Conecte Conosco

Mundo

Chef Vicky Lau, de Hong Kong, leva o feminismo às cozinhas

Na arena altamente competitiva de Hong Kong, poucos tiveram uma ascensão tão fulgurante como Lau

(crédito: ANTHONY WALLACE / AFP)

Apesar do status conferido por suas duas estrelas Michelin, a chef de Hong Kong Vicky Lau diz que a batalha para alcançar a paridade de gênero no mundo da gastronomia profissional, dominado por homens, está longe de ser vencida. Mas algumas pequenas vitórias lhe dão esperança.

Na arena altamente competitiva de Hong Kong, poucos tiveram uma ascensão tão fulgurante como Lau, que, em pouco mais de uma década, passou de um pequeno café para administrar um dos restaurantes mais famosos da cidade.

Meses atrás, o Tate Dining Room foi premiado com duas estrelas Michelin, um marco para as chefs asiáticas, muitas vezes menosprezadas. E, embora muitos chefs digam em entrevistas que os prêmios não significam muito, Lau, de 40 anos, é mais direta.

“Não entrei na indústria porque queria esses reconhecimentos, mas com o tempo, eles se tornaram um objetivo”, disse em entrevista à AFP.

Questionada sobre a importância da duas estrelas Michelin para as mulheres, ela respondeu: “Acho que diz algo, porque incentiva muitas pessoas em nossa indústria a continuarem”.

Lau, uma ex-designer gráfica que mudou de carreira, conta que, ao entrar na profissão, não pensou “muito na questão de ser mulher e chef”.

Ela recorda que muitos de seus colegas eram mulheres quando estudou na academia Cordon Bleu de Bangcoc.

Uma vez dentro do ramo, viu como os homens dominavam tudo, principalmente quando se tratava de subir em uma empresa, ou ter um negócio.

Quando começou a chamar a atenção com seus pratos, cansou-se de ser questionada sobre seu gênero, sobre o exemplo que estava dando e o modelo em que se tornara.

Mas, com o tempo, começou a aceitar a realidade de que seu sucesso poderia servir para motivar outras pessoas. “Na verdade, tornou-se uma das minhas motivações para ir trabalhar”, explica.

Personalidades diferentes

Lau faz parte de uma nova geração de mulheres chefs de Hong Kong, ao lado de Peggy Chan e May Chow, que se tornaram modelos de empresárias de sucesso.

Tradicionalmente, os prêmios internacionais se concentram na culinária ocidental e em chefs do sexo masculino. Mas, aos poucos, as listas começam a refletir um pouco mais a realidade do mundo.

O movimento “Me Too” trouxe à tona o comportamento masculino que era elogiado por críticos de gastronomia e programas de televisão. Mas o progresso pode parecer desesperadamente lento.

“A indústria gastronômica é dominada por homens, como todos sabem, mas também espera que as mulheres se comportem como homens”, reclamou Peggy Chan, uma das primeiras chefs de alta cozinha vegetariana de Hong Kong.

O lento crescimento das mulheres, disse Chan, está começando a ter um impacto. “Agora há muito mais espaço para diferentes tipos de personalidades”, assegura.

Lau diz que sua cozinha é mais de 50% feminina, e as chefs com filhos são vistas como algo positivo, não uma dor de cabeça. “Aqui não celebramos o estilo de gritar de Gordon Ramsey”, garante Lau.

Técnicas chinesas

Os pratos de Lau combinam a gastronomia francesa e chinesa e são extremamente bonitos, cada apresentação refletindo seu passado como designer.

E ela está determinada a dar maior reconhecimento às técnicas culinárias chinesas, muita vezes desvalorizadas.

Como exemplo, cita os caldos “superiores”, que passam horas no fogo e são uma marca registrada da culinária chinesa.

Seu negócio se manteve durante a pandemia do coronavírus, graças ao serviço de bufê, venda de comida para viagem e uma confeitaria.

Ela também abriu pela primeira vez para o almoço, oferecendo um menu de degustação de baixo custo. “Fizemos arroz, tofu, chá, molho de soja”, detalha a chef. Cada prato de seu último menu é feito com as diferentes partes de uma planta: sementes, folhas, bulbos, caules, frutas, raízes e flores.

Lau diz que a pandemia a empurrou para um espaço mais criativo e pensativo. “Acho que a covid vai colocar a globalização em pausa”, prevê, afirmando que os restaurantes de alta gastronomia são obrigados a usar mais ingredientes locais.

Para ela, a alta gastronomia é uma forma de “se expressar no prato”, e “muitas vezes dá para se perder um pouco”. “Por isso, é hora de fazer com que a estrela do prato sejam ingredientes mais humildes, como o molho de soja, ou o arroz”, acredita.

Mundo

Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

Por

Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

 

Continuar Lendo

Mundo

Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

Por

Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

Continuar Lendo

Mundo

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

Por

País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

Continuar Lendo

Trending

Avenida Agamenon Magalhães, 444
Empresarial Difusora – sala 710
Caruaru – PE

Redação: (81) 2103-4296
WhatsApp: (81) 99885-4524
jornalismo@agrestehoje.com.br

comercial@agrestehoje.com.br

Copyright © 2024 - Todos os Direitos Reservados