Mundo
Bolsonaro inaugura vice-consulado em Orlando e volta a citar encontro com Biden
Em cerimônia rápida, o chefe do Executivo voltou a relatar seu encontro bilateral com o presidente norte-americano
Após participar, em Los Angeles, nos Estados Unidos, da Cúpula das Américas, o presidente Jair Bolsonaro inaugurou neste sábado 11, o novo vice-consulado do Brasil em Orlando.
Em uma cerimônia rápida ao lado do ministro das Relações Exteriores, Carlos França, e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o chefe do Executivo voltou a relatar seu encontro bilateral com o presidente norte-americano, Joe Biden. “Falei com ele sobre o que o mundo vem sofrendo com alguns que procuram cercear esse bem maior. E o Brasil não foge disso, afirmou, em referência à liberdade.
Bolsonaro defende que há um processo de corrosão das liberdades individuais no Brasil patrocinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O chefe do Executivo costuma atacar ministros da Corte e acusá-los de querer entregar a Presidência da República ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro.
“Eu confessei para o Biden que, desde criança, sempre admirei o povo americano. Temos muita identidade, em especial na questão de valores, no tocante à liberdade de religião”, disse Bolsonaro no discurso em Orlando, sobre sua reunião com o americano às margens da Cúpula das Américas.
De acordo com o presidente, o vice-consulado é um “pedaço do Brasil” que faz “bem enorme” aos brasileiros na Flórida. “Aqui é um retrato da grande parte sadia do povo brasileiro, que busca oportunidades que não conseguem em seu país ou que acompanham parentes bem sucedidos fora do mesmo”, declarou.
Bolsonaro lembrou ainda que o vice-consulado, como representação diplomática brasileira, terá urnas eletrônicas nas eleições de outubro. “Aqui teremos urnas, como no mundo todo, em 2018 nós ultrapassamos 90% os votos conseguidos nessas regiões”, disse o pré-candidato à reeleição. “Pretendo entregar, para quem me suceder democraticamente, um Brasil bem melhor do que recebi” acrescentou.
O chefe do Executivo frequentemente lança dúvidas, sem apresentar provas, sobre a lisura do sistema eleitoral brasileiro e cobra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o que chama de eleições “limpas, democráticas e auditáveis”. Opositores acusam Bolsonaro de preparar o discurso de suposta fraude caso seja derrotado nas urnas por Lula.
Carlos França também discursou na solenidade e comemorou a inauguração da seção diplomática. “Significa mais atenção à comunidade brasileira no exterior, com o turista brasileiro. Aqui é um pedaço do Brasil”, afirmou o chanceler.
Segundo o vice-cônsul geral do Brasil em Orlando, Rodrigo Fonseca, o presidente da República afirmou que seu desejo é dobrar o número de funcionários à disposição dos brasileiros na região central da Flórida – tanto residentes como turistas. “Contando comigo, somos 16 funcionários, e ele afirmou que pretende ampliar o número de servidores”, revelou Fonseca.
A presidente do Conselho de Cidadãos da Flórida, Andrea Faria, também revelou ter ficado surpresa com o tamanho e a qualidade das instalações do local, inaugurado oficialmente neste sábado. O evento contou com a presença de Xavier Suarez, prefeito de Miami-Dade, dois representantes do prefeito de Orlando e um representante da Câmara de Vereadores da cidade.
Depois, Bolsonaro visitou a Igreja da Lagoinha, em Orlando. No evento, ele fez um discurso político-eleitoral no qual destacou sua luta pela liberdade e foi aplaudido ao falar que foi um dos poucos chefes de Estado que não se vacinou durante a pandemia da covid-19.
“O Brasil é uma potência em minério, terras agricultáveis e belezas naturais, enquanto outros países com menos potencial conseguem ser mais prósperos do que nós. Por isto, temos de evitar experiências desastrosas que não deram certo em nenhum lugar do mundo e adotar o caminho de nações que foram bem-sucedidas defendendo as democracias e as liberdades”, afirmou.
A visita de Bolsonaro terminou com uma motociata pelas ruas de Orlando, além de um almoço em uma churrascaria para um grupo mais seleto, antes de embarcar de volta para o Brasil.
Com 33 milhões de famintos no Brasil, Bolsonaro diz que economia vai ‘muito bem’
Bolsonaro afirmou, em encontro com evangélicos em Orlando, que a economia do Brasil vai “muito bem”. A declaração é dada na mesma semana em que dados divulgados pelo 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 mostram que a fome passou a atingir 33 milhões de pessoas no País.
O índice subiu a níveis registrados nos anos 1990. “O mundo passa fome sem o Brasil, que é uma potência na energia de transição”, voltou a dizer o presidente, sem citar os dados nacionais.
A uma plateia que gritava “mito, mito”, Bolsonaro, pré-candidato à reeleição, fez um discurso em linha com as bandeiras que carregará na campanha: criticou o aborto e a “ideologia de gênero”; defendeu o armamento da população e a propriedade privada.
“Entendo que, em muitos países, está havendo luta do bem contra o mal”, disse o chefe do Executivo na Igreja Evangélica Lagoinha logo após inaugurar vice-consulado na cidade norte-americana.
E afirmou: “O Brasil é uma potência em minério, terras agricultáveis e belezas naturais, enquanto outros países com menos potencial conseguem ser mais prósperos do que nós. Por isto, temos de evitar experiências desastrosas que não deram certo em nenhum lugar do mundo e adotar o caminho de nações que foram bem-sucedidas defendendo as democracias e as liberdades.”
Bolsonaro voltou a falar que deseja eleições “limpas, confiáveis e transparentes” no Brasil, lançando dúvidas sobre a lisura do sistema eleitoral brasileiro, sem nunca ter apresentado qualquer prova do que diz.
Opositores o acusam de preparar o discurso de suposta fraude, caso seja derrotado nas urnas pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje líder nas pesquisas de intenção de voto.
Bolsonaro ainda afirmou que o mundo confia em seu governo. “Já começam a sair da prancheta sonhos nossos de um passado não muito distante. É a confiança que o mundo tem no governo brasileiro, na sua equipe, por, acima de tudo, honrar contratos e dar devida retaguarda. E estabilidade política também”, avaliou.
Mundo
Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas
Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”
Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.
A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.
A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.
Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.
Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.
A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.
Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.
No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.
O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.
“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.
“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.
Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.
Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.
Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.
Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.
versão original
Mundo
Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano
Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra
Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.
Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.
Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.
Mundo
Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder
País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando
Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.
A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.
Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.
Como funcionam as eleições?
O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.
Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.
Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.
O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.
Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.
O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.
A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.
O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.
Quem é Keir Starmer?
O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.
Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.
Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.
O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.
Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.
Quando saíram os resultados?
Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.
Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.
Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.
Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.
De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.
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