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Brasília

Anvisa adia votação sobre maconha para fins medicinais e para pesquisa

Propostas foram colocadas em consulta pública e receberam o apoio de 87% dos participantes do processo

Maconha: agência de vigilância sanitária analisa liberar a produção da planta para uso medicinal (Cyano66/Getty Images)

Brasília — A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) adiou a votação de resolução que permite o plantio da maconha para pesquisa e fins medicinais no País e da resolução que torna mais simples o registro do produto. A decisão foi tomada depois de quase três horas do início da reunião e após o relator da proposta, o diretor presidente da Anvisa, William Dib, ler seu voto, favorável, às duas medidas.

O adiamento é fruto do pedido de vista apresentado pelos diretores Fernando Mendes e Antonio Barra Torres. Nenhum dos diretores justificou o pedido de vista. Com a decisão, o tema deverá voltar à pauta da diretoria colegiada dentro de duas reuniões. Algo esperado para perto de um mês.

O texto das duas resoluções é discutido há cinco anos pela Anvisa. As propostas foram colocadas em consulta pública e discutidas em audiências. Das pessoas que participaram da consulta pública, 87% avaliaram que ela traria um impacto positivo para pacientes e para o País.

O presidente da Anvisa e relator do processo, William Dib, emocionou-se e chegou a chorar antes de iniciar a leitura de seu voto. “Pode não ser o tema mais importante, mas é o mais polêmico já enfrentado pela agência”, disse o diretor, que deverá deixar o cargo em dezembro.

A liberação do plantio da maconha para fins medicinais e para pesquisa é duramente criticada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.

As afirmações contrárias à aprovação começaram a ganhar corpo em junho, quando o ministro da Cidadania, Osmar Terra, disse que a medida poderia representar o primeiro passo para a liberação do uso recreativo da maconha.

Mais tarde, foi a vez de o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, mostrar resistência ao tema.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, também reforçou as críticas, sob a justificativa de não haver estudos científicos que comprovem a eficiência da terapia. Ele argumentou ainda que pesquisas poderiam ser feitas com a importação de substâncias extraídas do produto.

Dib, por sua vez, tornou-se ao longo dos últimos meses uma voz defensora da aprovação das resoluções e, em consequência, alvo de pressões do governo para mudar sua condução sobre o assunto. Antes da leitura do voto, que durou quase hora, Dibponderou que a Anvisa há tempos é cobrada pela sociedade para adotar um posicionamento sobre o tema. “Ou tomamos esse tema ou vamos ser sugados pelas ações civis, jurídicas e pela sociedade, exigindo nossa posição.”

O presidente da Anvisa lembrou que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) solicitou que a agência regulasse o tema, citou inúmeras ações judiciais que liberaram a plantação artesanal e, ainda, a movimentação no Congresso para elaboração de leis sobre o tema. Sinais, para ele, que a Anvisa estava deixando de cumprir o seu papel.

O relator citou a experiência dos Estados Unidos, que diante do aumento de casos de dependência de analgésicos derivados de derivados de ópio, tem buscado alternativas a produtos derivados da Cannabis. “É uma discussão que está começando. Estamos tentando colocar em prática algo que tem pouca sustentação científica, mas muitas evidências.”

Na leitura do voto, Dib lembrou ainda as inúmeras requisições feitas ao longo dos últimos anos no País para a importação de derivados de canabidiol, substância derivada da maconha. De acordo com ele, foram cerca de 13 mil pedidos, assinados por 1.200 médicos brasileiros. “Há uma demanda real para a prescrição. E esse pleito não poder ser entendido como uma excepcionalidade”, disse.

Ele observou ainda que o aumento das prescrições indica que na prática clínica as pessoas têm resposta para suas patologias com tratamento a base de Cannabis.

Antes da apresentação do voto, a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) fez uma manifestação favorável à aprovação. Disse usar há anos uma combinação de canabidiol e THC, (substâncias presentes na maconha), observou que estudos indicam que os derivados da Cannabis podem ter efeitos terapêuticos importantes e ressaltou a necessidade de se deixar de lado o preconceito antes de analisar o tema. “Não vamos acreditar numa fala vazia de que não há evidências”, disse.

Ela lembrou ainda que o produto poderia beneficiar cerca de 15 milhões de pessoas. “Eu uso há muitos anos e tenho uma saúde privilegiada diante da severidade da minha lesão”, completou.

Para ela, as críticas de que a maconha é uma das piores drogas que existem é feita por pessoas que pararam no tempo. “A gente não pode entrar numa conversinha. A Anvisa que trabalha com evidências”, disse.

Ela ressaltou ainda que uma eventual reprovação das resoluções significaria que o País ir na contramão de tendência mundial para investimento em pesquisas nessa área. “Tantos países que estão crescendo e revertendo desemprego por conta da plantação, comercialização e tenham acesso a medicamentos que não são caros.”

Também presente na reunião, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), defendeu o uso do canabidiol, mas foi contrário à permissão da plantação.

O senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) comparou a plantação da maconha às barragens da Vale, em Brumadinho. “Quem me garante que isso dá segurança? No papel é muito bacana, mas na prática é outra realidade”, disse.

Valentim deixou a Anvisa antes da votação, irritado com a fala de Norberto Fischer, que integra uma associação de pacientes que luta pela liberação do plantio para fins medicinais e para estudos científicos. Num discurso contundente, Fischer criticou a demora da Anvisa na análise do tema. “Os senhores sabem dos benefícios, da segurança dos dois processos”, disse.

Ele lembrou que mais de 40 países já regulamentaram o uso. Fischer classificou ainda como “medíocres” os argumentos de que a aprovação poderia aumentar o risco de pessoas virarem “maconheiras”. “Se forem usar esse tipo de desculpa infantil, medíocre, que achem um argumento melhor para pedir vistas ou para negar a autorização.”

Ele lembrou ainda que a Anvisa tem como suas atribuições a promoção da saúde.

 

Brasil

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Motoristas que passaram pelo local estranharam a fumaça preta que sai das torres, que se trata, na verdade, de uma simulação de incêndio

 

Fumaça no Congresso assusta brasilienses – (crédito: Redes sociais)

 

Uma fumaça no Congresso Nacional assustou os brasilienses nesta sexta-feira (21/6). Quem passou pelo local, observou uma fumaça preta saindo pelas torres do órgão e se preocupou. Vídeos gravados pelos moradores da capital mostram o momento, confira:

A fumaça se trata, na verdade, de um procedimento para exercício de enfrentamento de emergência, realizado pela Seção de Prevenção e Combate contra Incêndios do Departamento de Polícia Legislativa (Seprin/Depol) no Anexo I.

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBM-DF) confirmou que a fumaça se trata da simulação.

A data da simulação não foi incialmente anunciada e terá duração de aproximadamente duas horas. A energia do edifício foi desligada e não é autorizada movimentação de veículos no estacionamento até o término da ação.

Correio Brasiliense

 

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Brasília

Governo federal libera mais R$ 1,8 bilhão para ações de apoio ao RS

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Crédito extraordinário foi autorizado por meio de medida provisória

 

Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O governo federal liberou mais R$ 1,8 bilhão para ações de reconstrução no Rio Grande do Sul. A autorização do crédito extraordinário foi feita por meio da edição da Medida Provisória 1.223/2024, publicada na noite desta quinta-feira (23).

A MP entra em vigor imediatamente, mas precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional para não perder a validade.

A maior parte do montante irá para ações da Defesa Civil e o Auxílio Reconstrução, somando mais de R$ 1,4 bilhão. Os recursos autorizados hoje poderão também ser usados para volta das atividades de universidades e institutos federais, assistência jurídica gratuita, serviços de conectividade, fiscalização ambiental, aquisição de equipamentos para conselhos tutelares e atuação das polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.

No último dia 11, o governo federal já havia destinado R$ 12,1 bilhões, também por MP, ao estado, para abrigos, reposição de medicamentos, recuperação de rodovias e outros.

>> Veja como será distribuição do crédito extraordinário de R$ 1,8 bilhão:

– Retomada de atividades das universidades e institutos federais (R$ 22.626.909)

– Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita (R$ 13.831.693)

– Suporte aos serviços de emergência e conectividade (R$ 27.861.384)

– Ações de fiscalização e emergência ambiental (R$ 26.000.000)

– Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares (R$ 1.000.000)

– Ações da Defesa Civil (R$ 269.710.000)

– Auxílio Reconstrução (R$ 1.226.115.000)

– Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública (R$ 51.260.970).

De acordo com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o crédito visa atender “a diversas despesas relativas ao combate às consequências derivadas da tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul, tanto no aspecto de defesa civil e logística, como também o enfrentamento das consequências sociais e econômicas que prejudicam toda a população e os entes governamentais”.

No total, já foram destinados R$ 62,5 bilhões ao estado, arrasado pelas chuvas, conforme a Presidência da República.

Por Agência Brasil

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Senador abastece carros da família com verba pública; gasto por mês daria para cruzar 4 vezes o país

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) manteve perfil discreto desde que assumiu o cargo por ser suplente de Major Olímpio (do antigo PSL), que morreu em 2021 durante a pandemia vítima de Covid-19. Ele tem chamado atenção no meio político, porém, pela prestação de contas com combustíveis e seu périplo por restaurantes caros de São Paulo.

Levantamento da Folha de S.Paulo mostra que gastos de mais de R$ 336 mil abasteceram carros de Giordano, de seu filho e também de uma empresa da família. Com o combustível em preços atuais, o total seria o suficiente para dar 17 voltas na Terra. A média mensal de gastos com o item, de cerca de R$ 9.000, possibilitaria cruzar o país, em uma linha reta do Oiapoque ao Chuí, quatro vezes por mês.

O senador diz não haver irregularidade nos gastos e que não utiliza toda a verba disponibilizada. Ele ainda justifica o uso de veículos particulares para economia e afirma que o STF (Supremo Tribunal Federal) já arquivou questionamento sobre gasto de combustível. A apuração, porém, não esmiuçava todos os detalhes dos gastos do senador ao longo de três anos.

Os dados no site do Senado apresentam limitações por misturar despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação –uma minoria de senadores traz um detalhamento ampliado, o que não ocorre nos dados relativos a Giordano. Nessa categoria mais ampla, Giordano tem o sexto maior gasto desde que assumiu, com um total de R$ 515 mil. A reportagem localizou R$ 336 mil em despesas exclusivamente com postos de gasolina por meio da análise do nome dos estabelecimentos, que é de longe o maior entre senadores por São Paulo.

Pelo mesmo recorte, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL), por exemplo, gastou por volta de R$ 10 mil em postos de gasolina e centros automotivos nos últimos três anos. Já Mara Gabrilli (PSD) gastou R$ 26 mil. No caso de Giordano, a maioria das notas está concentrada no Auto Posto Mirante (R$ 183 mil), zona norte da capital paulista, região do escritório político e empresas da família do senador. Outro posto, o Irmãos Miguel consta de reembolsos que somam por volta de R$ 122 mil. O estabelecimento fica na cidade de Morungaba, de menos de 14 mil habitantes, no interior de São Paulo.

O lugar abriga o Hotel Fazenda São Silvano, do qual Giordano é dono. O senador não detalhou por qual motivo concentra tamanho gasto em combustível na cidade. A Folha de S.Paulo também encontrou gastos em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Todas registradas em finais de semana, quatro notas, totalizam gastos de R$ 1.200 no Auto Posto Ipiranguinha, que fica na rodovia Oswaldo Cruz –a reportagem localizou ação judicial do ano passado que cita um imóvel do filho de Giordano, Lucca, em condomínio a cerca de 2 km do local.

Em um dos domingos em Ubatuba, em janeiro de 2023, também foi registrado um gasto R$ 255 com um pedido de um abadejo para dois. Na época desse gasto, o Senado estava em recesso. A reportagem encontrou diversos gastos com refeições aos finais de semana, mesmo durante a pausa do Legislativo. As despesas do senador com alimentação chamam a atenção pela predileção por restaurantes caros, conforme foi revelado pelo Metrópoles.

Em março, há uma nota fiscal de R$ 681 da churrascaria Varanda Grill, na região da Faria Lima, que incluiu dois carrés de cordeiro por R$ 194 cada. Em 2022, o ressarcimento foi de R$ 810 na churrascaria Rodeio, em Cerqueira Cesar, com direito a uma picanha para dois no valor de R$ 385. A lista traz locais como Fogo de Chão, Outback, Jardim Di Napoli e Almanara.

A exigência não vai apenas para os pratos. Uma nota fiscal do restaurante Cervantes traz R$ 144 apenas em seis unidades de água, das marcas premium San Pellegrino e Panna. Em 2018, Giordano declarou R$ 1,5 milhão em bens à Justiça Eleitoral. Desafeto de Ricardo Nunes (MDB), Giordano levou para Guilherme Boulos (PSOL) seu apoio, mas também um histórico de polêmicas na política.

O caso mais ruidoso veio à tona em 2019, quando Giordano foi personagem de uma crise política no Paraguai envolvendo a usina hidrelétrica binacional de Itaipu. Segundo as investigações, o então suplente usou o nome da família Bolsonaro para se credenciar na negociação da compra de energia. Ele nega ter falado em nome do governo ou do clã Bolsonaro.

 

SENADOR DIZ QUE USA CARROS PARTICULARES PARA ECONOMIZAR

O senador Giordano afirma que os os gastos já foram analisados pelo Senado, pela Procuradoria Geral da República e pelo STF, sendo que os dois últimos arquivaram procedimento preliminar “por entenderem que não há qualquer ilegalidade nos apontamentos realizados”.

O MPF havia pedido à corte que intimasse o senador após apurar gasto de R$ 3,9 mil em gasolina e diesel em um só dia. O arquivamento aconteceu após explicação de que esse tipo de gasto se referia a 15 dias ou mais, e não a uma única visita.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, aceitou o argumento e ressaltou que os gastos não ultrapassam o limite mensal de R$ 15.000 para este tipo de item. Giordano diz que cota parlamentar contempla também de sua assessoria quando em atividade e afirma que “utiliza e disponibiliza para seus assessores, quando em apoio à atividade parlamentar, os veículos que possui”. Ele afirmou ainda que assessores utilizam, se necessário, os próprios veículos para deslocamentos no âmbito da atividade também.

A resposta aconteceu após a reportagem enviar quatro placas de veículos à assessoria de Giordano, no nome dele, do filho e de empresa da família, que constavam das notas. Ele justifica o uso dos automóveis para “evitar a ampliação do uso da verba de gabinete com aluguéis de veículos” e que os gastos nos postos citados ocorrem por questões logísticas. “Vale ressaltar que este parlamentar não utiliza toda a verba disponibilizada, tendo mensalmente sobras acumuladas”, afirma, em nota.

O senador ainda afirmou que atividade parlamentar não se restringe a dias úteis, “estando o parlamentar em contato constante com sua base para atender às demandas postas”. Giordano também afirmou que os gastos com alimentação ocorrem no exercício de atividades parlamentares e que as refeições mencionadas estão ligadas ao cumprimento do mandato, estando em conformidade com a lei.

A reportagem localizou recibos com placas de veículos em nome do filho do senador, Lucca Giordano, de empresa da família e do próprio parlamentar as notas citam o senador como cliente. A maioria dos comprovantes, porém, não especifica o carro abastecido.

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