penas sobreviveu ao lockdown anterior.

“Meu negócio está morrendo. Meus sonhos se tornaram realidade e agora sofremos porque as pessoas não fazem as coisas lógicas para evitar que outras pessoas adoeçam e morram, estou muito chateada”, afirmou ela à BBC.

Anúncio de restrições na entrada de um estabelecimento em Leipzig

Getty Images
A Saxônia se tornou o primeiro Estado alemão a estabelecer que apenas pessoas vacinadas e aquelas que já tiveram Covid-19 podem entrar em certos locais

Mas muitos já estão deduzindo as consequências que as restrições contra a Covid-19 somadas aos problemas globais na cadeia de abastecimento vão ter sobre a economia alemã.

O Conselho Alemão de Especialistas Econômicos, um grupo consultivo do governo, reduziu nesta semana suas projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano de 3,1% para 2,7%.

“Gargalos na cadeia de suprimentos estão retardando a produção industrial, e a Alemanha é particularmente afetada por isso, mais do que outros países em que a indústria é responsável por uma parcela menor do PIB”, explicou Volker Wieland, professor de política monetária da Universidade Goethe de Frankfurt, de acordo com o jornal Financial Times.

Com estes números do PIB, a Alemanha teria uma das taxas de crescimento mais baixas de toda a zona do euro neste ano.

Enquanto isso, foram observadas nesta semana longas filas em alguns centros de vacinação de Leipzig, o que talvez seja uma evidência de que algumas pessoas estão mudando de ideia sobre a vacina.

No entanto, na unidade de terapia intensiva do Hospital Universitário de Leipzig, teme-se que o estrago já tenha sido feito. Cirurgias foram canceladas e procedimentos eletivos adiados para reservar leitos para pacientes com Covid-19.

Os médicos disseram à BBC que quase metade das pessoas que dão entrada ali acabam morrendo.

“Para a Alemanha, que inventou uma das primeiras vacinas contra Covid-19 do mundo, isso é uma grande vergonha”, diz Jenny Hill, correspondente da BBC no país.

Mundo

Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

Por

Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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