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Após 15 anos, professores da rede particular anunciam paralisação

Greve tem como pretexto a alteração nos benefícios trabalhistas, com redução de recesso e de bolsas para filhos onde trabalham


Educação: após 15 anos, os professores da rede particular de ensino de São Paulo organizam uma paralisação para esta quarta-feira, 23 (Tiago Lubambo/Pick Imagem/Reprodução)

São Paulo – Após 15 anos, os professores da rede particular de ensino de São Paulo organizam uma paralisação para esta quarta-feira, 23, e podem até decretar greve geral. O motivo: a alteração nos benefícios trabalhistas, com redução de recesso e de bolsas para filhos onde trabalham. Nesta segunda-feira, 21, três colégios paulistanos – Equipe, Gracinha e Santa Clara – enviaram cartas aos pais, explicando os motivos do protesto, e informaram da suspensão das aulas. Docentes de pelo menos 32 escolas devem aderir ao ato.

Nesta quarta-feira, uma assembleia definirá se a categoria faz greve geral a partir do dia 28 – o que não acontece desde 2003, na época por reivindicação salarial. A convenção coletiva da categoria não foi renovada em março, após o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp) propor alterações, alegando dificuldades financeiras. O problema afetaria especialmente as escolas de menor porte e mensalidades mais baratas. O sindicato dos professores aprovou estado de greve há dois meses, quando o impasse se iniciou.

O sindicato patronal propôs a redução da bolsa de estudos de dois para um filho de professor e limitada àqueles que têm carga horária semanal de ao menos 10 horas; redução do recesso escolar do fim de ano de 30 para 20 dias e aumento do tempo de contratação de 22 para 60 meses para o direito à semestralidade (pagamento dos salários restantes em caso de demissão sem justa causa antes do fim do semestre letivo).

Com o impasse, o Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Sinpro-SP) recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP), e já foram feitas duas audiências de conciliação, sem acordo. Nesta segunda, o sindicato patronal informou que vai apresentar uma nova proposta com a redução do recesso escolar para 23 dias, a restrição das bolsas para um filho somente nas unidades com até 200 alunos e a extensão do prazo de 36 meses para a garantia de semestralidade.

Benjamin Ribeiro, presidente do Sieeesp, diz que as bolsas têm um impacto financeiro muito grande nas escolas menores e a redução do recesso é necessária porque as unidades têm poucos dias disponíveis para as formações continuadas e atividades de planejamento, pois 200 dias são necessariamente para atividades com alunos.

Mesmo sem um acordo sobre a convenção, alguns colégios já comunicaram a seus professores que vão manter os direitos. No entanto, mesmo os docentes dessas unidades, incluindo Escola da Vila, Vera Cruz, Alecrim, Ítaca e Oswald de Andrade, informaram que vão aderir à paralisação. Eles temem que, sem a convenção para a garantia desses direitos, eles possam ser cortados futuramente.

“Os professores não aceitam que esses direitos se tornem benefícios ofertados apenas por algumas escolas. Eles também querem que os direitos estejam assegurados, não adianta apenas a palavra”, diz Luiz Antonio Barbagli, presidente do Sinpro.

Apoio

Alunos e famílias também se manifestaram em cartas a favor da reivindicação dos professores. Pais do Colégio São Domingos, por exemplo, dizem apoiar o ato por entender que as mudanças influenciam negativamente na educação. “Sabemos no que isso acarreta: a precarização da atividade docente e a deterioração da qualidade do ensino, já que muitos se verão obrigados a procurar fontes de renda e de estabilidade.”

Pais da Escola Vera Cruz fizeram abaixo-assinado em apoio. “Sabemos que a escola já se comprometeu com a manutenção das condições da convenção atual para todos os seus profissionais e funcionários. Registramos aqui nossa admiração por essa postura e esperamos fortemente que ela se mantenha e inspire outras escolas a tomarem o mesmo posicionamento.” A Frente de Ação das Escolas Particulares – Inflama, grupo de alunos do ensino médio, também publicou carta de apoio. “Demonstramos e garantimos nosso total apoio à luta dos professores por seus direitos, que, por consequência, pertence a nós também. Não se faz educação sem professor.”

Já a Associação Brasileira de Escolas Particulares, que reúne alguns dos principais colégios da capital, diz que a maioria de suas associadas anunciou manter os direitos e, por isso, afirma que a paralisação nessas unidades não é razoável. “Nossas instituições de ensino respeitam e honram a atividade docente, garantindo condições de trabalho muito acima daquelas estipuladas em lei ou em convenções.”

Negociação

Com a reforma trabalhista, as categorias podem agora ficar sem uma convenção coletiva e as condições de trabalho serem negociadas caso a caso. Segundo Maria Lucia Benhame, especialista em Direito do Trabalho, a mudança na legislação permite que, independentemente do que for estabelecido pela convenção, as empresas estabeleçam acordos coletivos com seus funcionários. “Com a reforma, o acordo coletivo, que é a negociação da empresa com o sindicato, vale mais do que a convenção. Uma escola menor pode fazer a própria negociação, de acordo com a realidade financeira.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Taxa de desmatamento no Cerrado cai pela primeira vez em 4 anos

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Dados são do sistema Deter, do Inpe, e foram anunciados pela ministra Marina Silva

Joédson Alves/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento no Cerrado caíram pela primeira vez desde 2020 no primeiro semestre deste ano. As informações são do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgadas nesta quarta-feira pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

A área total desmatada de janeiro a junho de 2024 foi de 3.724 quilômetros quadrados. Esse índice vinha numa tendência de alta desde 2020, atingindo o ápice no primeiro semestre de 2023 – 4.395 – já durante a gestão do governo Lula. De 2023 a 2024, a a redução computada foi de 15%.

A ministra Marina Silva afirmou que os dados são um resultado do plano de combate ao desmatamento lançado em novembro do ano passado e da articulação do governo feita junto aos governadores da região. Em março, ela participou junto com outros ministros de uma reunião com os chefes dos Estados para tratar sobre estratégias de prevenir a devastação no Palácio do Planalto.

O corte da flora no Cerrado ocorre sobretudo nos Estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – área conhecida como Matopiba – e em mais de 40% dos casos tinha autorização dos governos estaduais.

“Esse é o primeiro número de redução consistente no cerrado, enquanto se consolida a tendência de queda no desmatamento da Amazônia”, disse o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco.

Considerados os maiores biomas do país, o Cerrado e a Amazônia somam mais de 85% da área desmatada no último ano, segundo estudo do MapBiomas. Em 2023, Cerrado superou pela primeira vez a Amazônia no tamanho de área desmatada – 1,11 milhão de hectares de vegetação nativa perdidos, o que equivalia a 68% de alta em comparação com 2022.

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram uma queda de 38% no primeiro semestre em comparação com 2023. Foram 1.639 quilômetros quadrados de área derrubada – o menor índice em sete anos.

Agência o Globo

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Deputados apresentam texto de regulamentação da reforma tributária nesta quinta

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Carnes na cesta básica, armas e carros elétricos no imposto seletivo ainda são dúvida

 

Plenário da Câmara dos Deputados durante a promulgação da reforma tributária ( Roque de Sá/Agência Senado)

 

Os deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária apresentam nesta quinta-feira, a partir das 10h, o parecer do primeiro projeto de lei que regulamentará a reforma tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que a votação do texto em plenário deve ocorrer na próxima semana.

Entre os pontos polêmicos com expectativa de acréscimo ao relatório estão: a inclusão das carnes na cesta básica, além da inclusão no imposto seletivo de itens como armas, carros elétricos e jogos de azar.

Lira indicou dificuldades para a inclusão da carne in natura na cesta básica de alimentos, com alíquota zero, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendido pelos deputados do GT. O presidente da Casa argumentou que a inclusão pode gerar impacto na alíquota padrão de referência. O Ministério da Fazenda previa que a taxa poderia subir de 26,5% para 27% com a adição.

“Nunca houve proteína na cesta básica. Mas, temos que ver quanto essa inclusão vai impactar na alíquota que todo mundo vai pagar”, afirmou Lira.

Para os parlamentares, porém, o aumento de itens no imposto seletivo poderá compensar a perda de carga tributária e garantir uma alíquota mais baixa. Os deputados chegam a prever um imposto de até 25%, a partir de 2033, quando todos os cinco impostos sobre consumo serão extintos.

Entenda o contexto

O primeiro texto da regulamentação da Reforma Tributária detalha a implementação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que juntos formaram o IVA (Imposto sobre Valor Agregado). O tributo vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS.

O atual texto de regulamentação da reforma tributária prevê que diferentes itens tenham a mesma alíquota padrão de imposto, como armas, munições, fraldas infantis, perfumes e roupas. Nenhum dos ítens estão na alíquota reduzida ou em regimes especiais. A proposta de regulamentação, porém, ainda será modificada por deputados do grupo de trabalho da Reforma Tributária.

O segundo texto, que deve ser apresentado nesta quinta-feira ao presidente Lira, trará os detalhes do funcionamento do Comitê Gestor, órgão que irá recolher e redistribuir o IBS a estados e municípios.

O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino. Hoje, os impostos recaem sobre os produtos na origem, ou seja, desde a fabricação até a venda final. Essa modalidade leva a um acúmulo das taxas ao longo da cadeia produtiva, deixando o produto mais caro.

O valor padrão do IVA ainda será definido e deve ser descoberto apenas um ano antes de cada etapa de transição. A transição entre sistemas começa em 2026, com a cobrança de apenas 1% de IVA. O valor vai aumentando ao longo dos anos seguintes, até chegar em 2033, quando todos os impostos sobre consumo serão extintos, e sobrará apenas o IVA. O valor cheio será definido em resolução do Senado Federal, que também determinará qual parcela cada ao CBS e qual será de IBS.

Agência o Globo

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Haddad anuncia cortes de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias

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Ministro diz que determinação de Lula é cumprir arcabouço fiscal

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante entrevista após reunião na residência oficial da presidência do Senado em Brasília, em 25/05/2023 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite desta quarta-feira (3), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que o governo prepara um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que abrangem diversos ministérios, para o projeto de lei orçamentária de 2025, que será apresentado em agosto ao Congresso Nacional. O corte ainda poderá ser parcialmente antecipado em contingenciamentos e bloqueios no orçamento deste ano.

“Nós já identificamos e o presidente autorizou levar à frente, [o valor de] R$ 25,9 bilhões de despesas obrigatórias, que vão ser cortadas depois que os ministérios afetados sejam comunicados do limite que vai ser dado para a elaboração do Orçamento 2025. Isso foi feito com as equipes dos ministérios, isso não é um número arbitrário. É um número que foi levantado, linha a linha do orçamento, daquilo que não se coaduna com os programas sociais que foram criados, para o ano que vem”, disse o ministro em declaração a jornalistas após a reunião.

O levantamento dos programas e benefícios que serão cortados foi realizado desde março entre as equipes dos ministérios da área fim e as pastas do Planejamento e da Fazenda. Além disso, bloqueios e contingenciamentos do orçamento atual serão anunciados ainda este mês, “que serão suficientes para o cumprimento do arcabouço fiscal”, reforçou o ministro.

Essas informações serão detalhadas na apresentação do próximo Relatório de Despesas e Receitas, no dia 22 de julho. “Isso [bloqueio] está definido, vamos ter a ordem de grandeza nos próximos dias, assim que a Receita Federal terminar seu trabalho”.

Haddad reforçou que o governo está empenhado, “a todo custo”, em cumprir os limites da lei que criou o arcabouço fiscal.

“A primeira coisa que o presidente determinou é que cumpra-se o arcabouço fiscal. Essa lei complementar foi aprovada no ano passado, a iniciativa foi do governo, com a participação de todos os ministros. Portanto, não se discute isso. Inclusive, ela se integra à Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas”, destacou o ministro da Fazenda.

A declarações de Fernando Haddad ocorrem um dia depois de o dólar disparar frente ao real, na maior alta em cerca de um ano e meio, no contexto de alta das taxas de juros nos Estados Unidos e também das críticas recentes do presidente brasileiro ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ao longo desta quarta, com novas manifestações de Haddad e do próprio presidente Lula, houve uma redução do nervosismo no mercado financeiro e o dólar baixou para R$ 5,56, revertendo uma cotação que chegou a encostar em R$ 5,70 no pregão anterior.

Agência Brasil

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