Brasília
Cientistas apontam impacto dos micro-organismos no corpo humano
Três estudos divulgados nesta semana relacionam a microbiota com partos prematuros, diabetes e doença inflamatória intestinal
Os microbiomas — comunidade de bactérias, fungos e vírus — são essenciais para o bom funcionamento do corpo humano e podem ajudar a entender uma série de complicações na área da saúde. Por isso, pesquisadores têm se dedicado a entender mecanismos ligados a esses grupos de micro-organismos presentes em áreas como o intestino e o aparelho urinário. Nas edições desta semana das revistas britânicas Nature e Nature Medicine, estudos demonstram associação entre a composição de microbiotas e a ocorrência de parto prematuro, doença inflamatória intestinal (DII) e diabetes tipo 2. Os trabalhos fazem parte do projeto Integrative Human Microbiome Project (iHMP), cujos resultados podem contribuir para o desenvolvimento de intervenções médicas mais eficazes.
Curtis Huttenhower, pesquisador da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e autor principal de um dos estudos, analisou 132 indivíduos com DII e pessoas saudáveis (grupo controle). Ele e colegas identificaram alterações na composição da microbiota, nas moléculas derivadas do hospedeiro (voluntários) e do microbioma no intestino dos participantes que tinham a doença, além de mudanças na expressão gênica. “Os dados disponíveis fornecem a descrição mais abrangente até o momento das atividades microbianas e do hospedeiro nas doenças inflamatórias intestinais. Essas enfermidades afetam mais de 3,5 milhões pessoas, e sua incidência está aumentando em todo o mundo.”
As formas mais prevalentes de DII são a doença de Crohn e a colite ulcerativa. Para a equipe, os novos dados podem ajudar a entender melhor o surgimento dessas complicações mais incidentes e contribuir com informações valiosas para a construção de terapias mais eficazes. “É importante, no futuro, usar as informações relativas a essas moléculas dentro da clínica, criando melhores biomarcadores preditivos de progressão das enfermidades, o que também poderá fornecer alvos para melhores tratamentos”, frisam os autores.
Efeito metabólico
Em um segundo artigo publicado na Nature, cientistas liderados por Michael Snyder, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, relataram a interação entre a atividade do hospedeiro e do microbioma no estado de pré-diabetes — uma condição que pode levar ao diabetes, mas que nem sempre não é diagnosticada. “Diabetes tipo 2 é um problema de saúde crescente, mas pouco se sabe sobre os estágios iniciais da doença e seus determinados processos biológicos”, destacam os autores.
Snyder e sua equipe estudaram 106 indivíduos saudáveis e pré-diabéticos durante quatro anos, analisando mudanças moleculares, genéticas e microbianas. Descobriram padrões que definem o desenvolvimento precoce da doença, o que poderá ajudar na detecção do diabetes tipo 2 antes do usual. “Identificamos assinaturas moleculares iniciais em um indivíduo que precedeu o início do diabetes tipo 2, como marcadores de inflamação do receptor de interleucina-1 e da proteína C-reativa de alta sensibilidade”, detalharam. “Esse tipo de dado poderá permitir pesquisas adicionais sobre estados saudáveis, pré-diabéticos e diabéticos que ajudem no monitoramento da doença, fornecendo uma gama maior de tratamentos e recursos preventivos”, ressaltaram.
Risco de prematuridade
Além de doenças cada vez mais comuns, os cientistas do grupo iHMP também resolveram se aprofundar na relação da microbiota com o parto prematuro, um tema que, segundo eles, merece ainda mais atenção. “Nosso trabalho contribui para o entendimento do microbioma vaginal para o risco de parto prematuro, cuja incidência é superior a 10% em todo o mundo”, justifica, em comunicado, Gregory Buck, pesquisador da Universidade de Commonwealth Virgina, nos Estados Unidos.
Em artigo publicado na revista Nature Medicine, Buck e colegas relatam como estudaram 1.527 grávidas e identificaram mudanças no microbioma vaginal associadas ao risco de partos prematuros (com menos de 37 semanas de gestação), particularmente em mulheres de ascendência africana. A equipe observou que mulheres que tiveram o filho antes do recomendado apresentaram níveis mais baixos de Lactobacillus crispatus — micro-organismos anteriormente associados à saúde feminina.
Também identificou-se nível mais elevados das bactérias BVAB1, Sneathia amnii e TM7-H1, quadro ainda não observado por cientistas. “Em conjunto, nossos dados sugerem que, com outros fatores genéticos associados ao microbioma, os biomarcadores imunológicos podem ser úteis na definição do risco de parto prematuro, e que esse risco pode ser avaliado já no início da gravidez”, ressaltam.
Em grande quantidade
Estima-se que um homem de 70 quilos seja formado por 70 trilhões de células e que, apenas em seu intestino, existam 100 trilhões de bactérias. Em termos genéticos, a relação também chama a atenção. Um indivíduo recebe do pai cerca de 23 mil genes e tem em média 3,3 milhões de genes pertencentes a bactérias alojadas em seu corpo.
Palavra de especialista:
Impulsionando a medicina de precisão
“A medicina de precisão pode ser definida como uma abordagem emergente para tratamento de doenças e prevenção que leva em conta a variabilidade individual em genes, ambiente e estilo de vida. Agora, estudos do Projeto Microbioma Humano fornecem dados da microbiota humana ao rastrear duas doenças e um tipo de gravidez. Esses recursos serão de grande valor para abordagens de medicina de precisão. Esses documentos também oferecem excelentes exemplos de perfis personalizados que antes não existiam. Os três artigos fornecem dados extremamente necessários para treinar algoritmos ou projetar futuros experimentos. Desenvolver ferramentas clínicas e tratamentos nessa área será essencial para a conservação da nossa saúde, fornecendo dados ricos sobre os seres humanos, seus micróbios residentes e como eles interagem com o organismo. Afinal de contas, não somos apenas bactérias. Certo?”Verónica Lloréns-Rico e Jeroen Raes, pesquisadores do Instituto Rega de Pesquisa Médica, na Bélgica
Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio
Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:
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A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.
A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.
Brasília
Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS
Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória
A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.
A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.
No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.
>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:
– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)
– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)
– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)
– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)
– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)
– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)
– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)
– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).
De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.
No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.
Por Agência Brasil
Brasília
Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.
Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.
O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.
Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.
Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.
O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.
Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.
Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.
A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.
O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.
SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR
O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.
O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.
A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.
O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.
A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.
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