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Aumento dos gastos militares da Alemanha seria mina de ouro para indústrias bélicas estrangeiras

Ministros da Defesa da Alemanha e EUA se reuniram no Pentágono para debater o aumento dos gastos militares alemães. Afinal, quem deve se beneficiar financeiramente da nova postura militar de Berlim?

© AP Photo / Olivier Matthys

 

Nesta quarta-feira (30), a ministra da Defesa da Alemanha, Christine Lambrecht, se reuniu com seu homólogo norte-americano, Lloyd J. Austin III, no Pentágono, na capital dos EUA, para debater o aumento dos gastos militares alemães.
O norte-americano aplaudiu a decisão alemã de criar um Fundo Especial para as Forças Armadas, com recursos estimados em € 100 bilhões (cerca de R$ 523 bilhões), e aumentar o orçamento militar regular em 7,3%, atingindo € 50,33 bilhões (cerca de R$ 263 bilhões).
O percentual e a velocidade do aumento nos gastos militares são sem precedentes na história alemã, inclusive nos períodos que antecederam as duas guerras mundiais
“A decisão do seu chanceler de fortalecer as Forças Armadas alemães é corajosa e histórica, e nós estamos ansiosos para trabalhar com vocês para implementar essas mudanças importantes”, disse o secretário de Defesa dos EUA à sua colega alemã no Pentágono.
O ânimo do secretário é justificado, uma vez que a Alemanha já anunciou a intenção de adquirir caças norte-americanos F-35, produzidos pela empresa Lockheed Martin.
“Ainda não temos detalhes de como a Alemanha vai gastar os recursos [do orçamento militar]”, disse Maria Khorolskaya, pós-doutoranda em Ciências Políticas e pesquisadora do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais da Academia de Ciências da Rússia (IMEMO-RAN, na sigla em russo), à Sputnik Brasil.
Segundo Khorolskaya, a Alemanha poderá optar por aumentar investimentos em projetos conjuntos com países europeus, como França, Itália e Espanha, ou concentrar seus gastos em estruturas da OTAN e armamentos norte-americanos.
“A compra dos F-35 nos faz questionar se Berlim quer continuar investindo em projetos como o franco-alemão FCAS”, explicou a especialista. “Se a Alemanha de fato diminuir seu interesse nesse projeto, isso poderá gerar insatisfação na França.”
O projeto FCAS (Future Combat Air System) seria o primeiro programa de caça multinacional do mundo. O objetivo seria criar uma aeronave de combate avançada que entre em operação em 2040, quando os caças franceses Rafale ficarão desatualizados.

Modernização das Forças Armadas

Khorolskaya revela que diversos setores das Forças Armadas alemãs necessitam de modernização ou enfrentam déficits orçamentários.
“Podemos antecipar uma modernização da frota aérea, com a compra de aeronaves, helicópteros e munição. Teoricamente, também é possível alguma modernização da frota naval e na área logística e de transportes”, considerou a especialista.
No caso das aeronaves, além dos F-35 norte-americanos, Berlim tinha planos para a compra de 15 unidades de caças Eurofighter, produzidos em parceria com Reino Unido, Itália e Espanha.
“Também foi divulgada a necessidade de modernizar a infraestrutura de helicópteros de cargas pesadas, com uma demanda de entre 40 e 60 unidades. Apesar da possibilidade de alguma compra de empresas alemãs, a maioria deve ser adquirida de empresas norte-americanas”, revelou Khorolskaya. “Novamente o benefício financeiro iria para os EUA.”

Indústria nacional alemã

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento da infraestrutura militar não tem sido uma prioridade do governo da Alemanha.
No entanto, na formação do Estado alemão, a partir de 1871, os investimentos em uma base industrial de defesa eram intensos.
“No período da fundação do país, [o chanceler alemão entre 1871 a 1890 Otto Von] Bismarck dizia que a Alemanha seria construída a ferro e sangue, e assim foi”, disse à Sputnik Brasil o mestre em Relações Internacionais pela PUC-Minas Bruno Starling.
O autor do livro “Por um lugar ao sol: a construção da política externa alemã de Bismarck a Guilherme II” revela que, na sua origem, a Alemanha nutre forte tradição militar.
Pessoas junto de monumento de pedra comemorando a Grande Guerra pela Pátria (parte da Segunda Guerra Mundial, compreendida entre 22 de junho de 1941 e 9 de maio de 1945, e limitada às hostilidades entre a União Soviética e a Alemanha nazista e seus aliados) no Parque Treptower em Berlim, Alemanha, 8 de março de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 01.04.2022
“A história não nos deixa mentir […] existe sim uma tradição alemã anterior à Primeira Guerra Mundial, se não de ser uma nação belicosa, pelo menos de investir pesado na fabricação de armamentos e áreas correlatas”, revelou Starling.
Esses investimentos garantem que a Alemanha tenha, até os dias de hoje, uma base sobre a qual reconstruir sua indústria de defesa.
“Empresas alemãs como a Rheinmetall já ofereceram ao governo contratos de longo prazo de fornecimento de munições, caminhões, tanques, armas antiaéreas e de alta precisão, ainda que não tenham sido especificadas quais”, disse Khorolskaya.
A especialista nota que a renovação da frota naval alemã abre caminhos para a empresa ThyssenKrupp Marine Systems, parte do grupo ThyssenKrupp, cuja história remete à unificação do Estado alemão.

Fornecimento de armas letais

Além do engordar da carteira das Forças Armadas alemãs, o chanceler Olaf Scholtz também anunciou o fornecimento de armas letais à Ucrânia, como armas antiaéreas, antitanque e munições, segundo informou Scholtz em discurso no parlamento alemão no dia 23 de março.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha tem evitado fornecer esse tipo de armamentos a partes em conflito como parte de uma política de defesa voltada à não intervenção.
“Mas a Alemanha já tinha fornecido armas letais para os curdos no Iraque”, lembrou Khorolskaya. “Na época, a decisão gerou reação negativa em diversos partidos locais e na sociedade civil.”
Segundo ela, o fornecimento de armas letais para a Ucrânia foi recebido sem protestos, tanto por parte das forças políticas, quanto da opinião pública.
O suporte à nova política militar de Olaf Scholz contou com apoio das principais forças políticas alemãs, como o Partido Social-Democrata (SPD), o Partido Democrático Liberal (FDP) e os Verdes.
Militares dos EUA no Aeroporto Albrecht Duerer alemão, a caminho da base militar do país em Grafenwoehr, Alemanha, 1º de março de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 01.04.2022
O Partido da Esquerda tampouco se manifestou contrário ao fornecimento de armas letais ou ao aumento de gastos militares, apesar da consequente redução de 2,5% no orçamento da Educação e de 2,9% no orçamento social e do trabalho.
Apesar do consenso, Khorolskaya não acredita que a cautela militar alemã adquirida após a Segunda Guerra Mundial seja revertida de forma irreversível.
Ela lembra que muitos no Bundestag podem não estar prontos para abrir mão de projetos ambiciosos na área de energias renováveis e economia sustentável, previstos no acordo da coalizão de partidos.
Starling, por sua vez, lembra que recursos financeiros não são um problema para Berlim neste momento, e resume: “É sempre preocupante ver uma potência econômica do nível da Alemanha aumentar seus gastos militares”.
No dia 27 de fevereiro, o chanceler alemão Olaf Scholz anunciou a criação do Fundo Especial para as Forças Armadas alemãs e o aumento dos gastos militares do país. Pouco mais de um mês depois, em 30 de março, a ministra da Defesa da Alemanha, Christine Lambrecht, realizou uma visita a seu homólogo norte-americano, Lloyd J. Austin III, para debater a cooperação bilateral em defesa.

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Corte japonesa ordena que governo pague indenização por esterilizações forçadas

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Cerca de 25 mil japoneses foram vítimas de lei que tinha objetivo de “prevenir aumento dos descendentes inferiores”

 

Vista aérea de Tóquio
Getty Images

 

Numa decisão histórica, o Supremo Tribunal do Japão ordenou ao governo que pagasse indenizações às pessoas que foram esterilizadas à força ao abrigo de uma lei de eugenia agora extinta, decidindo que a prática era inconstitucional e violava os seus direitos.

A Lei de Proteção Eugênica, em vigor entre 1948 e 1996, permitiu às autoridades esterilizar à força pessoas com deficiência, incluindo aquelas com perturbações mentais, doenças hereditárias ou deformidades físicas e lepra. Também permitia abortos forçados se um dos pais tivesse essas condições.

A lei tinha como objetivo “prevenir o aumento dos descendentes inferiores do ponto de vista eugênico e também proteger a vida e a saúde da mãe”, segundo uma cópia da lei – que listava “notável desejo sexual anormal” e “notável inclinação clínica” entre as condições visadas.

Cerca de 25 mil pessoas foram esterilizadas sem consentimento durante esse período, de acordo com a decisão do tribunal, citando dados do ministério.

Embora o governo tenha oferecido compensar cada vítima em 3,2 milhões de ienes (cerca de US$ 19,8 mil) em 2019, ao abrigo de uma lei de assistência, as vítimas e os seus apoiadores argumentaram que isso estava longe de ser suficiente.

A decisão de quarta-feira (3) abordou cinco ações desse tipo, movidas por demandantes de todo o país em tribunais inferiores, que depois avançaram para a Suprema Corte.

Em quatro desses casos, os tribunais inferiores decidiram a favor dos demandantes – o que o Supremo Tribunal confirmou na quarta-feira, ordenando ao governo que pagasse 16,5 milhões de ienes (cerca de US$ 102 mil) aos atingidos e 2,2 milhões de ienes (US$13 mil) aos seus cônjuges.

No quinto caso, o tribunal de primeira instância decidiu contra os demandantes e rejeitou o caso, citando o prazo de prescrição de 20 anos. O Supremo Tribunal anulou esta decisão na quarta-feira, qualificando o estatuto de “inaceitável” e “extremamente contrário aos princípios de justiça e equidade”.

O caso agora é enviado de volta ao tribunal de primeira instância para determinar quanto o governo deve pagar.

“A intenção legislativa da antiga Lei de Proteção Eugênica não pode ser justificada à luz das condições sociais da época”, disse o juiz Saburo Tokura ao proferir a sentença, segundo a emissora pública NHK.

“A lei impõe um grave sacrifício sob a forma de perda da capacidade reprodutiva, o que é extremamente contrário ao espírito de respeito pela dignidade e personalidade individuais, e viola o artigo 13º da Constituição”, acrescentou – referindo-se ao direito de cada pessoa à vida, liberdade e a busca pela felicidade.

Após a decisão de quarta-feira, os manifestantes do fora do tribunal – homens e mulheres idosos, muitos em cadeiras de rodas – celebraram com os seus advogados e apoiadores, erguendo faixas onde se lia “vitória”.

Eles estão entre o total de 39 demandantes que entraram com ações judiciais nos últimos anos – seis deles morreram desde então, de acordo com a NHK, destacando a urgência desses casos à medida que as vítimas chegam aos seus anos finais.

Numa conferência de imprensa após a decisão do tribunal, o secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, expressou o remorso e o pedido de desculpas do governo às vítimas, informou a NHK. O governo pagará prontamente a compensação e considerará outras medidas, como uma reunião entre os demandantes e o primeiro-ministro Fumio Kishida, disse ele.

Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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Polícia desmobiliza protesto pró-Palestina no parlamento australiano

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Manifestantes carregavam faixa em que denunciavam Israel por crimes de guerra

 

Polícia desmantela protesto pró-Palestina no Parlamento Australiano
Reuters

 

Quatro manifestantes pró-Palestina foram levados sob custódia policial nesta quinta-feira (4) depois de escalarem o telhado do parlamento australiano em Canberra.

Os manifestantes, vestidos com roupas escuras, permaneceram no telhado do prédio por cerca de uma hora. Eles estenderam faixas pretas, incluindo uma que dizia “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, um refrão comum dos manifestantes pró-Palestina, e entoaram slogans.

Os manifestantes empacotaram suas faixas antes de serem levados pela polícia que os aguardava por volta das 11h30, horário local.

CNN

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Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

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País se prepara para entrar em uma nova era política com provável derrota do grupo há 14 anos no comando

 

Reino Unido vai às urnas hoje em eleição que deve tirar Conservadores do poder

 

Os britânicos vão às urnas nesta quinta-feira (4) em uma votação histórica para eleger um novo parlamento e governo nas eleições gerais. Pesquisas atuais indicam que o atual primeiro-ministro Rishi Sunak, do Partido Conservador, vai perder, encerrando uma era de 14 anos do grupo no poder.

A eleição é um referendo sobre o tumultuado governo dos Conservadores, que estão no comando do Reino Unido desde 2010 e passaram por uma crise financeira global, o Brexit e a pandemia.

Se os Trabalhistas obtiverem 419 assentos ou mais, será o maior número de assentos já conquistados por um único partido, superando a vitória esmagadora de Tony Blair em 1997.

Como funcionam as eleições?

O parlamento britânico tem 650 assentos. Para ter maioria, é preciso conseguir 326 assentos.

Após uma campanha de semanas, as urnas serão abertas às 7h, no horário local, desta quinta-feira (3h, horário de Brasília), e permanecerão abertas até às 22h.

Os britânicos podem votar em cada um dos 650 distritos eleitorais do país, selecionando o candidato que representará a área.

O líder do partido que ganhar a maioria desses distritos eleitorais se torna primeiro-ministro e pode formar um governo.

Se não houver maioria, eles precisam procurar ajuda em outro lugar, governando como um governo minoritário — como Theresa May fez após um resultado acirrado em 2017 — ou formando uma coalizão, como David Cameron fez depois de 2010.

O monarca tem um papel importante, embora simbólico. O rei Charles III deve aprovar a formação de um governo, a decisão de realizar uma eleição e a dissolução do Parlamento. O rei nunca contradiz seu primeiro-ministro ou anula os resultados de uma eleição.

A votação antecipada desta quarta-feira (4) foi convocada por Sunak. O atual primeiro-ministro era obrigado a divulgar uma eleição até janeiro de 2025, mas a decisão de quando fazê-lo cabia somente a ele.

O evento, contudo, provavelmente inaugurará um governo de centro-esquerda liderado pelo ex-advogado, Keir Starmer.

Rei Charles recebe Rishi Sunak no Palácio de Buckingham / Reprodução/ Palácio Buckingham

Quem é Keir Starmer?

O rival de Rishi Sunak é o líder trabalhista Keir Starmer, que é amplamente favorito para se tornar o novo primeiro-ministro britânico.

Ex-advogado de direitos humanos muito respeitado que então atuou como o promotor mais sênior do Reino Unido, Starmer entrou na política tarde na vida.

Líder trabalhista Keir Starmer em Blackpool / 3/5/2024 REUTERS/Phil Noble

Starmer se tornou um parlamentar trabalhista em 2015 e menos de cinco anos depois era o líder do partido, após uma passagem como secretário do Brexit no Gabinete Paralelo durante a saída prolongada do Reino Unido da União Europeia.

O britânico herdou um partido que se recuperava de sua pior derrota eleitoral em gerações, mas priorizou uma reformulação da cultura, se desculpando publicamente por um escândalo de antissemitismo de longa data que manchou a posição do grupo com o público.

Starmer tentou reivindicar o centro político do Reino Unido e é descrito por seus apoiadores como um líder sério e de princípios. Mas seus oponentes, tanto na esquerda de seu próprio partido quanto na direita do espectro político, dizem que ele não tem carisma e ideias, e o acusam de não ter conseguido estabelecer uma visão ambiciosa e ampla para a nação.

Quando saíram os resultados?

Após a abertura das urnas nesta quinta-feira (3), a mídia britânica estará proibida de discutir qualquer coisa que possa afetar a votação.

Mas no momento que a votação acabar, uma pesquisa de boca de urna será divulgada e definirá o curso da noite. A pesquisa, feita pela Ipsos para a BBC, ITV e Sky, projeta a distribuição de assentos do novo parlamento, e historicamente tem sido muito precisa.

Os resultados reais são contados ao longo da noite; o escopo do resultado da noite geralmente fica claro por volta das 3 da manhã, horário local (23h, horário de Brasília), e o novo primeiro-ministro geralmente assume o cargo ao meio-dia.

Mas as coisas podem demorar mais se o resultado for apertado ou se as vagas principais forem decididas na reta final.

De qualquer forma, a transferência de poder acontecerá no fim de semana, dando ao novo governo algumas semanas para trabalhar em legislações importantes antes do recesso parlamentar de verão.

CNN

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