Brasil
Com TLP em vigor, BNDES anuncia melhores condições em linhas de financiamento
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou nesta quinta-feira (11) novas políticas operacionais que melhoram condições em suas linhas de financiamento, o que beneficia principalmente micro, pequenas e médias empresas. As mudanças ocorrem após entrar em vigor a Taxa de Longo Prazo (TLP), conforme estabelece a Lei 13.483/2017. A partir de 1º de janeiro, ela substituiu a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) nas operações de crédito do BNDES, exceto em alguns casos como em determinadas operações protocoladas antes de 31 de dezembro do ano passado.
Outra mudança também imposta por determinação legal está relacionada com a classificação do porte das empresas. Conforme a Lei Complementar 155/2016, passam a ser consideradas pequenas as que tem capital entre R$360 mil e R$4,8 milhões. A partir desse valor até R$ 90 milhões, se tornam médias empresas. Antes, ao superar R$3,6 milhões, já eram consideradas de médio porte.
Linhas de crédito
A instituição financeira também anunciou a prorrogação do BNDES Giro por mais um ano. A linha, destinada a empresas em dificuldades que necessitam de capital de giro, está assegurada até 31 de dezembro de 2018 e terá um orçamento de R$32 bilhões. Em 2017, foram liberados R$7 bilhões. O significativo aumento nos recursos disponibilizados foi decidido após avaliação do sucesso do financiamento, que teria garantido a sobrevivência de diversos negócios e a manutenção de empregos. O diagnóstico do banco é de que ainda há muitas firmas endividadas enfrentando problemas.
Houve também alteração na participação máxima do banco nas linhas BNDES Finem, BNDES Automático, BNDES Finame e BNDES Exim. O BNDES Finame, por exemplo, oferece crédito para a produção e aquisição de máquinas e equipamentos nacionais. A instituição financeira poderá agora ter participação de até 100% em projetos envolvendo micro, pequenas e médias empresas. Antes, o limite era 80%.
Também já estão valendo novas regras no crédito para apoio a empreendimentos, do BNDES Finem. A participação máxima do banco subiu de 60% para 80% em projetos apresentados envolvendo distribuição de gás e biocombustíveis, serviços de educação, cultura e saúde, difusão de tecnologia e produção de alimentos. O BNDES inclusive acredita que haverá um crescimento substancial nos investimentos em educação, cultura e saúde.
No caso de projetos envolvendo transporte de petróleo, telecomunicações e aquisição de ônibus e caminhões nacionais, a mudança foi de 30% para 60%. Ainda entrarão em vigor, no mês de abril, novos percentuais de participação máxima na linha para apoio à infraestrutura, também do BNDES Finem.
Taxas de juros
O BNDES é um banco público e, diferente das instituições financeiras do mercado, ele não utiliza a taxa de juros Selic. Até o ano passado, sua referência para operações de crédito era a TJLP, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) após avaliar alguns índices econômicos. Já a TLP, que entrou em vigor esse ano, é composta pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e pela taxa de juros prefixada das Notas do Tesouro Nacional (NTN-B) vigente no momento da contratação do financiamento.
De acordo com o diretor de planejamento do BNDES, Carlos da Costa, as novas políticas operacionais também levaram em conta um cenário de convergência das taxas de juros, que ficou evidenciado ao fim de 2017. Enquanto a TJLP fechou o ano em 6,75% e a TLP em 6,76%, a taxa Selic usada pelo mercado ficou em 7%. Segundo o diretor do banco, algumas políticas operacionais haviam entrado em vigor em um cenário bastante distinto, quando a Selic estava em 14% e a TJLP 7%.
“Naquele momento, nós tínhamos condições muito diferenciadas das nossas linhas em relação às linhas de mercado. Esse incentivo implícito que existia foi sendo reduzido ao longo do tempo. E felizmente foi reduzido porque a Selic caiu, não foi a TJLP que aumentou. Isso é bom e positivo para o Brasil. No entanto, traz ao BNDES a responsabilidade de ser mais eficiente e simples para os seus clientes, que são as empresas que investem para o país crescer”, disse.
Carlos da Costa explicou que, quando há diferença grande em relação aos juros praticados pelo mercado, o BNDES pode criar mais restrições para concessão do crédito que continuará tendo procura. Mas com a atual convergência, segundo ele, o banco precisa ser mais flexível. O diretor anunciou ainda o fim da regra envolvendo distribuição de lucros e dividendos.
“Para conceder determinados créditos, uma das imposição às empresas era restringir a até 25% a distribuição de lucros e dividendos. Estamos retirando isso, abrindo espaço para muitas empresas saudáveis e que não contavam com o recurso do BNDES para se modernizarem”. A limitação permanecerá apenas para linhas que envolvam capital de giro. “São linhas para empresas que estão passando dificuldade. Logo, se ela está passando dificuldade, não pode ficar distribuindo lucro”, avaliou Carlos.
Prioridades
De acordo com Carlos da Costa, há quatro prioridades de investimento para o próximo período: inovação, infraestrutura, modernização da administração pública e meio ambiente. “Nós financiamos projetos importantes para o país. Projetos de investimentos, de geração de empregos. Existe uma preocupação especial com micro, pequenas e médias empresas. Mas não só. Muitas vezes se levanta a questão se o BNDES deve financiar grandes empresas. Se for importante para o Brasil e sua viabilidade depender de financiamento, vamos atender”.
Ele disse ainda que terá início um novo processo de avaliação de efetividade, para garantir que os investimentos estão trazendo as melhoras esperadas ao país. As novas políticas operacionais já tem data para serem revistas. Como no final de fevereiro deve ser concluído o plano estratégico do BNDES para o próximo período, é previsto para abril a realização de mudanças.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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