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Centenária alemã se lança na política para lutar contra mudança climática

“Os jovens me dão realmente esperança”, diz a senhora que briga com a indústria automobilística alemã e prefere caminhar para se locomover

Lisel Heise: Alemã de 100 anos entra para a política com bandeira climática (Daniel Roland/AFP)

A decisão da alemã Lisel Heise de entrar para a política foi tomada quando cortaram o microfone enquanto ela falava em uma reunião pública. Esta senhora centenária se tornou vereadora e agora luta ao lado dos jovens pelo clima.

Há 40 anos, quando se aposentou das salas de aula, ela já defendia a reabertura de uma piscina pública.

“Quando eu comecei (a falar), algumas pessoas não queriam realmente me ouvir e foram até desligar o microfone”, contou ela à AFP.

“Hoje, pessoas do mundo inteiro vêm falar comigo. Quem está rindo agora?”, brinca ela.

O que mudou desde então foi sua eleição na primavera (hemisfério norte), contrariando qualquer expectativa, para a Câmara Municipal de Kirchheimbolanden, na Renânia-Palatinat (oeste), apenas algumas semanas depois de soprar as velinhas por seu centenário.

Não foi por acaso que a proposta de uma piscina pública mobilizou a sra. Heise. Esta ideia representa dois temas que lhe são muito caros: os jovens e a saúde pública.

Desde então, veio seu envolvimento com a questão climática, inspirada na mobilização dos jovens do “Fridays for future” (Sextas-feiras pelo futuro), movimento lançado pela sueca Greta Thunberg e muito acompanhado pela juventude alemã.

“Todo mundo a respeita”

“Os jovens me dão realmente esperança”, diz, com entusiasmo, essa senhora que briga com a indústria automobilística alemã e caminha até hoje, todos os dias, pela pequena cidade pitoresca de Kirchheimbolanden, com cerca de 8.000 habitantes.

Heise faz parte de uma onda crescente de pessoas da terceira idade que se recusam a se afastar da vida pública, a exemplo do movimento “Oma gegen Rechts” (“Avós contra a direita”).

Lançado em 2017 na Áustria e importado pela Alemanha, ele reúne regularmente mulheres mais velhas que querem aproveitar as lições da História e se opor ao racismo.

A carreira política de Lisel Heise deslanchou no início do ano quando um membro da Câmara, Thomas Bock, de 59, viu nela uma aliada em potencial.

Bock dirige um grupo político local que milita contra os partidos tradicionais e por mais transparência. Ele precisava de uma candidata com paixão suficiente para se rebelar contra os poderes estabelecidos.

Lisel Heise “tem uma personalidade forte e muita energia”, elogia.

E – um detalhe que não pode ser minimizado, segundo Bock – vários eleitores foram seus alunos, e “todo mundo a respeita”.

Por mais de duas décadas, a cidade foi liderada pelo partido conservador de Angela Merkel (a CDU) e, no último mandato, por uma grande coalizão com os socialdemocratas, como a que dirige o país desde 2013.

Coragem cívica

O sucesso do grupo, do qual Heise faz parte, deslocou o centro de gravidade da cidade para a esquerda.

A ex-professora não é apenas uma estrela em ascensão na política. Ela é também testemunha de uma grande parte do tumultuado século XX alemão.

Nascido no dia seguinte à Primeira Guerra Mundial, o pai de Heise tinha uma fábrica de sapatos e também foi vereador. Depois do “pogrom” da “Noite dos Cristal”, em novembro de 1938, ele se levantou, diante de seus pares, contra o incêndio da sinagoga local e contra a perseguição dos judeus.

Seu pai passou várias semanas preso até que um amigo com boas relações com Berlim intercedeu, evitando que ele fosse enviado para um campo de concentração.

Heise gosta de pensar que ela herdou uma parte da coragem cívica paterna.

A “vergonha” Trump

Viúva há quatro anos, após mais de sete décadas de casamento, ela mora com um de seus quatro filhos e um neto. Lisel tem oito bisnetos.

A sra. Heise gosta de receber os visitantes em uma sala cheia de livros, incluindo um volume, bem à vista, de fotos do ex-presidente americano Barack Obama.

“Um líder político deve ter uma visão e um pensamento lógico, mas também humanista”, ensina.

Sobre Donald Trump, cujos ancestrais são procedentes da cidade próxima de Kallstadt, ela tem poucas palavras. “Tenho vergonha de que seu avô seja daqui”, resume a centenária.

Lisel Heise se mantém em forma física e intelectual cuidando do jardim e acompanhando os talk-shows sobre política.

Sepandar Lashkari, de 44, um iraniano que chegou adolescente à Alemanha, tem um café, do qual Lisel Heise foi uma das primeiras clientes.

A vereadora de 100 anos é uma “excelente propaganda para a cidade”, celebra ele.

“Muitas pessoas se tornaram mais ativas politicamente graças a ela. Ela inspira jovens e velhos de uma maneira muito positiva”, longe do “cinismo” que, segundo ele, contamina a política.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

Por

Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

versão original

 

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

Por

País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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