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Biden: bom para os EUA, essencial para o mundo

Um voto em Biden/Kamala é uma aposta na decência pessoal e na institucionalidade contra um governo que corrói o tecido social e as instituições americanas

Joe Biden: segundo pesquisa do Pew Research, seu principal ponto forte é não ser Donald Trump (Brendan McDermid/File Photo/Reuters)

Enquanto o governo escapa de uma bomba de irresponsabilidade plantada pelo Senado, podemos respirar aliviados por um momento, esquecendo momentaneamente que o desafio segue monumental. Olhemos um pouco para fora, para os EUA, onde se desenha a disputa da qual o destino do mundo – e o nosso – depende.

Joe Biden não é o candidato à presidência mais excitante da história dos EUA. Em uma pesquisa do Pew Research Center, conduzida entre fins de julho e início de agosto, dos eleitores que planejam votar em Biden, 56% deram como um dos motivos de seu voto o fato de ele “não ser Trump”. Num distante segundo lugar, com 19%, estava sua capacidade de liderança e desempenho.

Apesar de não animar o eleitorado, as pesquisas continuam muito favoráveis para o candidato Democrata. Na projeção do FiveThirtyEight, o principal site de estatísticas, Biden vence em 72 dos 100 cenários que o modelo deles vê como possíveis. Isso está longe de ser uma certeza – basta lembrar que eles davam a Hillary a probabilidade de cerca de 70% de vitória para Hillary às vésperas da eleição de 2016. Na eleição americana, algumas centenas de milhares de votos em estados decisivos pode fazer toda a diferença; e milhões de votos a mais em estados já precificados não valem nada.

Um voto para a chapa Biden e Kamala Harris é uma aposta na decência pessoal e na institucionalidade contra um governo que rapidamente corrói o tecido social e as instituições americanas, liderado por um presidente notoriamente corrupto em sua trajetória. Acusar os Correios de quererem fraudar as eleições é só o mais recente truque sujo de um presidente que, mais do que nenhum outro, rebaixou o nível moral de seu cargo, isso sem falar no fracasso monstruoso de seu combate ao coronavírus. Em seu discurso de quinta-feira, aceitando a nomeação como candidato do Partido Democrata, Biden se colocou como o exato oposto de Trump: união contra divisão, competência e seriedade contra improviso, amor ao próximo contra ódio e ganância.

Trump termina seu primeiro mandato com um país devastado pelo coronavirus, déficits galopantes (que serviram, em sua maioria, para bancar cortes de impostos aos mais ricos), expectativa de vida em queda – algo raro na história do mundo – e uma sociedade profundamente dividida e com a confiança mútua corroída, radicalismo em alta.

O mesmo cenário vale globalmente. Sob Trump, os EUA deixaram de ser o bastião da ordem mundial liberal – que os próprios americanos criaram no pós-guerra -, e se tornou um de seus sabotadores. Temos um mundo mais instável, mais egoísta, em que regras internacionais estão enfraquecidas. Sob Bolsonaro, o Brasil decidiu virar o capacho desta potência agora errática e individualista.

Trump retorna o amor de Bolsonaro fazendo gato e sapato de nós. Sabe que Bolsonaro se isolou do mundo todo, que dependemos dele e que portanto Bolsonaro não o irá abandonar. Ao mesmo tempo, com os países mais hostis, a rede de comércio internacional se enfraquece, dificultando nossa entrada nessa rede. A mudança do presidente americano nos obrigará a confrontar o isolamento no qual nos colocamos, e a mudar de postura. Lembremos que Steve Bannon, o ideólogo por trás do nacionalismo anti-global que nos norteia, foi preso esses dias por fraude financeira. A fraude maior, contudo, foi ter convencido tanta gente de que promover o “cada um por si” em vez da cooperação entre as nações democráticas do globo poderia ter qualquer outro efeito que não o fortalecimento do autoritarismo. E que o Brasil, que nem de longe é uma das nações mais fortes do mundo, se beneficia muito mais com regras e diplomacia do que com a lei da selva.

Os EUA e o mundo não podem se dar ao luxo de mais quatro anos destrutivos com Trump: desordem, incompetência, corrupção, desastre. As chances de Biden são boas; parece haver um desejo no eleitorado por decência e cuidado com o próximo. Ainda traumatizados por 2016, no entanto, é melhor segurar essa torcida até que as urnas sejam apuradas em novembro.

Mundo

Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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