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Cotação de ‘dólar paralelo’ atrai brasileiros para viagens à Argentina

A desvalorização do peso e o crescimento de plataformas que usam o chamado ‘dólar blue’ nas transações atrai turistas para o país

Entrada de visitantes brasileiros na Argentina aumentou 25% e já está acima do patamar pré-pandemia (Ricardo Ceppi/Getty Images)

A profunda crise econômica vivida pela Argentina nos últimos meses tem deixado o câmbio do país instável. Embora o governo esteja tentando controlar a saída de dólares do país, em um esforço para frear a desvalorização do peso argentino, o chamado câmbio paralelo (ou “dólar blue”) mostra que o enfraquecimento da moeda local nunca foi tão forte. Nos últimos dias, 1 dólar blue valia em torno de 290 pesos, enquanto a cotação oficial era de 1 dólar para 130 pesos.

Se, por um lado, a desvalorização do peso causa uma série de problemas para os moradores do país – a inflação de mais de 60% no ano é o mais evidente deles –, por outro lado o turismo tem sido um dos beneficiados pelas flutuações no câmbio. Desde que as fronteiras abriram, em outubro passado, o número de visitantes brasileiros ao país aumentou 25%, comparando com o mesmo período de 2019, antes da pandemia.

A busca pelas viagens é alimentada, também, pelo crescimento de plataformas financeiras que oferecem uma câmbio mais favorável do que o oficial, praticado em bancos locais, como o Banco de La Nación. Se antes a cotação do dólar blue só era encontrada em casas de câmbio espalhadas pelas ruas argentinas, agora bancos conseguem oferecer um valor mais próximo, de forma mais segura – sem o risco de o turista acabar recebendo notas falsas no processo.

Uma das plataformas que mais tem atraído turistas brasileiros em busca de câmbio para a viagem à Argentina é a Wester Union. A corretora, que tem quase dois séculos de existência e atuação em mais de 200 países, oferecia, na segunda-feira, 18, um câmbio de 1 real para 55 pesos. Isso é mais que o dobro da cotação oficial, que estava em 1 real para 24 pesos.

Câmbio oficial x dólar blue

Além de controlar o câmbio oficial para conter a inflação, o governo argentino tem estabelecido cada vez mais barreiras para a saída de dólares do país. Na última semana, A Administración Federal de Ingresos Públicos (Afip), organismo de arrecadação de impostos da Argentina, anunciou um aumento nos tributos sobre o dólar turismo, por exemplo.

No entanto, a cotação oferecida pela Western Union aos seus clientes não segue a restrição oficial, pois a empresa é detentora de títulos da dívida pública argentina, que são negociados no mercado global – portanto, fora do câmbio estabelecido pelo próprio governo.

“Negociamos títulos do governo cotizados a mercado. Através dessa operação conseguimos alcançar a paridade com o ‘dólar blue'”, explicou Ricardo Amaral, CEO da Western Union Brasil.

Como funciona o serviço da Western Union?

Os custos para enviar dinheiro pela Western Union são os da taxa de transferência (de 3% sobre o valor total da transação) e do imposto federal, de 1%. Há, ainda, um limite de envio mensal de 335 mil pesos, o que equivale a pouco mais de R$ 6.000 na cotação atual.

Um dos grandes atrativos do serviço é a facilidade: o cliente consegue enviar os reais da própria conta no Brasil, por meio de um Pix, e sacar diretamente em uma das lojas da Western Union na Argentina. O tempo médio decorrido entre o envio do dinheiro e a disponibilização das notas na loja costuma ser de 1 hora, podendo ocorrer em menos tempo.

Além do câmbio, os turistas acabam optando pelo serviço da Western Union pela possibilidade de fazer remessa de qualquer lugar e a qualquer momento, apenas com acesso ao aplicativo ou site da empresa.

É importante dizer, no entanto, que a busca pelo serviço tem causado alguns inconvenientes. Nem todas as mais de 5 mil agências da Western Union na Argentina oferecem a possibilidade de resgate de valores maiores – as unidades menores, operadas em parceria com a marca Pago Fácil e localizadas em comércios das cidades, não têm dinheiro suficiente para resgates mais volumosos, e não é possível sacar valores parciais, somente o saldo todo de cada remessa feita.

Em razão das restrições, as filas nas unidades centrais são longas e chegam a mais de duas horas, mesmo em dias comuns. Além disso, a crise argentina tem tornado a disponibilidade de cédulas mais restrita. Nas últimas semanas, mesmo as agências centrais da Western Union chegaram a contar somente com cédulas de 100 ou 200 pesos.

Para se ter uma ideia de grandeza, um almoço ou jantar em Buenos Aires costuma custar entre 2.000 e 3.000 pesos. Seriam necessárias, portanto, de 20 a 30 cédulas para pagar uma única refeição.

Sobre a indisponibilidade de notas, Amaral, da Western Union, explica que parte do serviço de câmbio é abastecido pela plataforma Pago Fácil. Os residentes argentinos vão às lojas para pagar contas, e essas cédulas são usadas para as retiradas nas operações de câmbio.

“Essa operação dá solidez para termos sempre disponibilidade de cédulas nas lojas. É uma operação particular, que consiste em dinheiro de um cliente e pagar para outro”, explicou o presidente da empresa.

Brasileiros vivendo na Argentina

O executivo contou, ainda, que a disparada recente na demanda foi alimentada pelo turismo, mas que há uma fatia de clientes que usam o serviço, pois são brasileiros vivendo na Argentina.

“São clientes que estão no país para estudar e recebem dinheiro do Brasil mensalmente para pagar despesas”, explicou Amaral.

A possibilidade do trabalho remoto também aumentou a busca por moradia no país, embora as condições econômicas atuais (em especial a inflação) sejam um obstáculo diário para a administração das contas.

Para os brasileiros, o enfraquecimento do peso frente ao real ajuda a driblar o efeito inflacionário, mas uma vez que a moeda brasileira também tem perdido força frente ao dólar, parte dessa vantagem é anulada.

 

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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