Brasília
Butantan e indústria farmacêutica vão colaborar em vacina contra a dengue
Farmacêutica e instituição trocarão informações sobre processos produtivos e ensaios clínicos de suas vacinas experimentais
O Instituto Butantan assinou, nesta quarta-feira (12/12), um acordo de colaboração tecnológica e em pesquisa clínica com a Merck Sharp & Dohme (MSD) para o desenvolvimento de vacinas contra a dengue. A instituição de pesquisa paulista e a farmacêutica – que desenvolvem vacina com base em uma mesma formulação elaborada pelos National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos – trocarão informações sobre processos produtivos e ensaios clínicos de suas vacinas experimentais, que estão em diferentes estágios de desenvolvimento.
A vacina desenvolvida pelo Butantan, com apoio da FAPESP, está na última fase de testes em humanos, com a participação de 17 mil voluntários. Já a vacina da MSD está na primeira fase de ensaios clínicos, em que é avaliada em um pequeno grupo de pessoas.
Por isso, na primeira etapa do acordo o Instituto Butantan receberá um pagamento antecipado de US$ 26 milhões da MSD e poderá receber mais US$ 75 milhões à medida que a farmacêutica americana atingir marcos no desenvolvimento e comercialização de sua vacina experimental.
“Esse é um fato inédito na vida das instituições de pesquisa brasileiras e representa a vitória de uma maneira de pensar a interação entre os setores públicos e privados que certamente trará muitos benefícios no futuro”, disse Marco Antonio Zago, secretário de saúde do Estado de São Paulo e presidente da FAPESP, na cerimônia de assinatura do acordo.
“É uma satisfação ver que um projeto que foi iniciado a partir de estudos financiados pela FAPESP ao longo de quase 20 anos esteja agora se transformando em um produto que dentro de alguns anos poderá entrar no mercado mundial”, disse.
Por meio do acordo, o Butantan disponibilizará para a MSD o acesso às informações sobre os ensaios clínicos em curso até que ambos os parceiros cheguem a um nivelamento. Desse ponto em diante, a colaboração se dará livremente, ainda que cada um dos parceiros venha produzir sua própria vacina.
O acordo também prevê o licenciamento exclusivo de patentes relacionadas à vacina contra a dengue desenvolvida pelo Butantan para a MSD, ainda que a empresa não venha a utilizá-las parcial ou integralmente. Se durante o desenvolvimento de sua própria vacina a MSD obtiver patentes sobre sua tecnologia, o Butantan terá acesso gratuito a elas. A MSD não poderá comercializar no Brasil a vacina que vier a desenvolver e pagará ao Butantan royalties sobre as vendas dela no exterior.
“O acordo mostra que o Butantan atingiu um nível de excelência internacional no desenvolvimento de vacinas de interesse global. Com novos aportes financeiros, poderemos investir ainda mais em produção de vacinas e em pesquisa”, disse Dimas Tadeu Covas, diretor do Instituto Butantan.
As vacinas em desenvolvimento pelo Butantan e pela MSD são baseadas em cepas dos quatro sorotipos do vírus da dengue modificadas por pesquisadores de centros de pesquisa do NIH. Essas cepas virais atenuadas diferem dos vírus o suficiente para não provocar a doença e são capazes de desencadear não somente a proteção por meio de anticorpos como também estimular células específicas do sistema imunológico que guardam a memória da infecção pela dengue.
Uma formulação inicial líquida e congelada dessas cepas – ainda não uma vacina apta a chegar ao mercado – foi testada experimentalmente pelo NIH em animais e humanos e apresentou bons resultados.
Em 2009, o Butantan licenciou o uso dessas cepas virais atenuadas para desenvolver uma vacina para ser distribuída apenas no Brasil. E em 2014, a MSD licenciou o uso dessas cepas para desenvolver uma vacina para ser comercializada nos Estados Unidos, Canadá, China, Japão e União Europeia, entre outros países, à exceção do Brasil.
“O acordo permitirá ao Butantan também acelerar os estudos clínicos de sua vacina contra dengue e introduzir parte de seu know how na vacina que a MSD comercializará no exterior, recebendo royalties sobre as vendas”, disse Fábio de Carvalho Groff, gestor do Núcleo de Inovação Tecnológica do Instituto Butantan, à Agência FAPESP.
“É uma relação de ganha-ganha em que, com base no know how e nos dados dos ensaios clínicos da vacina contra dengue do Butantan, a MSD poderá acelerar seu programa de desenvolvimento e o instituto será compensado financeiramente por isso”, disse Groff.
Patente e eficácia
Ao longo dos últimos anos, o Butantan desenvolveu uma vacina com os quatro vírus da dengue e liofilizada (em pó), que é diluída antes de ser administrada e pode ser conservada em refrigeradores. Em setembro de 2015, o instituto depositou no Escritório Norte-Americano de Patentes e Marcas (USPTO) o pedido de patente sobre o processo que desenvolveu a partir das cepas do NIH e a obteve em junho deste ano.
Como os vírus que usaram para o desenvolvimento da vacina eram os mesmos usados por colegas do NIH nos Estados Unidos, os pesquisadores do Butantan foram autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a começar o estudo clínico pela fase 2, em que é preciso demonstrar que a vacina é segura e capaz de desencadear uma resposta imunológica.
“Tivemos um avanço mais rápido no desenvolvimento da vacina justamente pelo fato de termos começado pela fase 2”, disse Alexander Precioso, diretor da divisão de ensaios clínicos e farmacovigilância do Instituto Butantan.
Concluída a fase 2, a instituição entrou imediatamente com um pedido de aprovação de estudo de fase 3 na Anvisa em 2013 – autorizado em 2015 –, em que é preciso demonstrar que a vacina é tetravalente, ou seja, é capaz de conferir proteção à infecção por qualquer um dos quatro diferentes tipos do vírus da dengue.
Comprovada a eficácia, a instituição poderá pedir o registro da vacina na Anvisa para que possa ser disponibilizada gratuitamente no programa nacional de vacinação.
“Até o momento, todos os dados coletados tanto na fase 2 como na 3 têm confirmado a segurança da vacina, que tem causado pouquíssimas reações adversas, semelhantes às de outras vacinas”, disse Precioso. “Os resultados preliminares também têm mostrado que, com apenas uma dose, a vacina é capaz de estimular o sistema imunológico dos vacinados de forma que seja possível protegê-los contra os quatro tipos da dengue.”
Os pesquisadores, contudo, têm enfrentado contratempos na realização dessa terceira e última fase do estudo clínico da vacina, que começou em 2016 e está sendo feito em 14 centros de pesquisa clínica, distribuídos em cinco regiões do país.
Nos últimos anos, o número de casos de dengue caiu no Brasil e a circulação de vírus está muito baixa – o que tem atrasado a finalização dos ensaios clínicos. E ainda estão sendo recrutados participantes de 2 a 6 anos para participar do estudo – a faixa etária mais difícil de ser recrutada.
“A dificuldade de recrutamento nessa faixa etária se deve ao fato de que é preciso a autorização dos pais para participação dessas crianças como voluntárias, e sempre há uma preocupação deles em autorizar”, disse Precioso.
“Mas já temos um grande número de crianças nessa faixa etária vacinada e acreditamos que em alguns meses devemos conseguir obter um número mínimo de voluntários”, estimou.
Dos 17 mil voluntários previstos para participar do estudo, divididos em três faixas etárias – de 2 a 6 anos, de 7 a 17 anos e de 18 a 59 anos –, 15,5 mil já foram recrutados.
Uma vez que esses grupos deverão ser acompanhados por cinco anos para comprovar a eficácia da vacina quando infectados pelos vírus da dengue, a estimativa para conclusão do desenvolvimento da vacina pode variar de seis a 15 anos.
“O tempo clássico para o desenvolvimento de uma vacina é habitualmente de seis a 15 anos, sendo muito mais próximo dos 15 anos. Entre 12 e 15 anos é o período considerado mais recorrente para o desenvolvimento de novas vacinas”, disse Precioso.
Além das vacinas contra a dengue que estão sendo desenvolvidas pelo Instituto Butantan e pela MSD há candidatas como a Dengvaxia da Sanofi e a da indústria farmacêutica Takeda, entre outras.
Algumas diferenças da vacina desenvolvida pelo Butantan e as dessas candidatas são que a sua eficácia é obtida com uma dose única – enquanto as outras dependem de duas ou até três doses –, é tetravalente e poderá ser administrada em uma ampla faixa etária, enquanto há candidatas que só abrangem faixas etárias específicas.
“O trabalho que os pesquisadores do Butantan têm feito até aqui [de desenvolvimento da vacina contra dengue] é incrível, de excelência científica”, disse Mike Nally, presidente global de vacinas da MSD. Fonte: Portal Exame
Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio
Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:
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A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.
O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.
A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.
Brasília
Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS
Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória
A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.
A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.
No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.
>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:
– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)
– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)
– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)
– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)
– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)
– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)
– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)
– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).
De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.
No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.
Por Agência Brasil
Brasília
Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.
Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.
O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.
Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.
Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.
O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.
Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.
Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.
A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.
O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.
SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR
O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.
O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.
A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.
O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.
A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.
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