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Com mais 17 meses de gestão, Covas direciona obras para revitalizar centro

Prefeito deixou para bairros periféricos ações mais básicas, como reformas de ruas, calçadas e ações de drenagem urbana

Bruno Covas: oposição faz críticas e especialistas veem problemas advindos do Plano Diretor (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Prestes a iniciar a reta final da atual gestão, a Prefeitura de São Paulo direciona para a região central da capital as obras de revitalização urbana, buscando modernizá-la, e deixa para os bairros periféricos ações mais básicas, como reformas de ruas, calçadas e ações de drenagem urbana. Urbanistas ouvidos pela reportagem destacam a importância de investimentos no centro, mas questionam a prioridade por obras nessa região.

Além disso, as ações voltadas para a região central enfrentam resistência e questionamentos judiciais. Na sexta-feira, a Justiça determinou a paralisação das obras de reforma do Vale do Anhangabaú atendendo a um pedido da Associação Preserva São Paulo, que questiona a falta de audiências públicas sobre as mudanças no local. A obra, que já começou, foi paralisada. No caso do Anhangabaú, ainda cabe recurso e a Prefeitura alega que a obra é regular.

Obras no largo do Arouche também foram alvo de ação judicial no final de julho e o plano para o parque do Minhocão foi questionado pelo Tribunal de Contas do Município. Além desses projetos, Covas toca reformas no calçadão do Triângulo Histórico e acerta os detalhes do Parque Augusta.

Projetos

São obras com cuidado arquitetônico: no Anhangabaú, o projeto é do escritório dinamarquês Gehl, um dos mais conhecidos do mundo. No Minhocão, a experiência tem por base exemplos de sucesso como o High Line nova-iorquino. As ações têm recursos municipais e federais e devem chegar a gastos de cerca de R$ 150 milhões, além de parcerias com empresas privadas.

As reformas ocorrem em um momento em que a vida noturna na área central refloresce, com a chegada de novos restaurantes, mas sem que instrumentos como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) Progressivo, que prevê cobranças extras para imóveis vazios, combatendo a especulação imobiliária, seja ampliado, com o cadastro de novos imóveis ociosos.

Periferia

Já nos bairros fora do centro expandido, os investimentos públicos são em ações de infraestrutura, como os programas de recapeamento de vias e de restauração de calçadas, além de obras de drenagem urbana. Dos cerca de R$ 400 milhões anunciados para revitalização de calçadas, 35% devem ser destinados às áreas periféricas de bairros como Sapopemba, São Miguel, Itaim e Guaianases, na zona leste.

Os destaques são os equipamentos de atendimento social: a retomada de obras de 12 Centros de Educação Unificados (CEUs) e 12 Centros de Educação Infantil (CEIs), obras com previsão de gasto de R$ 180 milhões. Porém, percorrendo a cidade, uma série de obras já anunciadas, algumas até já licitadas, ainda aguardam início. Uma das mais famosas é a canalização do Córrego Antonico um curso d’água de 1,5 quilômetro que cruza a favela de Paraisópolis, no Morumbi, zona sul.

“Ainda é aquela coisa: todo o verão o córrego alaga, as pessoas perdem o pouco que têm, o esgoto volta para a casas”, diz a líder comunitária Maria Betânia Freire Mendonça, de 61 anos. Ela conta que, desde 2014, quando o processo de urbanização da favela começou, essa obra vem sendo prometida.

Outro destaque é o término da duplicação da Estrada do M’Boi, também na zona sul, única ligação de bairros como o Jardim Ângela e a cidade. “São 600 mil pessoas que esperam a obra. Só têm essa rua para chegar no centro. Do bairro só até a ponte (do Socorro), a pessoa gasta no mínimo uma hora e meia por dia”, diz outro líder comunitário, o motorista José Geraldo de Araújo, de 50 anos.

Recursos

Essas ações ocorrem em meio à formação de um caixa na Prefeitura que já se aproxima de R$ 1 bilhão ainda sem definição de gastos. O Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano (Fundurb), que recebe recursos das outorgas pagas pelas construtoras durante o licenciamento de novos prédios, saltou de um saldo de pouco menos de R$ 400 milhões, no fim de 2016 (último ano da gestão anterior, de Fernando Haddad, do PT), para um saldo de R$ 900 milhões.

O fundo “engordou” graças ao Plano Diretor da cidade, aprovado em 2014, que previu o direcionamento de verbas para ele, e pela retomada de lançamentos imobiliários, que já se faz notar mesmo em meio à persistência da crise econômica.

Para a bancada do prefeito da Câmara Municipal, a diferença entre as ações do centro dos bairros não significa que a gestão Covas esteja esquecendo a periferia.

“Tem coisas muito importantes acontecendo na periferia”, diz o líder do governo, Fabio Riva (PSDB). “A Ponte de Pirituba vai beneficiar os bairros da zona norte”, exemplifica. Essa obra é uma ponte que passará sobre a Marginal do Tietê, ligando a Lapa (zona oeste) a Pirituba, facilitando o acesso viário ao centro para regiões como Jardim Peri e Brasilândia. Para a oposição, entretanto, Covas “repete o DNA do PSDB de investir naqueles que menos precisam”, afirma o vereador Antonio Donato (PT).

Centro

Já os estudiosos do planejamento de cidades afirmam que há, sim, necessidade de ações nas áreas centrais. “O centro tem características de periferia, mas uma periferia mais estruturada”, diz o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Fernando Túlio Salva Rocha Franco, citando a população carente que mora no centro. “Nas periferias, os investimentos têm de vir associados à infraestrutura dos serviços sociais”, argumenta.

Já o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) Fernando Nobre afirma que o centro não precisava dessas obras. “Você acha que o Anhangabaú precisava de reforma? O Plano Diretor tem esse defeito: jogou muita (responsabilidade) para os planos setoriais (de habitação e mobilidade), que estão parados na Câmara.”

Prefeitura alega Plano Diretor e prevê uso de fundo neste semestre

A Prefeitura diz que uma das definições do Plano Diretor é trazer mais moradores para a região central, daí os investimentos na área. “O adensamento desta região, dotada de infraestrutura, transportes, equipamentos públicos e que concentra grande parte dos empregos da cidade, reduziria o tempo de deslocamento desta população e os impactos gerados pelo crescimento da cidade em direção às áreas de mananciais, periféricas e de interesse ambiental”, diz o texto da gestão Covas.

Ao todo, “o investimento nas ações e obras que vão afetar o morador da região central e de regiões periféricas” é de R$ 1 7 bilhão, segundo a Prefeitura, citando “tapa buraco, manutenção de guias e sarjetas, limpeza de piscinões, córregos, ramais e galerias, serviço de avaliação, poda e remoção de árvores e guinchamento de veículos”.

A gestão reconhece o crescimento acelerado dos recursos parados no Fundurb, mas diz que “os investimentos serão executados a partir do segundo semestre e durante todo o ano de 2020, considerando especialmente as regiões periféricas.”

Sobre a duplicação da Estrada do M’Boi Mirim, a Prefeitura diz que está preparando a contratação de um novo projeto, sem dar prazos. Já sobre o Córrego Antonico, de Paraisópolis, afirma que prepara o projeto executivo da obra, também sem dar prazos.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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