Brasil
Aproximação de Bolsonaro com centrão acelera debate sobre sucessão de Maia
Enquanto Bolsonaro tenta garantir um aliado na presidência da Câmara, a oposição e o “baixo clero” tentam criar alternativa à candidatura governista
A aproximação do Palácio do Planalto com líderes do Centrão intensificou a articulação nos bastidores da Câmara para a sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência, marcada para fevereiro do ano que vem. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro tenta refazer sua base e garantir um aliado no comando da Casa, parlamentares da oposição e do chamado “baixo clero” se movimentam para criar alternativa à candidatura governista.
Em tempos de pandemia do coronavírus e sessões por videoconferência, a estratégia tem sido apelar às redes sociais e até fazer “test drive” na cadeira de Maia. Foi o que ocorreu na semana passada com Marcelo Ramos (PL-AMs), nome que corre por fora entre os favoritos do Centrão.
Na segunda-feira passada, ao assumir a presidência da sessão virtual da Câmara por alguns momentos, Ramos ganhou apoio de outros parlamentares para brigar por ela no ano que vem. “O senhor fica muito bem ajeitado nessa cadeira, Presidente!”, disse o deputado Eli Borges (Solidariedade-TO). “Vossa Excelência fica bem nesta cadeira, presidindo muito bem esta sessão”, emendou José Nelto (Podemos-GO). Ramos desconversa: “Ousadia”.
Em seu primeiro mandato e ex-filiado ao PCdoB, o deputado do PL ganhou a confiança de colegas ao comandar a comissão da Previdência na Casa no ano passado. Desde então, tem sido escalado para missões que muito parlamentares não querem assumir como o relatório que salvou o deputado Wilson Santiago (PTB-PB) após ordem do Supremo Tribunal Federal para afastá-lo por suspeita de corrupção. Entre os políticos, a defesa da classe é um ponto positivo na hora de escolher o presidente da Câmara.
O Centrão, grupo ao qual Ramos faz parte, ainda discute um nome de consenso. O presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), o líder do PP, Arthur Lira (AL), e o líder da Maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), são os mais cotados para assumir o posto. Os dois primeiros podem ter o apoio de Bolsonaro na disputa.
A lista de pré-candidatos foi ampliada nesta semana após o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) iniciar campanha por Alessandro Molon (RJ), líder do PSB.
“Precisamos de uma mudança radical na Câmara, e um grande nome para a presidência seria o deputado federal, radialista, historiador e líder da oposição Alessandro Molon. Acho que precisamos mudar principalmente pela movimentação com o Palácio e o Centrão”, escreveu Frota em seu Twitter.
Questionado sobre o apoio público, Molon disse não ser o momento de pensar na disputa, mas o jornal O Estado de S. Paulo e o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) apuraram que o parlamentar tem conversado com colegas para viabilizar uma candidatura. “Estou trabalhando para o País superar a crise”, disse o deputado.
Já Capitão Augusto (PL-SP), líder da bancada da bala, escancara sua intenção de substituir Maia. “Sou candidato a presidente da Câmara em caráter irrevogável”, disse.
O deputado afirmou já ter conversado com dezenas de colegas para conseguir apoio e calcula ter 70 votos ao seu favor. “Preciso pelo menos mais 30 para chegar ao segundo turno”, contabiliza. Augusto não se preocupa com a movimentação do Palácio do Planalto. “Não acredito que Bolsonaro vá se envolver. Isso já deu errado em outros governos e pode ser um tiro no pé”, disse.
Outro que também faz campanha abertamente é Fábio Ramalho (MDB-MG), que pretende entrar na disputa pela terceira vez consecutiva. Mesmo sem o apoio do partido, “Fabinho Liderança”, como é conhecido, disse que tem conversado com colegas e que sua candidatura é uma demanda dos próprios deputados. Fabinho tem bom trânsito no baixo clero da Casa por distribuir guloseimas aos colegas em dias de sessão. Na última disputa, porém, obteve apenas 66 votos.
A antecipação da discussão para a substituição de Maia é criticada no Parlamento. “Antecipar esse debate é dispersar num momento em que a conjuntura exige concentração, no combate à crise sanitária e econômica. Tem ainda um outro efeito que é enfraquecer o poder de Maia em um momento que ele precisa ser fortalecido”, disse o líder do Cidadania na Câmara, Arnaldo Jardim (Cidadania-SP).
Enio Verri (PR), líder do PT – partido que costuma ter candidato próprio para a disputa -, também acredita que não é o momento de se discutir a sucessão de Maia. “Antecipação tem limite. Vamos discutir isso em dezembro, estamos ainda em abril e em uma pandemia. É muito cedo”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Brasil
Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos
Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva
Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.
A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.
O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.
“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.
Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.
Agência o Globo
Brasil
Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta
Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida
Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.
Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.
Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.
“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.
Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.
Entenda o contexto
O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.
O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.
O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.
O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.
O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.
Agência o Globo
Brasil
Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias
Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.
“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.
O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.
Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.
Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.
“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.
A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.
Agência Brasil
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