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Coronavírus: frustração, negócios e rivalidade no caminho para a vacina

A busca de uma vacina contra a COVID-19 é uma intensa corrida de obstáculos planetária marcada por desafios financeiros e expectativas frustradas

Pandemia do coronavírus: questões financeiras e política no caminho da ciência (Robert Bonet/NurPhoto/Getty Images)

A busca de uma vacina contra a COVID-19 é uma intensa corrida de obstáculos planetária marcada por desafios financeiros, expectativas frustradas e problemas de segurança, de acordo com os especialistas.

Quantas vacinas?

Em seu último comunicado a respeito, em 6 de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registra 21 vacinas candidatas que estão em testes clínicos com seres humanos em todo o mundo (contra 11 em meados de junho).

Um terço dos testes acontece na China. O país, onde surgiu o SARS-CoV-2, vírus responsável pela pandemia, deseja ser o primeiro a oferecer uma vacina e não hesita em multiplicar as pesquisas.

Muitos testes estão em fase 1, ou seja, quando a segurança do produto é avaliada, ou em fase 2, quando a eficácia começa a ser analisada.

Dois estudos estão em fase mais avançada, a 3, quando a eficácia é medida em larga escala. São o projeto europeu da Universidade de Oxford, em cooperação com a empresa farmacêutica AstraZeneca, e o projeto chinês do laboratório Sinovac, em associação com o instituto de pesquisas brasileiro Butantan.

Neste último, o governo do estado de São Paulo começará a testar em 20 de julho a vacina do laboratório chinês em 9.000 voluntários.

Além dos testes já iniciados, a OMS registra 139 projetos de vacinas candidatas que estão em fase pré-clínica.

Quais técnicas?

Algumas equipes trabalham com vacinas clássicas, ou seja, as inativadas, que utilizam a versão morta do germe que provoca a doença, ou as chamadas ‘vivas’, que usam uma forma debilitada (ou atenuada) do germe que provoca uma enfermidade.

Também existem as vacinas de subunidades, que utilizam partes específicas do germe, como sua proteína, para oferecer uma resposta imune.

Há também as que utilizam outros vírus como suporte, o transformam e o usam para combater o que provoca a COVID-19.

E por fim, outros métodos novos promissores são explorados, que usam DNA ou RNA, as moléculas portadoras de instruções genéticas, para fabricar uma vacina.

“Quanto mais vacinas candidatas, mais oportunidades teremos para conseguir algo coisa”, resume à AFP Daniel Floret, vice-presidente da Comissão Técnica de Vacinas da França.

Resultados?

Até o momento há apenas resultados parciais publicados, alguns deles considerados “promissores” pelos laboratórios.

Mas a prudência deve imperar, destaca o imunologista francês Jean-François Delfraissy.

Por exemplo, “uma injeção aplicada em 30 pessoas não pode ser considerada um resultado”, explica.

Os comunicados dos laboratórios são destinados ao grande público, mas também estão impregnados de interesses financeiros. As empresas querem mostrar que os processos avançam, mas o que conta são os resultados. “E no momento não há resultados”, disse Floret.

Rápido e eficiente?

Em todo o mundo, as pesquisas aceleram, em um movimento inédito.

“Avança muito rápido, talvez mais rápido do que se previa”, explica à AFP Christophe d’Enfert, do Instituto Pasteur.

Governos e fundações iniciaram campanhas para arrecadar fundos e os Estados Unidos estão sozinhos na corrida, ao contrário de outros países, que uniram esforços.

O governo de Donald Trump lançou a operação que recebeu o nome “Warp Speed” para tentar produzir 300 milhões de doses de vacina efetiva até janeiro de 2021, com o objetivo de fornecer o produto de maneira prioritária aos americanos.

As empresas estão pesquisando e ao mesmo tempo preparando o sistema industrial para fabricar a vacina, quando normalmente “se espera os resultados” antes de lançar a segunda etapa, afirma Delfraissy.

Problemas de segurança?

“Para autorizar uma vacina contra a COVID-19, os testes clínicos terão que apresentar provas suficientes sobre sua segurança, eficácia e qualidade”, advertiu a Agência Europeia de Medicamentos (EMA).

E seguir muito rápido “pode gerar problemas” em termos de segurança, de acordo com Daniel Floret, que destaca que “um dos pontos chave é fornecer a prova de que a vacina não pode exacerbar a doença”, ou seja, agravar o quadro médico das pessoas vacinada, o cenário totalmente oposto do que é almejado.

Já aconteceu no passado com os macacos, “quando foram testadas vacinas contra o MERS-CoV e a Sars”, outros dois coronavírus.

No homem, o fenômeno do agravamento da doença aconteceu nos anos 1960 com vacinas contra o sarampo, que foram retiradas do mercado, e a bronquiolite do recém-nascido, recorda Floret.

Quando chegará a vacina?

A EMA calcula que será necessário aguardar “pelo menos até o início de 2021 para que uma vacina contra a COVID-19 esteja pronta para a aprovação e disponível em quantidades suficientes” para uso mundial.

Os mais otimistas acreditam em um prazo mais rápido.

“Não tenho certeza de que é muito realista afirmar isto. Precisamos moderar o entusiasmo”, afirma Floret.

“Se conseguirmos no primeiro trimestre de 2021 já será uma grande conquista, porque estes processos levam normalmente vários anos”, completa.

E se nunca for produzida?

O mundo sonha com a vacina, mas é possível que nunca seja produzida?

Efetivamente, “não é algo que deve ser considerado como certo”, admite Delfraissy. “Nunca fabricamos uma vacina contra um coronavírus, mas também nunca tivemos tantos meios para fazer isto”, considera.

“Há uma certa preocupação sobre a capacidade de conseguir fazer isto (…) mas temos os recursos. Várias técnicas estão sendo examinadas e seria surpreendente se não conseguíssemos”.

E quando a pesquisa terminar, uma pergunta permanecerá no ar: as pessoas aceitarão a vacina apesar do receio crescente sobre a vacinação ao redor do planeta?

“Como as sucessivas epidemias de sarampo demonstram, não somos muito bons no momento de responder à preocupação das pessoas a respeito das vacinas. Se não aprendermos com os erros, todo o programa de vacinas contra o coronavírus estará condenado de antemão”, escreveu a pediatra americana Phoebe Danziger, em uma coluna publicada na quinta-feira pelo New York Times.

Brasil

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Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio

 

Fumaça no Congresso assusta brasilienses – (crédito: Redes sociais)

 

Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:

A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.

A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.

Correio Brasiliense

 

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Brasília

Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS

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Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória

 

Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O governo federal liberou mais R$ 1,8 bilhão para ações de reconstrução no Rio Grande do Sul. A autorização do crédito extraordinário foi feita por meio da edição da Medida Provisória 1.223/2024, publicada na noite desta quinta-feira (23).

A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.

A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.

No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.

>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:

– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)

– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)

– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)

– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)

– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)

– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)

– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)

– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).

De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.

No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.

Por Agência Brasil

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Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.

Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.

O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.

Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação –uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.

Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.

O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz –a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.

Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.

Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.

A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.

O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.

 

SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR

O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.

O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.

A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.

O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.

A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.

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