Mundo
Charles III visita Gales antes da ‘Vigília dos Príncipes’ em Londres
“Diolch o galon ichi am eich geiriau caredig” (Obrigado de coração por suas palavras amorosas), disse em galês o rei, de 73 anos
Charles III encerrou nesta sexta-feira (19) em Gales sua viagem pelo Reino Unido como novo monarca, antes de velar durante a noite o caixão da falecida mãe, Elizabeth II, ao lado dos irmãos na “Vigília dos Príncipes” em Londres.
“Diolch o galon ichi am eich geiriau caredig” (Obrigado de coração por suas palavras amorosas), disse em galês o rei, de 73 anos, após as demonstrações de carinho e pêsames do Parlamento regional, que visitou ao lado da esposa Camilla após uma cerimônia religiosa na catedral Llandaff de Cardiff.
Sua mãe faleceu no dia 8 de setembro aos 96 anos. A morte deste símbolo de unidade durante seu longo reinado de sete décadas estimulou o sentimento independentista em Gales, assim como na Escócia e Irlanda do Norte, o que transformou a viagem de Charles III em uma missão crucial.
“Espero que Gales seja independente. Certamente afetaria nossa economia porque dependemos da economia do Reino Unido, mas acredito com força na independência”, declarou à AFP Zahra Ameri, de 22 anos, funcionária de uma loja de chá.
Mas centenas de pessoas, admiradoras da família real, também receberam Charles III e a nova rainha consorte, Camilla, com bandeiras de Gales, brancas e verdes com um dragão vermelho.
“Queremos dar apoio, estar ao lado dele, dar pêsames. Não vamos ao funeral, pensamos que ver um integrante da família real vivo é melhor que acompanhar o funeral de alguém”, afirmou Vera Jackson, bancária de 39 anos.
Em Londres, milhares de pessoas prestaram a última homenagem à rainha Elizabeth II em Westminster Hall, a parte mais antiga do Parlamento britânico.
Na manhã desta sexta-feira, o fluxo contínuo de súditos obrigou as autoridades a suspender por pelo menos seis horas o acesso à fila de vários quilômetros, onde a espera até o caixão é de quase 14 horas.
O anúncio aconteceu pouco depois de um ataque a facadas que deixou dois policiais feridos no bairro central do Soho.
Os policiais atacados estão fora de perigo e a força de segurança descartou qualquer motivação terrorista, mas o ataque provocou inquietação sobre a segurança para o funeral de Elizabeth II, programado para segunda-feira e que deve ter a presença de centenas de chefes de Estado e representantes de monarquias de todo o mundo.
“Vigília dos Príncipes”
Multidão aguarda em fila nos jardins de Victoria Tower para ter acesso à sede do Parlamento britânico, onde está o caixão da rainha Elizabeth II
Dentro de Westminster Hall, o caixão de Elizabeth II está sobre um catafalco roxo, no topo de um pedestal, coberto pelo estandarte real, a coroa imperial e o cetro, símbolos do poder da monarquia britânica.
A câmara ardente permanecerá aberta até 6H30 (2H30 de Brasília) de segunda-feira, poucas horas antes do funeral de Estado na Abadia de Westminster e do sepultamento da rainha em uma capela no Castelo de Windsor.
As homenagens provocam cenas de grande emoção e profundo respeito por parte da população britânica.
Na sexta-feira à noite, a partir das 19H30 (15H30 de Brasília), Charles III e seus irmãos Anne, de 72 anos, Andrew (62) e Edward (58) prestarão homenagem a sua mãe com a “Vigília dos Príncipes”, uma tradição iniciada em 1936, quando os quatro filhos de George V permaneceram em guarda ao redor de seu caixão.
Charles e seus irmãos já velaram o caixão de Elizabeth II em Edimburgo na segunda-feira, enquanto os escoceses prestavam homenagem à monarca em uma câmara ardente estabelecida no país porque ela faleceu quando estava no castelo de Balmoral.
Durante 10 minutos, eles permaneceram com as cabeças inclinadas ao lado do caixão de carvalho, vestidos com seus trajes militares, com exceção de Andrew, de quem a própria rainha retirou a honraria no ano passado por seu envolvimento em um escândalo sexual.
Porém, uma exceção permitirá que nesta ocasião Andrew utilize o uniforme, assim como também o príncipe Harry, de 38 anos.
De acordo com fontes da família real, Charles III teria solicitado a presença dos oito netos de Elizabeth II na vigília. Mas não está confirmado se a participação acontecerá nesta sexta-feira, ao lado de seus pais, ou no sábado.
Controvérsia em Gales
Com a ascensão de Charles, o título de Príncipe de Gales passou para seu filho mais velho, William, de 40 anos, agora herdeiro do trono.
Porém, muitas pessoas nesta região do sudoeste da Grã-Bretanha desejavam a abolição do titulo criado há sete séculos.
“Há opiniões divergentes. Muitas pessoas não querem o título de Príncipe de Gales porque acreditam que deveria pertencer a um galês”, disse à AFP Maria Sarnacki, prefeita de Caernarfon, cidade conhecida por seu imponente castelo.
O título de Príncipe de Gales foi utilizado originalmente pelos príncipes nativos, mas o último, Llywelyn ap Gruffudd, foi executado em 1282 durante a conquista de Gales pelo rei Edward I da Inglaterra.
Quase 750 anos depois, a região tem autonomia política e registra um distanciamento da Coroa que Charles III, menos popular que sua mãe, terá que se esforçar para superar.
Mundo
Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas
Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”
Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.
A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.
A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.
Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.
Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.
A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.
Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.
No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.
O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.
“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.
“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.
Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.
Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.
Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
versão original
Mundo
Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano
Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra
Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.
Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.
Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.
Mundo
Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder
País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando
Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.
A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.
Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.
Como funcionam as eleições?
O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.
Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.
Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.
O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.
Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.
O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.
A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.
O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.
Quem é Keir Starmer?
O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.
Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.
Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.
O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.
Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.
Quando saíram os resultados?
Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.
Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.
Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.
Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.
De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.
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