Conecte Conosco

Mundo

Como funcionam os mísseis Patriot, enviados pelos EUA para Ucrânia

A visita de Zelesnky e o envio dos armamentos, o mais avançado que o Ocidente mandou para a Ucrânia até agora, foram vistos pela Rússia como um sinal de agressão dos EUA

(Christophe Gateau/picture alliance/Getty Images)

Na primeira viagem internacional do presidente da Ucrânia desde o começo da invasão russa ao país, em fevereiro, Volodmir Zelenski conversou com o presidente dos EUA, Joe Biden, discursou no Congresso dos EUA e recebeu a promessa de um envio de US$ 2 bilhões em ajuda, além do importante sistema antiaéreo de mísseis Patriot.

A visita e o envio dos armamentos, o mais avançado que o Ocidente mandou para a Ucrânia até agora, foram vistos pela Rússia como um sinal de agressão. Nesta quarta-feira, 21, antes mesmo do encontro entre Zelenski e Biden, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que seu país continuará desenvolvendo seu potencial militar e que vai deixar suas forças nucleares “prontas para o combate”. Em uma coletiva de fim de ano, com participação de quase 15 mil oficiais, o presidente disse que as novas entregas de armas à Ucrânia agravarão o conflito. Também anunciou que a Marinha terá novos mísseis de cruzeiro hipersônicos Zircon no início de janeiro, desenvolvidos nos últimos anos por Moscou.

A visita de Zelenski aos Estados Unidos ocorre quando a guerra está perto de completar 10 meses e será acompanhada de uma nova ajuda “significativa” de Washington a Kiev, que incluirá um sistema antiaéreo Patriot. Semanas atrás, o anúncio da medida provocou reação do Kremlin, que prometeu ataques preventivos contra os carregamentos americanos, sem deixar claro se tentariam destruir os mísseis ainda em posse dos americanos, antes da chegada deles ao país do Leste Europeu.

Em discurso no Congresso, Zelenski foi aplaudido de pé pelos parlamentares. O líder ucraniano citou o Natal como um símbolo da situação dos ucranianos. “Celebraremos o Natal, talvez à luz de velas. Não porque seja romântico, mas porque os russos cortaram a eletricidade”, afirmou.

Como funcionam os mísseis Patriot?

Os sistemas de mísseis Patriot são considerados um dos melhores sistemas de escudo antiaéreo do mundo. Analistas militares consideram o envio um “ponto de virada” na guerra – algo que o presidente ucraniano busca há meses para aumentar as defesas aéreas de seu país. Mas especialistas em armamentos bélicos e sistemas de defesa alertam que a eficácia do sistema é limitada e sua operação é complexa

Cada bateria do Patriot consiste em um sistema de lançamento montado em caminhão com oito lançadores que podem conter até quatro interceptadores de mísseis cada, um radar terrestre, uma estação de controle e um gerador. O Exército americano disse que atualmente tem 16 batalhões Patriot. Um relatório do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de 2018 descobriu que esses batalhões operam 50 baterias, que possuem mais de 1.200 interceptadores de mísseis.

O sistema Patriot “é um dos sistemas de defesa de mísseis aéreos mais amplamente operados, confiáveis e testados que existe”, e a capacidade de defesa de mísseis balísticos pode ajudar a defender a Ucrânia contra mísseis fornecidos pelo Irã, disse Tom Karako, diretor do Missile Defense Projetct do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

Ao longo dos anos, o sistema Patriot e os mísseis utilizados por ele foram continuamente modificados. O atual míssil interceptador para o sistema Patriot custa aproximadamente US$ 4 milhões (R$ 21,3 milhões) por disparo e os lançadores custam cerca de US$ 10 milhões (R$ 53,3 milhões) cada, informou o CSIS em seu relatório de defesa antimísseis de julho. A esse preço, não é rentável ou ideal usar o Patriot para abater os drones iranianos, muito menores e muito mais baratos, que a Rússia tem comprado e usado na Ucrânia. “Disparar um míssil de um milhão de dólares contra um drone de US$ 50.000 é uma proposição sem sentido”, disse Mark Cancian, coronel da reserva aposentado do Corpo de Fuzileiros Navais e conselheiro sênior do CSIS.

Necessidade x dificuldade de implantação

Os Estados Unidos tomaram outras medidas para melhorar as defesas aéreas ucranianas, incluindo o envio de dois Sistemas Nacionais Avançados de Mísseis Superfície-Ar (NASAMS), no mês passado, e a assinatura de um contrato de US$ 1,2 bilhão (aproximadamente R$ 6,4 bilhões) para construir e fornecer mais seis nos próximos dois anos.

No início do conflito, as autoridades americanas também ajudaram a intermediar um acordo com a Eslováquia, um aliado da Otan, para enviar seu único sistema de defesa aérea S-300 para a Ucrânia em troca de unidades Patriot.

Mas não foi o suficiente. Os bombardeios russos, incluindo aqueles que utilizaram drones de fabricação iraniana, tornaram-se uma das maiores ameaças para a Ucrânia, destruindo boa parte de sua infraestrutura – a mais preocupante delas, a infraestrutura energética, com a aproximação do inverno. Com isso, a pressão pelo Patriot aumentou.

A desconfiança da capacidade técnica das tropas ucranianas utilizarem os equipamentos modernos, contudo, preocupa Washington, e foi apontada por analistas militares.

Este será o equipamento mais desafiador que a Ucrânia recebeu até hoje”, disse Mark Cancian, cuja pesquisa durante a guerra se concentrou em suprimentos de armas. “Se os ucranianos tivessem um ou dois anos para absorver o Patriot, isso não seria um problema. … Meu palpite é que o Pentágono está muito nervoso com isso”.

Cancian disse que o Pentágono está “correndo um grande risco” ao implantar o sistema Patriot. “Acho que eles decidiram isso porque a necessidade de defesa aérea era tão grande, que eles estavam dispostos a correr um risco que não era o caso no passado.”

O sistema Patriot conta com um radar sofisticado para detectar ameaças recebidas e dispara mísseis de longo alcance para interceptá-las. Seus lançadores ficam em um chassi de caminhão e são altamente móveis. Cerca de 90 soldados são designados para um batalhão Patriot típico, que inclui até oito lançadores, cada um contendo entre quatro e 16 mísseis prontos para disparar, dependendo do tipo de munição.

Embora seja necessária uma equipe de apenas três pessoas para operar o sistema depois de implantado, geralmente é necessário uma ampla rede de apoio – o sistema foi projetado para ser usado em nível de batalhão, com cada um deles incluindo um quartel-general, empresa de manutenção e especialistas em comunicação.

Os mísseis lançados pelo Patriot podem atingir altitudes de até 79.000 pés, com alcance operacional, dependendo do tipo de munição utilizada, de até 160 km, para uso contra mísseis balísticos e de cruzeiro, bem como aeronaves.

Um obstáculo fundamental será o treinamento. As tropas dos EUA terão que treinar as forças ucranianas sobre como usar e manter o sistema. Soldados do Exército designados para batalhões Patriot recebem treinamento extensivo para serem capazes de localizar um alvo com eficácia, mirar com o radar e disparar.

O Departamento de Defesa americano trabalha agora nos parâmetros de um programa de treinamento, provavelmente na Alemanha. Em circunstâncias normais, o treinamento pode levar mais de seis meses. Outra autoridade dos EUA disse que as armas virão de estoques dos EUA, e não de unidades operacionais.

 

Mundo

Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

Por

Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

 

Continuar Lendo

Mundo

Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

Por

Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

Continuar Lendo

Mundo

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

Por

País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

Continuar Lendo

Trending

Avenida Agamenon Magalhães, 444
Empresarial Difusora – sala 710
Caruaru – PE

Redação: (81) 2103-4296
WhatsApp: (81) 99885-4524
jornalismo@agrestehoje.com.br

comercial@agrestehoje.com.br

Copyright © 2024 - Todos os Direitos Reservados