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Brasil

Brasil está 3 meses atrás de EUA em retomada, diz economista

Valentin Carril, do Principal Financial Group, está otimista em relação ao país, mesmo com demora da vacinação

Segundo Carril, o Brasil registra um dos melhores crescimentos da atividade econômica da região (REUTERS)

Economista chefe e estrategista do Principal Financial Group para a América Latina, Valentin Carril acredita em uma rápida recuperação da economia brasileira. Apesar da demora em vacinar a população, na sua visão o país deve ter uma recuperação como a que vem sendo observada em países como Estados Unidos e China em dois ou três meses. É o que disse o executivo do grupo de investimentos, que tem mais de 700 bilhões de dólares sob gestão,  em um webinar promovido pela gestora Claritas.

A recuperação econômica após a eclosão da pandemia nos países desenvolvidos, destaca, foi mais rápida do que se imaginava. “Tanto na China como nos Estados Unidos o resultado do PIB já superou o anterior. Isso aconteceu em parte porque economias fortes têm câmbio mais forte. Então acredito que é possível observar em breve uma recuperação também rápida na América Latina, muito forte no Brasil e no Chile e não tão forte no México”.

O economista aponta que a pandemia afetou países da América Latina, como México, Chile, Colômbia, Peru, Argentina e Brasil, de forma similar quando se compara a queda do PIB. Contudo, o Brasil registra um dos melhores crescimentos da atividade econômica da região. “Então, acreditamos que a recuperação do país será mais rápida. Já são nove meses consecutivos de crescimento”. Joga a favor, cita Carril, a forte alta de preço das commodities, das quais o país é um do principais produtores do mundo.

Questionado sobre o risco politico e o aumento da dívida do país, ele relativiza. “Há um alto risco político em toda a América Latina. Ele é alto no Brasil, mas mais alto no Chile e muito mais alto no Peru. A Colômbia é o país que está melhor neste aspecto. Todos os países estão aumentando sua dívida em relação ao PIB, exceto a China, e a dívida brasileira não é um problema como era nos anos 80. Naquele momento a dívida era em dólares, e ficou difícil pagá-la quando o câmbio não parava de subir, o que aconteceu com a Argentina em 2001. Hoje, 90% da dívida do Brasil é em reais”.

Vale a pena investir lá fora?

Ainda que seja uma boa oportunidade investir no Brasil agora, Carril sublinha que ela não é “espetacular”. Basta ver o ranking dos países que manejaram melhor a crise provocada pela pandemia, no qual o Brasil aparece em 98º lugar. O país que registra a melhor gestão na América Latina, o Chile, está na 33ª posição. “No continente estamos todos da metade para baixo. Então, quando diversificamos geograficamente controlamos riscos, e a pandemia demonstra isso”.

Quando existe uma crise no país, o câmbio tende a subir, e vice-versa. Apenas por conta desse fato o dólar é sempre um bom diversificador na carteira, na visão de Carril. Mesmo agora, que o dólar está caro em relação ao real, ainda vale a pena aplicar em ações e renda fixa high yield nos Estados Unidos. “Com juros baixos, como o que observamos agora no Brasil, a diversificação é ainda mais importante, aponta.

Outro benefício de investir nos Estados Unidos ou na Europa é aplicar em uma situação politica melhor e mais controlada. “Infelizmente os países da América Latina são instáveis”. O sobe e desce do dólar pode deixar o investidor inseguro, mas esse vai e vem é compensado no longo prazo. “As oscilações, ao longo dos anos, não são tão violentas”.

Outro motivo para investir lá fora é aplicar em segmentos que não existem no país, como a produção de chips. “A pandemia mostrou a vantagem de ser uma empresa inovadora e beneficiou as grandes empresas de tecnologia americanas”.

Mas o investimento no exterior também envolve riscos. “A pandemia não está controlada. Todo dia há um novo temor. E devemos lembrar que os Estados Unidos passaram por uma grande crise em 2008. Agora o país está entregando bastante dinheiro aos seus cidadãos, o que gera um risco inflacionário que pode fazer com que o Fed suba a taxa de juros e afete investimentos no mundo todo”.

Outro ponto de atenção é em relação à dívida das empresas com operação no exterior, que está, em média, mais alta, aponta Carril. “O investidor tem de ser seletivo, mesmo com títulos high yield e preferreds (títulos híbridos)”.

Questionado sobre se a regulação no Brasil sobre investimento no exterior está atrasada em relação a outros países, Carril lembra que apenas em 1995 os fundos chilenos começaram a aplicar no exterior.
“Os fundos já podiam aplicar lá fora, mas em 1990 os juros no Chile eram equivalentes à inflação mais 6%. Se alguém tinha um investimento com essa remuneração, não havia incentivo para ir ao exterior. Então, é natural, com a queda dos juros, o mercado se abrir agora. E acho que o mercado brasileiro está se abrindo rápido. No México os fundos de pensão ainda tem limite de 20% para investir no exterior, e o Brasil já atingiu 25%. Neste ritmo, o Brasil pode ter 40% dos seus investimentos no exterior em até 15 anos”.

Valentin Carril, Economista Chefe e Estrategista do Principal Financial Group para a América Latina

Valentin Carril, Economista Chefe e Estrategista do Principal Financial Group para a América Latina (Principal Group/Divulgação)

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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