Brasil
Calçadas apertadas, poda mal feita e ventos fortes: por que caem tantas árvores em São Paulo?
Queda de árvore matou motorista na Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo, nesta terça-feira (1º). Para especialistas, cenário é resultado de série de fatores que vão de falta de planejamento à má manutenção.
É só chover em São Paulo que logo que se contabilizam quantas árvores caíram na cidade, como se fosse uma consequência natural das chuvas e ventos fortes. Nesta terça-feira (2), uma dessas quedas levou a morte de uma mulher que estava no carro com sua família. Outra caiu em cima de um motoboy. Há menos de duas semanas, uma árvore caiu no meio da Avenida Paulista, feriu uma idosa de 87 anos e bloqueou uma das principais avenidas da cidade.
Para especialistas, mais do que uma fatalidade, este cenário é um problema histórico da cidade, consequência de uma soma de fatores, e que atravessa várias gestões na Prefeitura de São Paulo. Veja os principais:
- Calçadas estreitas para árvores grandes;
- Árvores “doentes”, com cupins ou fungos;
- Podas mal realizadas;
- Falta de acompanhamento da flora da cidade;
- Ventos e chuvas fortes.
O número de quedas de árvores cresceu nos últimos anos, segundo a Prefeitura de São Paulo. Em 2017, foram 3.611. Em 2018, 4.447 árvores caíram. E em 2019, 4.978 quedas. De janeiro a novembro de 2020, 2.995 árvores caíram na capital.
Para o pesquisador do Laboratório de Árvores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Sergio Brazolin, o problema começou quando se começou a arborizar a cidade, 70, 80 anos atrás, sem planejamento entre o tamanho e espécie da árvore e a calçada que a abrigaria.
“É muito comum andar pela cidade e ver árvores enormes, de 15, 20 metros de altura, com calçadas pequenas. É uma gigante de pé pequeno”, aponta Brazolin. Hoje, os novos plantios seguem as regras estabelecidas pelo Manual Técnico de Arborização Urbana, da Prefeitura de São Paulo, desenvolvido para evitar tais discrepâncias.
O biólogo também lembra que as árvores são seres vivos. Logo, também ficam doentes: “Cupins, apodrecimento, o que é natural de um ser vivo adulto que está ficando velhinho. Quando acontecem esses problemas na árvore, associado ao peso dela, elas vão se fragilizando na sua base”.
Brazolin aponta que a manutenção, com o olhar periódico de um especialista, é uma das questões principais. “Às vezes ela está bonita por fora mas por dentro está oca. Esse manejo é essencial em qualquer cidade”.
Outro fator apontado são as podas mal feitas, que podem desequilibrar a árvore, deixando um lado muito mais pesado que o outro. Os cortes também devem ser feitos nos galhos menores. Quando feito nos grandes, podem causar o alojamento de cupins ou apodrecimento.
Para o botânico e paisagista Ricardo Cardim, a fiação elétrica é uma das grandes vilãs das árvores da cidade. “A fiação elétrica aérea leva a mutilação de grande parte da floresta urbana em São Paulo”, afirma Cardim. O paisagista defende que a fiação deveria ser enterrada.
Quando a isso se somam ventos fortes fortes e chuvas intensas, o resultado, segundo ele, pode ser fatal. “Todo verão vemos uma série de problemas com arborização na cidade e tragédias horrorosas como essa por causa de falta de cuidado”, afirma Cardim.
“O que acontece é que até hoje parece que o poder público, principalmente o executivo, não entendeu que as áreas verdes de São Paulo são essenciais para a qualidade de vida e saúde da população e precisam de investimentos à altura”, disse o botânico e paisagista.
Segundo Cardim, em várias gestões se promete fazer um levantamento detalhado das árvores da cidade, quais, quantas são e onde estão, o que ainda não foi realizado. “O raciocínio é simples, como você vai cuidar de algo que não sabe quantas são e qual o estado?”
Para os especialistas, não é necessário remover as árvores grandes da cidade, essenciais para a qualidade do ar e para a saúde da população. A solução passa também pelo manejo eficiente dessa população arbórea. Uma das técnicas utilizadas é podar a copa de forma que ela deixe o vento fluir e não atue como um “paredão”.
Procurada, a Prefeitura de São Paulo ainda não se manifestou sobre a qualidade das podas feitas na cidade. Em nota desta terça-feira (2), a Secretaria Municipal das Subprefeituras, informou que “entre janeiro e outubro deste ano, foram podadas 144.718 árvores e outras 11.437 removidas”.
A pasta também disse que o prazo para poda de árvore caiu 91%, passando de 507 para 43 dias na cidade.
O pedido de solicitação de poda na Prefeitura pode ser feito pelo número 156 ou pelo aplicativo 156 da administração municipal.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
-
Mundo8 meses atrás
México vai às urnas em eleição histórica e pode eleger 1ª presidente mulher
-
Geral8 meses atrás
Saiba como fica a composição do TSE com a saída de Moraes e a chegada de André Mendonça
-
Geral8 meses atrás
Após derrotas no Congresso, Lula faz reunião com líderes do governo nesta segunda (3)
-
Política8 meses atrás
Apoio de Bolsonaro e estrutura do PL podem levar Fernando Rodolfo ao segundo turno em Caruaru, mostra pesquisa
-
Saúde7 meses atrás
Cientistas descobrem gene que pode estar associado à longevidade
-
Polícia8 meses atrás
Homem é executado em plena luz do dia em Bom Conselho
-
Comunidade8 meses atrás
Moradores do São João da Escócia cobram calçamento de rua há mais de 20 anos
-
Comunidade8 meses atrás
Esgoto estourado prejudica feirantes e moradores no São João da Escócia