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BRICS no divã: quais os desafios fundamentais do bloco que concentra mais de 30% do PIB mundial?

Há exatos 14 anos, em 16 de maio de 2008, foi realizada a I Reunião de Ministros das Relações Exteriores do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), em Ekaterinburgo, na Rússia. De lá para cá, esse grupo, que, à época, não contava com a África do Sul, realizou vários encontros, se institucionalizou e criou mecanismos e projetos.

© AP Photo / Eraldo Peres

A Sputnik Brasil conversou com especialistas em relações internacionais na tentativa de entender quais os principais desafios, entraves e vantagens da consolidação do agrupamento de países.
De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), o BRICS concentra 31,8% do Produto Interno Bruto (PIB) global atualmente. Mas como essa grande fatia se traduz nas trocas comerciais e geopolíticas entre os países?
Da esquerda para a direita, os líderes dos países do BRICS: o presidente russo Vladimir Putin, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, o presidente chinês President Xi Jinping, o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa e o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, em videoconferência no dia 9 de setembro de 2021.  - Sputnik Brasil, 1920, 16.05.2022
Da esquerda para a direita, de cima para baixo, os líderes dos países do BRICS: o presidente russo, Vladimir Putin; o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi; o presidente chinês, Xi Jinping; o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa; e o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, em videoconferência no dia 9 de setembro de 2021
Para Flavio Soares de Barros, doutor em relações internacionais e fundador da consultoria Cromabrasil, o BRICS é uma fragmentação da multipolarização.
Embora o conflito na Ucrânia e a pandemia de COVID-19 tenham dado uma atuação independente a cada país, o agrupamento tende a ser visto como uma forma de alternativa ao G7, argumenta ele.

“As principais conquistas do grupo são o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e o Arranjo Contingente de Reservas (CRA, da sigla em inglês), fundo que pode ser usado em caso de necessidade de liquidez no curto prazo, ambos criados em 2014. Quanto às dificuldades que o grupo enfrenta, o pós-pandemia e o conflito na Ucrânia tornam as perspectivas nebulosas, pois os países do bloco têm sido obrigados a enfrentar questões internas, relacionadas com a retomada das cadeias de produção e os impactos inflacionários dos dois eventos. Privilegiou-se, assim, a atuação independente. Por outro lado, tanto China como Rússia poderão buscar a aceleração da atuação do grupo, que já demonstrou certa coincidência de posições em relação à não participação nas sanções propostas por Estados Unidos e União Europeia à Rússia. Essa poderia ser vista como uma forma de alternativa ao G7”, indica.

Presidente chinês Xi Jinping aplaude presidente russo Vladimir Putin em 14 de novembro de 2019. - Sputnik Brasil, 1920, 16.05.2022
Presidente chinês, Xi Jinping, aplaude presidente russo, Vladimir Putin, em 14 de novembro de 2019
Maria Elena Rodriguez, professora do Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pesquisadora do BRICS Policy Center, concorda com o colega: a criação do banco é a principal conquista material do grupo nesse período de diálogo entre os países, com a aprovação de mais de 70 projetos, totalizando uma cifra acima de US$ 30 bilhões (R$ 151,7 bilhões).
Ela lembra que há diversos mecanismos de cooperação que foram estabelecidos, sobre variadas temáticas e com a participação de diferentes atores — caso do Conselho Empresarial do BRICS, que reúne a comunidade de empresários dos cinco países e vem realizando encontros e reuniões frequentes, além de dialogar com os governos.
Mas nem tudo são flores nas relações entre as nações do grupo.

“As dinâmicas de cooperação na área de saúde e no desenvolvimento de vacinas não receberam incentivo suficiente, apesar dos países do BRICS, separadamente, participarem ativamente da produção mundial de vacinas contra COVID-19. Nesse sentido, pode-se avaliar desafios internos e em questões específicas que acabam gerando entraves. As tensões militares e as rivalidades entre China e Índia, além do posicionamento da política externa [do governo Bolsonaro] contra a China, apresentam dificuldades na coordenação e na implementação de projetos mais amplos e coesos, demonstrando um limite das discussões na arena econômica”, avalia Rodriguez.

Reorientação geopolítica

A bússola brasileira dentro das relações com o BRICS mudou de orientação algumas vezes, segundo Barros. Até o governo Temer, o BRICS foi considerado pelo governo brasileiro como uma forma de aumentar o protagonismo internacional do Brasil, com uma redução da importância do grupo no início do governo Bolsonaro.
Quando houve a cúpula do Brasil, em 2019, essa percepção já havia se alterado, de acordo com o especialista, pois o governo brasileiro identificou que o bloco seria um caminho de acesso para o país se projetar como ator político global.

“A derrota de [Donald] Trump fez com que a política externa brasileira tivesse que se reorientar, com a necessidade da projeção para além do hemisfério ocidental. O BRICS, nesse contexto, permitiria uma maior inserção brasileira na Ásia e Pacífico, como forma de expandir as parcerias do país”, contextualiza o doutor em relações internacionais.

O presidente russo Vladimir Putin fala aos demais membros do BRICS, em 14 de novembro de 2019.  - Sputnik Brasil, 1920, 16.05.2022
O presidente russo Vladimir Putin fala aos demais membros do BRICS, em 14 de novembro de 2019.
A professora Maria Elena Rodriguez lembra que o fortalecimento do bloco na arena internacional permite que o Brasil esteja em diálogo com grandes economias emergentes e participe mais ativamente das discussões no âmbito das instituições internacionais, influenciando demandas e agendas.
“A relação mais próxima do Brasil com a China e a Índia, por exemplo, proporciona maiores oportunidades comerciais e de investimento. Ao mesmo tempo, o próprio grupo pode ser concebido como uma ferramenta para alavancar os interesses brasileiros na agenda internacional”, indicou.
Segundo ela, em um cenário de incertezas, o bloco tem a capacidade de propor alternativas “em meio a uma ordem que entra em colapso” e diante dos “rearranjos de poder” na geopolítica global.
“Os países chamados de emergentes, precisarão ‘reemergir’ diante da pandemia de COVID-19 e suas crises correlatas. A capacidade de recuperação econômica dos países do BRICS em relação ao resto do mundo pode prenunciar o futuro do bloco”, apontou.

Substituição do dólar

Flavio Soares de Barros diz que o BRICS tenta estimular o uso de moedas nacionais para investimentos, projetos e outras formas de cooperação. Em sua visão, embora a intenção seja cada vez mais substituir o dólar por moedas dos países do bloco, o euro tem ganhado força no lugar da moeda norte-americana na maior parte das transações no grupo.
“As sanções impostas contra a Rússia, que envolveram a suspensão do país do sistema SWIFT, de transferências internacionais, foi seguida de rumores de que um sistema alternativo, chinês, poderia ser expandido. No entanto, até o momento, não há perspectiva de um aumento do comércio em moedas nacionais”, explicou.
Dólar e rublo - Sputnik Brasil, 1920, 16.05.2022
Dólar e rublo
Para Maria Elena Rodriguez, as transações comerciais realizadas em moedas nacionais é uma característica e uma demanda dos países BRICS, com o intuito de reduzir a dependência do dólar e diminuir a relevância da moeda norte-americana.

“O fluxo entre a Rússia e a China se destacam neste quesito, uma vez que a utilização do rublo e do yuan já vem ocorrendo há uns anos. Além disso, diversos projetos do NBD utilizam moedas locais como meio de pagamento, principalmente em financiamentos para a China e a para a África do Sul”, destacou.

Posição neutra dos membros em relação ao conflito Rússia-Ucrânia

O especialista em relações internacionais afirma que os membros do bloco, em face do conflito na Ucrânia, invocaram os princípios da “soberania” e da “não-intervenção” e reconheceram que a Rússia, de fato, tinha preocupações legítimas em relação à sua segurança.
“Trata-se de uma demonstração clara de ação coletiva como forma de desafio à ordem global, baseada na coesão do grupo, mas também em interesses econômicos de cada um dos países do bloco. A atitude reforça o sentido da cooperação do grupo, como forma de buscar maior protagonismo no cenário mundial”, avaliou.
A professora da PUC-Rio, por sua vez, destaca que as eventuais divergências políticas em relação ao conflito não afetam a relação econômica entre os membros do bloco. Segundo ela, as discussões econômico-financeiras são a prioridade do grupo.

Argentina no BRICS?

No início de fevereiro deste ano, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, fez uma visita à Rússia, onde se reuniu com seu homólogo, Vladimir Putin. Além de discutir questões relacionadas ao Fundo Monetário Internacional (FMI), devido à grande dívida argentina com a organização, Fernández teria sugerido ao líder russo para avaliar a possibilidade de a Argentina aderir ao BRICS, conforme noticiou a rádio RFI. Alguns dias depois, Fernández fez a mesma sondagem a Xi Jinping, em Pequim.
Mesmo sem fazer parte do grupo, a Argentina participará da próxima cúpula do BRICS, entre os dias 20 e 24 de maio, a convite da China, atual presidente do bloco.

“Existe um antigo interesse da Argentina de ingressar no BRICS. Mas isso não indica necessariamente que Argentina esteja perto de entrar no grupo. Outras cúpulas já tiveram participações de países que não fazem parte do BRICS, como em 2016, quando Bangladesh, Nepal, Si Lanka e Butão estiveram presentes a convite da Índia. Em 2017, a China convidou Egito, Quênia, Tadjiquistão, México e Tailândia e lançou a proposta do ‘BRICS plus’, versão ampliada que serviria para a cooperação Sul-Sul”, recordou a professora Maria Elena Rodriguez.

A ideia da plataforma não foi à frente, brecada sobretudo pela oposição da Índia à entrada do Paquistão, e pelo receio dos demais membros de ter seu poder diluído caso o grupo se ampliasse, explicou. A intenção argentina de ingressar no bloco não agrada o Brasil, por exemplo, segundo os especialistas.

“A chancelaria brasileira não vê com bons olhos a entrada de nosso vizinho no grupo, pois isso evidentemente reduziria o poder do Brasil, que, enquanto membro único do continente no bloco, opera como liderança regional”, apontou Barros.

Em Moscou, o presidente da Argentina, Alberto Fernández (à esquerda), e o presidente da Rússia, Vladimir Putin (à direita), caminham juntos durante coletiva de imprensa em 3 de fevereiro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 16.05.2022
Em Moscou, o presidente da Argentina, Alberto Fernández (à esquerda), e o presidente da Rússia, Vladimir Putin (à direita), caminham juntos durante coletiva de imprensa em 3 de fevereiro de 2022
Ele destaca ainda que, com eventual adesão de outros países, surgirá a possibilidade de ingresso de integrantes de outros continentes, “diluindo ainda mais a fatia de poder brasileiro”. Por isso, ele considera “pouco provável” um sucesso argentino em entrar para o bloco.
“O presidente Bolsonaro tem manifestado diversas ocasiões que não concordaria com seu ingresso ao grupo”, concordou Rodriguez.

Futuro do bloco com Bolsonaro ou Lula

As eleições de outubro não só definirão os rumos da política nacional, como projetarão as relações exteriores brasileiras para os próximos quatro anos. Para Barros, um segundo governo do presidente Jair Bolsonaro “parece mais propenso a manter o relacionamento vacilante com o BRICS, ora aproximando-se, ora afastando-se”. Nesse cenário, ele não crê em um aprofundamento das iniciativas brasileiras em relação ao bloco.
Já no caso de uma vitória de Lula, o especialista avalia ser possível um esforço maior do Brasil para expandir a cooperação no bloco, “tendo em vista a importância dada à chamada cooperação Sul-Sul e ao multilateralismo nos governos do Partido dos Trabalhadores [PT]”.

“Nos dois casos, no entanto, é preciso levar em conta os interesses chineses e russos. O momento atual torna difícil avaliar quais serão os impactos da crise econômica, da pandemia e do conflito nas ações de curto e médio prazo desses países”, disse Barros.

O presidente russo Vladimir Putin e o presidente brasileiro Jair Bolsonaro conversam em cúpula do BRICS, em 14 de novembro de 2019.  - Sputnik Brasil, 1920, 16.05.2022
O presidente russo Vladimir Putin e o presidente brasileiro Jair Bolsonaro conversam em cúpula do BRICS, em 14 de novembro de 2019.
Rodriguez lembra que Bolsonaro e Lula convergem quando o assunto é o conflito entre Rússia e Ucrânia, já que ambos discordam das tentativas ocidentais de isolar a Rússia. Por um lado, segundo ela, se Bolsonaro for reeleito, o peso do BRICS na política externa brasileira “continuará sendo pequeno”. Ela afirma que as iniciativas devem mantidas, mas “sem esforços consideráveis”.
Em sua visão, com Lula, a plataforma terá um peso maior nas decisões de política externa, “uma vez que a parceria estratégica do Brasil com as potências emergentes foi e continua sendo uma pauta relevante” para o ex-presidente.

“O BRICS ganhou relevância enquanto Lula era presidente. Foi uma das pautas mais importantes de seu governo. Talvez esta seria a possibilidade de o Brasil retomar protagonismo na esfera internacional”, afirmou.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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